Coluna Pisando Fundo, por Renan do Couto: É preciso fazer mais

Passado o primeiro evento das 6 Horas de São Paulo, é hora de fazer mais. É preciso fazer mais. Trazer mais coisas de Le Mans e de Sebring para cá, não só uma roda gigante, para levar quem realmente gosta de corridas para Interlagos

Em setembro do ano passado, após acompanhar de perto as 6 Horas de São Paulo, elogiei o evento. Para uma primeira edição, estava bem organizado, agradou às equipes e à FIA, foi um primeiro passo. Mas agora é preciso fazer mais para tornar a prova atrativa de verdade para os fãs, talvez seguindo um pouco mais o modelo do automobilismo norte-americano.

Neste fim de semana, em Sebring, conheci uma realidade completamente diferente. Já esperava encontrar um evento que aproximasse os fãs do espetáculo, bem ao estilo americano, mas não tanto assim. Tudo é feito para o público.

Mais do que visitação aos boxes: em Sebring, os torcedores podem se aproximar dos carros é no grid de largada (Foto: Facebook/Aston Martin)

A distribuição espacial do autódromo já evidencia isso. Todos os ingressos para as 12 Horas de Sebring dão acesso ao paddock, que fica entre o pit-lane e os boxes. Logo, todos os pilotos precisam passar pelo meio do público para chegar à pista. Até o banheiro é o mesmo para todos – e tinha gente que ficava esperando do lado de fora para tirar fotos dos pilotos quando estes terminavam suas necessidades; descobri isso quando saí do banheiro e fui fotografado.

No paddock, os espectadores encontravam de tudo. Várias opções de comida, e uma comida relativamente barata. Um pedaço grande de pizza, por exemplo, custava US$ 4, apenas. Mas não é só isso: as lojas de artigos de automobilismo ficaram bem movimentadas durante todo o fim de semana. Lá tinha todo tipo de item colecionável relacionado às corridas, da F1 ao endurance. Revistas, livros, camisetas, miniaturas, bonés, quadros, fotos, broches, adesivos, pôsteres, chaveiros, etc. Carros antigos estavam em exposição em vários pontos do autódromo, o Hall of Fame estava aberto para quem quisesse entrar.

O público também podia fazer sua própria festa, como os Monges Bêbados, que, certamente, foram tietados por muito piloto. Dá para montar trailers e fazer churrasco, não é preciso se preocupar com estacionamento – há lugares suficientes para todos. É uma festa que faz valer a pena viajar quilômetros para ficar um, dois, quatro dias em Sebring. Ir para lá passar férias.

Monges Bêbados de Sebring arrancam sorriso das pessoas no paddock (Foto: Renan do Couto/Grande Prêmio)

Falando em tirar férias, o seu Arédio, um engenheiro mecânico de Brasília, estava lá curtindo Sebring. Torcendo pela Corvette, viajou com a esposa, Rosimeire, pela segunda vez para assistir às 12 Horas. Seu Arédio disse que não há corrida como Sebring. Dona Rosimeire falou que, do que ela conhece no Brasil, apenas a Festa do Peão de Barretos é tão atrativa para o público.

Passado o primeiro evento das 6 Horas de São Paulo, é hora de fazer mais. É preciso fazer mais. Trazer mais coisas de Le Mans e de Sebring para cá, não só uma roda gigante, para levar quem realmente gosta de corridas para Interlagos. Outra coisa: em Sebring, havia poucas grid-girls, mostrando que não basta colocar mulheres com roupas justas para vender ingressos. Corrida não é Salão do Automóvel. É preciso levar famílias, crianças, adultos e idosos e permitir a essas pessoas que, com um ingresso, somente, possam ver a corrida e, sem precisar gastar fortunas, saiam da pista com lembranças, com camisetas, com bonés, com miniaturas, fazer com que as pessoas se interessem pelos carros e pelo espetáculo e, assim, voltem no próximo ano.

Coluna um pouco diferente
Normalmente, eu comentaria a etapa de Curitiba da Stock Car, vencida por Daniel Serra, mas, aqui dos Estados Unidos, não pude assistir à prova. Portanto, continuemos falando de endurance e das 12 Horas de Sebring.

 

Tréluyer, Jarvis e Fässler venceram pela primeira vez nas 12 Horas de Sebring (Foto: Facebook/Audi)

As 12 Horas de Sebring
Quem disse que só porque a corrida dura 12 horas ela não tem emoção? Os dois carros da Audi passaram metade de um dia na pista e a diferença entre eles no fim da corrida foi de apenas 7s. Os seis pilotos da montadora se alternaram na ponta e foi só com uns 20 minutos restando que a situação ficou um pouco mais confortável para Benoît Tréluyer, Marcel Fässler e Oliver Jarvis. Mas, não fosse um problema no Kers do carro #2 e uma punição, na minha opinião, injusta para Allan McNish, os vencedores seriam outros.

Lucas Di Grassi
Foi bem em sua estreia como piloto oficial da Audi. Talvez por conhecer menos a pista de Sebring do que conhece Interlagos, não foi o piloto mais rápido de seu trio, mas foi extremamente combativo durante a prova. Lucas dividiu curvas com Oliver Jarvis e chegou a liderar a corrida mais de uma vez. Está recebendo elogios de todos dentro da Audi, e Wolfgang Ullrich, o chefão da montadora, disse que o brasileiro tem potencial para se tornar um dos maiores do endurance. Está com moral. Sua próxima corrida será em maio, nas 6 Horas de Spa-Francorchamps. Depois, vêm aí as 24 Horas de Le Mans.

Bruno Senna
O fim de semana foi bem complicado para Bruno Senna. Primeiro, por causa virose que o derrubou e nem permitiu que ele fosse para a pista na sexta-feira, dia da classificação. Depois, por causa do problema no radiador ainda nas primeiras voltas da corrida, quando foi preciso trocar a peça para continuar na disputa. Mas Senna destacou o aprendizado, valioso para Le Mans. Após essa estreia difícil em Sebring, ele voltará a disputar uma corrida em 14 de abril: as 6 Horas de Silverstone, abertura da temporada do WEC.

Semana de testes
Senna e Di Grassi continuaram em Sebring nesta semana. Suas equipes testam por lá até quarta-feira, dando prosseguimento à preparação para Le Mans, antes de retornar à Europa.

Bruno Junqueira
Confirmado para a temporada 2013 da American Le Mans Series, o mineiro trabalha para ser campeão na categoria PC, formando parceria com o venezuelano Alex Popow, mas não descarta eventuais aparições em outras categorias, caso receba um bom convite. Em Sebring, Junqueira ficou mais de duas horas no volante depois da largada, e o desempenho de sua equipe estava bom. Porém, um problema na metade da prova minou as chances de vitória. No fim das contas, a RSR foi somente a quarta colocada na PC.

Até breve
Na sexta-feira, a Audi realizou um evento de mídia no qual ressaltou a importância que dá às 12 Horas de Sebring. Wolfgang Ullrich falou por quase meia hora da história da Audi nessa prova, desde 1999. Nos 14 anos que se passaram, foram 11 vitórias alemãs. A apresentação do Doutor Ullrich começou com uma foto de duas (belas) mulheres que estavam em Sebring para assistir à corrida. “Não encontramos isso em nenhum lugar”, brincou. Esse foi o último ano em que os LMP1 puderam competir na prova, devido à fusão da ALMS com a Grand-Am, que entra em vigor no ano que vem. Mas a despedida da Audi não teve um tom ‘adeus’, e, sim, de ‘até breve’. O chefão da marca disse que quer voltar, pois Sebring ajudou a mudar a imagem de sua empresa junto aos norte-americanos. “Nunca diga nunca”, falou.

Delta Wing
A Panoz apresentou, em Sebring, o modelo com capota do Delta Wing. Eu já tinha achado o carro cromado feio, com a capota ficou ainda mais esquisito.

De Leningrado
Saindo de Sebring, vim para São Petersburgo. Neste fim de semana tem a abertura da temporada da Indy, com cobertura ‘in loco’ do Grande Prêmio, que tá que tá nesse ano.

Com Bia
Está confirmada a presença de Bia Figueiredo no grid neste domingo. O cravador Américo Teixeira Jr. acertou mais uma. A brasileira deve competir também em São Paulo e Indianápolis, pelo menos. Assim, o Brasil terá três representantes na Indy em 2013: Bia e os veteranos Helio Castroneves e Tony Kanaan.

Bom retrospecto
Helio Castroneves é o único piloto que venceu mais de uma vez aqui em St. Pete. São três vitórias, em 2006, 2007 e 2012.

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