Montadoras do Mundial de Endurance se enfrentam na pista com diferentes conceitos de tecnologia híbrida

A preferência pelo Kers ou pela recuperação da energia térmica, a eficiência no consumo de combustível e a oportunidade de desenvolver novas tecnologias: com as novas regras introduzidas em 2014, Audi, Porsche e Toyota seguiram caminhos bem diferentes

Audi, Porsche e Toyota: três montadoras e três conceitos diferentes de tecnologia híbrida se enfrentam nas corridas do Mundial de Endurance. Com a valorização da importância deste fator no desempenho dos carros graças ao novo regulamento técnico introduzido em 2014, cada uma das marcas da LMP1 preferiu adotar caminhos diferentes.

A Toyota, líder do campeonato e virtual campeã — basicamente, precisa cruzar a linha de chegada para conquistar o título em Interlagos —, decidiu investir em um sistema de recuperação de energia cinética. Seus dois Kers são extremamente potentes e ajudam o TS-040, dotado de um V8 aspirado de 3,7 L a ter mais de 1000 cavalos de potência.

A Porsche tem um pensamento um pouco diferente e, embora faça uso de um Kers, também tem MGU-H para recuperar a energia térmica do turbocompressor — semelhante ao que há no Mundial de F1 —, que soma ao propulsor V4 de 2,0 L.

Audi e Toyota foram as marcas que venceram corridas até aqui em 2014 (Foto: Audi)

Essas duas marcas estão incluídas na classe de 6 MJ — que permitiu o uso de até 6 MJ extra de potência por volta durante as 24 Horas de Le Mans, e proporcionalmente nas demais etapas. A Audi, por sua vez, conta com apenas um motor híbrido que é baseado no movimento das rodas, o Flywheel. Assim, o time de Ingolstadt ficou na classe de 2 MJ e tem o protótipo mais lento em ritmo de classificação, mas seu V6 turbo de 4,0 L segue eficiente nas corridas — tanto que a marca venceu em Le Mans neste ano.

“A escolha correta é a que dá a melhor eficiência no tempo de volta. Quando não estiver mais sendo eficiente, é aí que vamos precisar mudar”, disse Pascal Vasselon, diretor-técnico da Toyota.

Alex Hitzinger, diretor de engenharia da Porsche, tem um pensamento diferente. “Tudo depende do peso. Quanto mais eficiente o peso das unidades de armazenamento e do sistema híbrido é, maior o sistema híbrido pode ser e maior é a vantagem no tempo de volta. É tudo definido por peso”, afirmou.

“Se você tem dois Kers, você tem dois níveis de recuperação, então precisa recuperar energia em uma taxa muito alta e terá muita potência. Então precisará de uma unidade de armazenamento muito grande. No nosso caso, temos uma bateria de lítio que ainda tem uma densidade de potência muito boa, mas muito mais alta que a de outros. Para nós, é a melhor relação, pois nos dá mais flexibilidade é a mais leve”, comparou Hitzinger.

Chris Reinke, comandante da operação de LMP da Audi, ressaltou que “a principal coisa é a eficiência”, que isso é “exatamente o que a Audi quer”.

As imagens do Mundial de Endurance
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Como os sistemas híbridos se comportam em Interlagos

O circuito paulistano é o que propicia a menor vantagem para a Toyota. Como há menos freadas fortes e apenas duas retas longas, a vasta potência do TS-040 acaba não surtindo tanto efeito. Não que isso tenha sido decisivo para a dobradinha da Porsche no grid de largada, afinal, foi a quarta pole da marca alemã no ano, mas o modo como o esquadrão do 919 dominou também os três treinos livres indica um cenário um pouco diferente.

Além disso, a marca japonesa sofre um pouco com a altitude. Como corre com um motor aspirado contra os turbo da Porsche e da Audi, acaba perdendo cerca de 10% de potência devido à altura em relação ao nível do mar, de acordo com Vasselon. São Paulo é a cidade mais alta do calendário de 2014 do WEC. Em 2012, quando o time venceu em Interlagos, o prejuízo era menor porque os R18 e-tron quattro usavam restritores de ar para fins de equalização. Neste ano, a equalização é feita a partir da quantidade de combustível.

É esse cenário que dá à Porsche, que também conta com o MGU-H  para recuperar energia térmica, e à Audi, que tem um motor a diesel bastante eficiente, a esperança de, quem sabe, desafiar. Para a Porsche, as 6 Horas de São Paulo começam como a maior — e a última — oportunidade de vencer na temporada do retorno à LMP1.

GRANDE PRÊMIO cobre 'in loco' o Mundial de Endurance em Interlagos com os repórteres Renan do Couto e Gabriel Curty e o blogueiro Rodrigo Mattar. Acompanhe o noticiário aqui.

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