Desempenho de Vergne em Paris sintetiza temporada e mostra que Bird precisa de instinto assassino para ter chance

Jean-Éric Vergne mostra cada vez mais que é um novo piloto. Sem passar da conta, faz exatamente o que dá: sempre o necessário e sem erros, mesmo quando gostaria de ser mais veloz que a máquina, um problema que sempre teve. Se Sam Bird não mostrar mais sede de sangue que em Paris, então Vergne será mesmo campeão

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Velocidade para anotar a pole-position, perfeita noção espacial e da pista para se defender e conter as ameaças que tentam tomar a nobreza da liderança e a capacidade de administrar com extrema parcimônia quando a oportunidade se apresenta. Jean-Éric Vergne desfilou em Paris os predicados que, em maior dose, fazem dele líder do campeonato e cada vez mais favorito para ser campeão da Fórmula E

 
Vergne mostrou tudo em Paris. Ou ao menos tudo que usa para abrir vantagem na ponta do campeonato sem precisar de estardalhaços. A pole foi conquistada para cima de Bird com uma volta quase perfeita, com extrema superioridade. JEV largou bem e abriu, mas Bird tinha um bom carro. Durante o primeiro stint na pista, a primeira metade da corrida efetivamente, Bird ficou grudado em Vergne. Tentou passar de verdade uma vez só, quando o francês defendeu com tranquilidade e resolveu parar nos boxes para trocar o carro.
 
Bird foi junto. Tinha condições de mais uma volta na curta pista parisiense, mas foi para a mesma estratégia após passar uma longa sequência de voltas grudado sem fazer grandes movimentos. Bird contou com o status quo na segunda metade da prova, mas Vergne esticou. Tinha um carro melhor, assim como André Lotterer e Lucas Di Grassi.
 
Vergne abriu o suficiente. Especialmente após Lotterer passar por Bird e de Bird tentar responder e quase abandonar a prova por um toque perigoso que deu no rival. O francês tinha um escudeiro e se concentrou em manter a ponta enquanto poupava todo o equipamento. O inferno se abriu atrás de Vergne na última volta, mas não passou sequer perto de atingi-lo. Em casa, a glória.
 
É ótimo vencer, evidente, e ter 31 pontos de vantagem na liderança é fundamental. Vergne é quem mais venceu no campeonato, mas a ponta do campeonato não é construída pelas vitórias. Ao menos não nesse caso. A ponta é reforçada pelas vitórias. Até porque essa é a primeira vez na temporada que Vergne tem mais vitórias que seus rivais na briga pelo título, mas quando Rosenqvist era quem vencera mais vezes ou quando havia empate triplo entre os dois e Bird, ora, Vergne liderava da mesma forma.
Vencedor em casa (Foto: FE)

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Vergne vence quando pode. Quando não pode, não erra. Se aproxima, vai onde é possível e pontua. São oito corridas na temporada, e Vergne ficou no top-5 em todas elas. Além das três vitórias, apenas um outro pódio. Foram três P5 e um P4. Regularidade. Quando tudo vai mal, como em Roma, que Vergne chegou a andar em nono e precisava ultrapassar, atende ao chamado da necessidade. Vergne errou na primeira tentativa de passar Sébastien Buemi, mas passou depois. E herdou colocações de outros, como o ex-rival da luta pelo título, Rosenqvist, que viu sua Mahindra parar na pista de novo. A Techeetah, uma novata no ramo do automobilismo, quase nunca comete erros. 

Sem ser campeão desde a F3 Inglesa de 2010, então aos 20 anos de idade, Vergne se mostra uma personalidade nova. Piloto afeito às chuvas e trovoadas, que sempre tentava colocar o nariz do carro onde não era chamado e também não cabia, muitas vezes mais rápido que os carros que guiava, agora é outro sujeito. Opera em manobras limpas, sem erros, sempre que necessário. Se está atrás e não dá para passar, fica atrás; se der, passa. 
 
É um novo Vergne, que guia como um campeão e que deve se agarrar para o resto da carreira a este novo estilo e pedir um sonoro "ne me quitte pas" para não ser abandonado jamais. 
"É uma sensação incrível. Incrível vitória aqui em Paris, na minha corrida de casa. Não podia ser nada melhor que isso. Obrigado, Paris, foi demais", comemorou. Sobre uma caminhada tranquila após defender o ataque único de Bird, concordou e agradeceu. "Foi bom pelo resto da corrida, mas eu vi meu companheiro andando rápido enquanto eu controlava a energia. Nas últimas voltas eu estava basicamente reaproveitando energia. O time fez um excelente trabalho. Roma não foi bom para mim, então vir aqui a Paris e ganhar desse jeito é absolutamente incrível."

Por fim, colocou a prova como a melhor da carreira. "Ganhar bem e em casa, acho que posso dizer que foi a melhor corrida da carreira.

Sam Bird comemora o pódio conquistado de última hora (Foto: DS Virgin)

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Na cola?

 
Bird chegou a sonhar em descontar de vez a diferença após anotar uma boa volta na classificação. Afinal, já havia vencido a última prova e agora a diferença que quase chegou aos 40 passara a ser de 18 pontos. Mas Vergne ficou com a pole. Tudo bem, ele parecia mesmo ter o melhor carro em ritmo classificatório. 
 
O pecado maior de Bird não está lá. Está na corrida. Quando a DS Virgin avisou no rádio e para o mundo inteiro ver que ele tinha todo o necessário para atacar Vergne se assim desejasse, o que se esperou foi uma manobra para assumir o controle da corrida. Bird ficou ali, grudado e sem nenhuma menção de mergulhar, um arame liso dos maiores. Fez uma tentativa, já na volta 24, e foi contido até que com facilidade por Vergne.
 
Segundos depois, ambos foram para os boxes. Bird não atacou antes e não atacou depois, o que foi um tanto quanto imperdoável. Por que, então, não tinha condições de ficar na pista por ao menos mais uma volta, já que era mais rápido que Vergne? Se achou que não dava para girar mais uma vez no curto traçado de Paris, por que não dava? Não houve ataque efetivo por voltas.
 
Bird é um bom piloto e faz ótima temporada, mas precisa ter sede de sangue se quiser ter alguma chance de título. Sim, ele leva vantagem na pista de Nova York, é verdade. Mas Vergne não precisa mais vencer. Pode tranquilamente administrar o campeonato e se dar ao luxo de vencer a guerra mesmo concedendo batalhas. Sangue, Bird. Instinto assassino. É isso ou nada.

Após a prova, Bird falou mais do incidente com André Lotterer, que, mesmo sem bateria, tentou se mexer na pista para evitar uma ultrapassagem certa e causou um acidente entre os dois. "Não sei o que pensaram vendo de fora, mas você não pode mudar de direção quando um carro é muito mais rápido que você desse jeito. Se você ficou sem energia, azar, mas não pode fazer isso. Então eu fiquei decepcionado pelo estilo como ele [Lotterer] guiou e com o carro, mas feliz com o pódio. 

O pódio de Paris (Foto: Audi)
Longe da briga pelo título, Di Grassi demorou cinco corridas para pontuar, mas já soma três pódios seguidos e 58 pontos em quatro corridas. É o quinto colocado do campeonato e ainda tem chances reais de superar Sébastien Buemi pelo quarto lugar e até Rosenqvist pelo terceiro. 
 
O atual campeão comemorou o pódio, mas também teceu críticas a Lotterer.
 
"Não estou frustrado. Tive uma boa corrida, comecei sendo muito conservador na primeira metade e ataquei muito na segunda", apontou. "Mas a forma como André se comportou na corrida hoje não foi profissional comigo e com Sam. Comigo, definitivamente. Duas vezes ele me empurrou na direção do muro. Depois acabou ficando sem energia. Não dá para se comportar pior.
 
"Estou feliz em sair de sexto para segundo, conseguir o terceiro pódio seguido. Não tivemos uma classificação muito boa, então por isso acabamos sem brigar pela vitória. E aqui é muito difícil de ultrapassar, embora eu tenha conseguido três vezes. Estou feliz", encerrou.
Nelsinho Piquet (Foto: Jaguar)
Nelsinho Piquet teve um dia difícil. Bateu nos dois treinos livres e não conseguiu participar da classificação. Ainda na primeira parte da prova abandonou de novo. A justificativa, assim como em Roma, é que o cinto de segurança do carro da Jaguar soltou sozinho. 
 
"A Jaguar fez um bom trabalho para recuperar o carro a tempo de disputar a corrida. Mas infelizmente pela segunda corrida seguida fiquei solto dentro do carro. Agora é pensar na próxima etapa", afirmou.

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