“Ele fala muita besteira e não teve ética”. “Ele pode cacarejar a asneira que quiser”. E a rivalidade Di Grassi × Piquet pega fogo

O fã de automobilismo é ávido por grandes duelos e grandes rivalidades. E uma está cada vez mais quente na F-E. A três corridas do final, dois brasileiros são fortes postulantes ao título e lutam, contra Sébastien Buemi, pela honra de colocar o nome na história como campeão do primeiro campeonato de carros elétricos. O GRANDE PRÊMIO traz entrevistas exclusivas com eles, Lucas Di Grassi e Nelsinho Piquet

Há rivalidades de todos os tamanhos no automobilismo, do kart à F1. Seja por um toque, uma provocação, uma disputa por lugar ou a batalha por um título. E nada tem potencial para conferir grandeza a uma rixa do que esta última. Ainda mais se o título em questão permitirá ao vencedor se colocar na história como o primeiro campeão de um campeonato de carros elétricos. É o que acontece com Lucas Di Grassi e Nelsinho Piquet na F-E em 2015.
 
O histórico é antigo, vem desde o começo das carreiras de ambos, inclui briga por vaga em uma equipe de F1 e tem seu ápice agora, na F-E.
 
Nas últimas etapas, Piquet arrancou e se tornou um dos principais postulantes ao título. Assumiu a liderança após a etapa de Berlim, em 23 de maio, com a desclassificação de Di Grassi por uma irregularidade no carro.
Clima ficou tenso entre Di Grassi e Piquet na classificação para o eP de Mônaco (Foto: Reprodução/Twitter)
Em sua versão da punição, Di Grassi argumentou que se tratou de um reparo “de boa fé” feito por um mecânico que em nada impulsionou o desempenho.
 
Mas o caso não passou sem uma alfinetada de Piquet, que após a corrida agradeceu sua equipe por lhe dar um “carro dentro das regras”.
 
Também no fim de semana, em um vídeo promocional da F-E, a dupla falou sobre a rivalidade. Piquet falou que Di Grassi nunca brigou por títulos desde que correm juntos, ao passo que Di Grassi acusou Nelsinho de reclamar de tudo o tempo todo.
 
O resgate da rivalidade
 

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Quando se compete um contra o outro há muitos anos, é ainda mais normal o surgimento de uma rivalidade. Com Piquet tendo 29 anos e Di Grassi, 30, eles quase sempre dividiram as pistas de kartódromos no Brasil e de autódromos pelo mundo afora. Também dividiram os boxes da equipe Renault na F1.

 
Ambos integraram o programa de desenvolvimento da Renault e foram pilotos de testes da equipe. Nelsinho, vice-campeão da GP2 em 2006, perdendo para Lewis Hamilton, ganhou sua chance antes, na temporada 2008. Teve um começo difícil na categoria e pegou no tranco na segunda parte do ano, com um pódio no GP da Alemanha e um quarto lugar no Japão.
 
E, então, aconteceu o momento que marcou sua carreira: a batida proposital no GP de Cingapura. Ameaçado por Flavio Briatore e Pat Symonds de perder a vaga, concordou em executar o plano. Di Grassi, 11 meses depois, quando o escândalo foi revelado, ficou com a certeza de que foi prejudicado. Ele tinha um acordo encaminhado para virar titular no ano seguinte, que deu para trás após aquele dia. Só foi estrear em 2010, pela Virgin, onde correu por um ano.
 
Os anos se passaram, e cada um tomou seu rumo. Um foi para os Estados Unidos na Nascar e descobriu o mundo do ralicross; o outro seguiu na Europa, contratado pela Audi, para correr no Mundial de Endurance. Até que os caminhos se cruzaram uma vez mais na F-E.
 
Piquet venceu a quinta corrida do campeonato, em Long Beach, e cresceu na briga. Na prova seguinte, em Mônaco, a faísca caiu sobre o barril de pólvora: ele se sentiu atrapalhado por Di Grassi em sua volta rápida, e os dois discutiram diante das câmeras de TV. Assim a história chega de volta ao fim de semana em Berlim.
(Arte: Rodrigo Berton)
Di Grassi: “Ele fala muita besteira, então ajuda a criar esse tipo de controvérsia”
 

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Para Di Grassi, o motivo pelo qual a rivalidade com Piquet ressurgiu nos últimos meses é porque o adversário fala demais – e fala “muita besteira”.

 
“A categoria tem usado bastante essa rivalidade entre mim e o Nelsinho para se promover. Faz parte. Além de um esporte, é um evento, é um entretenimento, mas o Nelsinho tem facilitado isso porque tem falado muita besteira. Ele fala muita besteira, e fala bastante, então ajuda a criar esse tipo de controvérsia", repetiu Lucas em entrevista ao GRANDE PRÊMIO. "Em Mônaco, ficou reclamando que atrapalhei a classificação dele. Daí agora em Berlim, ninguém atrapalhou nada e ele ficou lá atrás."
 
Di Grassi lembrou a disputa que vem da época do kart. "Temos praticamente a mesma idade, eu, ele e o Senna. O Bruno é muito meu amigo, a gente mora aqui em Mônaco, se vê bastante, treina junto, gosto bastante do Bruno. Mas o Nelsinho tem alguma birra", falou. "Desde o começo, ele sempre procurou ter essa disputa comigo. E quando fiz a minha carreira, sempre tive que disputar com sobrenomes fortes, então sempre disputei com Piquet e com Senna”, disse o piloto da Audi, falando do bom e do melhor que o rival teve ao dispor. “O Piquet tinha equipe própria, sempre teve a Piquet Sports, sempre o pai dele pagou tudo, sempre teve os melhores equipamentos, sempre teve tudo. Eu, não. Eu tive que sair do zero — meu pai não é ex-piloto — e construir a minha carreira.”
 
E segundo Di Grassi, “antes de falar as besteiras que fala”, Nelsinho deveria olhar para o próprio passado e lembrar do que fez em Cingapura.
 
“Se alguém não teve ética ou respeito pelos outros pilotos ou o mundo do automobilismo, foi ele quando teve aquela atitude. Eu tenho respeito, quero uma disputa de título limpa. Sempre disputei, na minha vida sempre tive atitudes limpas e quero que isso continue sempre. Nunca faria algo como ele fez, e espero que isso não aconteça na F-E”, criticou.
 
Por fim, ao ser perguntado sobre o que pensa de Nelsinho como piloto e como pessoa, elogiou-o apenas no primeiro item. “Eu o acho um bom piloto. Sem dúvida, a categoria tem pilotos de alto nível e um grid muito forte. Quem é melhor e pior, varia do dia e do carro, de uma série de fatores”, afirmou, para então aumentar o tom. “E ele, como pessoa, não se alinha com os meus valores. Sempre trabalhei duramente, nunca tive nada de mão beijada, ao contrário dele. Sempre fiz a minha carreira a partir do nada, então o jeito que ele fala nas entrevistas e se comporta não é alinhado com os meus valores e o jeito que eu vejo o automobilismo como profissão para mim.”
Piquet: "Não levo desaforo para casa e não gosto de politicagem nem falsidade"
 
Nelsinho diz e repete não querer confusão. E segue sua linha de ação, elogiando o trabalho da equipe e agradecendo às seguidas eleições para o FanBoost, que o colocou como o mais agraciado da F-E nesta primeira temporada. Mas a “personalidade forte” que ele mesmo assume ter transparece.
 
A mesma pergunta foi feita: o que pensa de Di Grassi como piloto e como pessoa? "Todo mundo sabe: tenho personalidade forte, não levo desaforo para casa e não gosto de politicagem nem falsidade. Eu sou um piloto de poucos amigos, mas amigos em quem posso confiar para o resto da vida, tanto na pista quanto na minha vida pessoal. E obviamente o Lucas nunca foi uma dessas pessoas”, avaliou Piquet ao GP. Já o piloto… “Também prefiro não comentar. Acho que o GRANDE PRÊMIO tem jornalistas capazes de avaliar os campeonatos que ele ganhou ou deixou de ganhar ao longo da carreira e chegar às suas próprias conclusões.”
(Arte: Rodrigo Berton)
Piquet entende que o aproveitamento da rivalidade como ferramenta de promoção da F-E cabe à própria organização e não demonstrou se opor. "A categoria sabe o que faz, e tem sido um sucesso em termos promocionais por onde passou. No meu caso, eu sigo minha linha, com foco no meu trabalho e no trabalho do meu time. Não estou preocupado com os outros e acredito que os resultados do Fan Boost mostram que estou no rumo correto", disse.
 
O piloto também garante que está concentrado o bastante para não se deixar distrair por referências como aquele GP de Cingapura. “Já deixei claro pela minha assessoria que não quero entrar em polêmica. Pode cacarejar, espernear ou vomitar a asneira que for: é problema dele, não vou responder. Os torcedores que votam em mim no FanBoost não merecem que eu baixe o nível e me recuso a fazer isso em respeito à F-E”, declarou.
 
“Também sobre Cingapura, o que eu tinha para falar já disse e repito há cinco anos: errei, estava cercado das pessoas erradas, era muito jovem e deixei que me pressionassem. Fiz a escolha errada, pedi desculpas aos fãs e já paguei o preço. Não posso passar o resto da vida crucificado por um erro cometido aos 22 anos de idade. Sei que vão tentar usar isso para me desestabilizar e não vai dar certo. Na minha cabeça, o episódio está superado faz tempo”, defendeu-se.
 
De todo modo, Nelsinho disse que não vê muito a rivalidade com o compatriota como a de Lewis Hamilton e Nico Rosberg na F1. Tanto que, para ele, será outro o seu maior rival na luta pelo título da temporada inaugural da F-E. “Meu principal concorrente pelo título acredito que será o Sébastien Buemi. Está em uma equipe muito forte e ganhou duas corridas já.”

O próximo capítulo

A temporada da F-E tem sequência no próximo dia 6 de junho, com prova nas ruas de Moscou, e a última etapa, em formato de rodada dupla, será no fim do mês que vem em Londres. Piquet tem 103 pontos, seguido por Buemi, que tem 101, e Di Grassi aparece em terceiro com 93. Ninguém esperava que a categoria dos carros que não fazem barulho fizesse tanto barulho com uma rivalidade que, ao que se apresenta, se não é a maior, é uma das maiores do automobilismo atual.

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