Análise: como cada equipe chega ao fim da pré-temporada do Mundial de F1

A Mercedes sobrou nos tempos e na quilometragem percorrida nos 12 dias de testes da F1 durante esta pré-temporada; Williams, Red Bull e Ferrari prometem uma briga acirrada pelo segundo posto; e a McLaren Honda corre atrás do tempo para resolver seus problemas o quanto antes. Confira um resumo dos testes de pré-temporada

 A pré-temporada da F1 terminou. Foram 12 dias de pista em que as equipes se concentraram em diferentes programas para avaliar os carros com os quais vão disputar a temporada 2015.

E é justamente pelos diferentes programas que é difícil se tirar conclusões a respeito do que acontecerá no campeonato. Os pneus usados em cada volta, bem como a quantidade de voltas em um stint, passam uma noção. Mas, no fundo, ninguém sabe exatamente o que cada time fez. Esse ponto vale especialmente para as quatro equipes que, espera-se, formarão o G4.

Como fez depois das duas primeiras baterias de testes, o GRANDE PRÊMIO traz um análise equipe por equipe, com as escuderias ordenadas pela quilometragem percorrida, do trabalho realizado na pré-temporada. Agora, restam poucos dias para que tudo seja preparado na fábrica e despachado para Melbourne, na Austrália. Daqui a 15 dias, a largada para a primeira das 20 — ou talvez 19 — etapas do Mundial de F1 será dada.

Rosberg foi o piloto que mais andou nos testes de pré-temporada (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

MERCEDES
P1 Nico Rosberg — 759 voltas — 3463 km
P8 Lewis Hamilton — 533 voltas — 2434 km
P18 Pascal Wehrlein — 48 voltas — 223 km
Total da equipe: 1340 voltas — 6121 km

O campeonato é da Mercedes, não tem como fugir muito disso. A confiança é tão grande que a equipe sequer testou com os pneus supermacios e mesmo assim foi mais rápida que todas as adversárias. Nico Rosberg fez, na sexta-feira em Barcelona, o melhor tempo da pré-temporada: 1min22s792. Superou a Williams de Felipe Massa por 0s7 com os pneus macios — e a diferença pode ser até maior que essa. Os 6121 km equivalem a aproximadamente 20 corridas. A única coisa é a confiabilidade: nos testes, a equipe não se mostrou inteiramente livre dos problemas. Por outro lado, Toto Wolff disse que foram usados apenas uma unidade de força durante toda a pré-temporada — apenas substituindo alguns componentes. A Flecha Prateada está outra vez muito à frente dos demais.

Preparar-se melhor para estrear na F1 teria sido difícil, disse Felipe Nasr (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

SAUBER FERRARI
P2
Felipe Nasr — 649 voltas — 2976 km
P5 Marcus Ericsson — 596 voltas — 2732 km
Total da equipe: 1245 voltas — 5709 km

É na confiabilidade do C34 que precisa residir a confiança da Sauber nas chances de uma grande temporada em 2015. A equipe foi a segunda que mais andou na pré-temporada, atrás somente da Mercedes. Felipe Nasr, o estreante brasileiro, também foi o segundo que mais andou. Em termos de tempos, a volta de Felipe em Barcelona na última semana foi a sétima melhor dos testes, mas não há motivo para muita animação com ela. O próprio time sabe que não está à frente, por exemplo, da Red Bull. A esperança é chegar a Melbourne brigando no meio do grid e já com a chance de quebrar o jejum de pontos que já dura desde 2013.

Max Verstappen fez uma boa preparação para a estreia na F1 (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

TORO ROSSO RENAULT
P3
Max Verstappen — 617 voltas — 2834 km
P6 Carlos Sainz Jr. — 589 voltas — 2700 km
Total da equipe: 1206 voltas — 5534 km

Essa é outra equipe que tira da confiabilidade apresentada nos testes um motivo para comemorar. Primeiro, porque este foi um problema grave na temporada passada. Segundo, porque precisava preparar bem seus jovens pilotos para a temporada. Max Verstappen e Carlos Sainz ficaram em terceiro e sexto, respectivamente, na quilometragem percorrida pelos 22 que andaram na Espanha. No último teste, a mudança no bico, que se tornou mais curto, também provocou uma série de mudanças no restante do carro — toda a aerodinâmica é impactada quando se mexe na dianteira do bólido. A meta estabelecida é terminar o Mundial de Construtores na quinta posição, e para isso o que se cobra é que Max e Carlos estejam nos pontos em todas as corridas.

Sebastian Vettel tem seus motivos para sorrir na Ferrari (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

FERRARI
P4
Sebastian Vettel — 602 voltas — 2834 km
P7 Kimi Räikkönen — 580 voltas — 2655 km
Total da equipe: 1182 voltas — 5423 km

Nos tempos da última semana em Barcelona, Kimi e Vettel ficaram em quinto e sexto. Nos dois últimos dias, o programa foi semelhante ao da Williams, com os pilotos usando pneus macios e supermacios na última hora da manhã simulando classificações. E a Williams levou a melhor nas duas — ainda que só por 0s014 no sábado. No domingo, ficou a impressão de que Vettel atacou demais com os supermacios no começo da volta e perdeu fôlego no final. De qualquer forma, o motor está melhor e o chassi também. Sob o comando de James Allison, o departamento técnico foi capaz de produzir um pacote superior para 2015. A meta é de duas vitórias — e o que dá para dizer no momento é que certamente há potencial para mais do que os dois pódios conquistados por Fernando Alonso no ano passado.

A Williams fez bons tempos e não teve problemas nos testes de pré-temporada (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

WILLIAMS MERCEDES
P9
Felipe Massa — 492 voltas — 2258 km
P10 Valtteri Bottas — 491 voltas — 2243 km
P20 Susie Wolff — 86 voltas — 400 km
Total da equipe: 1069 voltas — 4913 km

A Williams fez uma pré-temporada de certa forma discreta. Na quilometragem, o time ficou só na quinta posição entre as nove escuderias. O programa seguido foi bastante rígido. Como descreveu Pat Symonds, com as restrições de testes que existem na F1 “é preciso ser muito disciplinado”. Nos tempos, porém, o time repetiu 2014: ficou no top-4 com seus dois titulares. A Ferrari se aproximou com Kimi Räikkönen no sábado, mas a Williams está confiante de que melhorou os pontos mais fracos do carro e terá a chance de aparecer bem em um número maior de circuitos. Problemas de confiabilidade não ocorreram. O principal, no entanto, é a confiança. Todos se sentem muito mais preparados do que no início do ano passado. É uma equipe grande de novo.

A Red Bull tem seus problemas, mas não pode ser descartada (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

RED BULL RENAULT
P11
Daniel Ricciardo — 486 voltas — 2243 km
P13 Daniil Kvyat — 457 voltas — 2109 km
Total da equipe: 943 voltas — 4352 km

Problemas de confiabilidade, principalmente no ERS da Renault, complicaram a vida da Red Bull nos testes. No primeiro teste, em Jerez, e no último, em Barcelona, tempo precioso foi perdido nos boxes para reparos. Essa foi uma equipe que não mostrou seu verdadeiro potencial na pré-temporada. Fez algumas voltas mais rápidas com pneus macios na segunda semana de treinos coletivos, quando ficou no mesmo nível de Williams e Ferrari, mas não mais do que isso. Na terceira semana, concentrou-se em long-runs e simulações de corrida. Não seria surpresa alguma ver a tetracampeã mundial aparecendo em Melbourne como a segunda força, porém o desempenho do time especialmente na comparação com as concorrentes do segundo escalão ainda é uma incógnita.

Pastor Maldonado disse que o motor Mercedes é muito melhor que o Renault (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

LOTUS MERCEDES
P12
Pastor Maldonado — 486 voltas — 2243 km
P14 Romain Grosjean — 355 voltas — 1640 km
P21 Jolyon Palmer — 77  voltas — 358 km
Total da equipe: 918 voltas — 4230 km

Sétima equipe que mais andou nos testes, a Lotus apresentou alguns problemas de confiabilidade referentes não às unidades de força, mas ao chassi. O motor Mercedes é ótimo, e isso já se comemora. Ele fez o carro diferente, segundo Pastor Maldonado. Mas o time também começou um projeto do zero depois de produzir um péssimo E22, e é por isso que falhas no carro são notadas. De todo modo, a escuderia está crente de que deu um passo para sair do buraco em que se meteu no ano passado.

Nico Hulkenberg com a nova Force India: foram três dias e muitos quilômetros para o carro (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

FORCE INDIA
P15
Sergio Pérez — 285 voltas — 1327 km
P16 Nico Hülkenberg — 271 voltas — 1262 km
P18 Pascal Wehrlein — 113 voltas — 526 km
Total da equipe: 669 voltas — 3114 km

É gozado colocar a Force India em uma posição que não seja a última desta lista, tendo como base a quilometragem. Na segunda semana de testes, o time andou com o carro de 2014 e trabalhou muito na avaliação dos pneus da Pirelli. Na terceira semana, estreou o VJM08 e rodou dois dias e meio com ele. Neste período, foram percorridos apenas 50 km a menos que a McLaren em 12 dias. O grande sinal positivo que a escuderia recebeu foi este: o carro aguenta o tranco. Será possível forçar em busca de performance nas primeiras corridas, ainda que a preparação tenha sido curta. Mas a forma ideal só deverá ser alcançada ao longo da temporada.

Fernando Alonso anda com a McLaren. Testes foram bem difíceis para o time (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

MCLAREN HONDA
P17 Jenson Button — 161 voltas — 1033 km
P19 Fernando Alonso — 117  voltas — 536 km
P22 Kevin Magnussen — 39 voltas — 182 km
Total da equipe: 380 voltas — 1751 km

Desastrosa. Essa foi a pré-temporada da McLaren, a equipe que menos andou. Os problemas do MP4-30 e do motor Honda foram muitos, e a resolução deles foi demorada. Contudo, os dirigentes garantem: foi possível ao menos confirmar que a direção agressiva escolhida no projeto tem futuro. Os conceitos básicos foram aprovados e não precisaram ser alterados. É uma questão de se superar as falhas. E Jenson Button e Fernando Alonso acreditam: essa equipe vai vencer, só não se sabe quando. Será preciso tratar o GP da Austrália como controle de danos e uma sequência da preparação, e a ideia é ter um carro mais competitivo a partir da temporada europeia, em maio.

UM NOVO DOMÍNIO VEM AÍ

Todos esperavam que a Mercedes se mostrasse rápida nos testes coletivos da pré-temporada, e talvez o time esteja mais rápido do que se acreditava. Quanto mais rápido, só mesmo esperando duas semanas até o GP da Austrália, em Melbourne, quando terá início a grande batalha: ‘Lewis vs. Nico — parte 2’. A F1 pode se preparar para mais um ano de domínio das Flechas Prateadas. A Mercedes tem tudo para vencer a maior parte das corridas com sobras e faturar, assim, os campeonatos de Pilotos e Construtores.

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