Análise: Red Bull reclama e ameaça sair da F1. Até que ponto deve ser levada a sério?

A Red Bull, que vive uma crise com sua parceira de motores Renault, também brada sua insatisfação com relação ao domínio da Mercedes no Mundial de F1 e clama por mudanças. Mas os tetracampeões realmente têm razão ao reclamar?

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Tem razão quem se pergunta por que a Red Bull não reclamava contra a monotonia da F1 enquanto emendava quatro títulos seguidos.

 
Entre 2010 e 2013, a marca de bebidas energéticas dominou o Mundial com Sebastian Vettel e se colocou na história da categoria como uma das equipes mais vitoriosas de todos os tempos. Durante este período, sempre se irritou quando sua hegemonia era criticada e respondia dizendo que trabalhara muito duro para vencer tanto.
 
Um ano e uma corrida depois de deixar de ser a equipe mais forte do grid, a Red Bull agora pede mudanças profundas nas regras, alterações que favoreçam uma equalização dos carros e até ameaça abandonar a F1.
 
"Vamos avaliar a situação novamente na metade da temporada, como vamos todos os anos. Vamos olhar os custos e as receitas. E se não estivermos totalmente satisfeitos, podemos cogitar uma saída da F1", disse o ex-piloto Helmut Marko, que ainda falou que há o risco de Dietrich Mateschitz, dono da empresa, perder a paixão pela categoria.
 
As reclamações são “chororô” ou têm validade?
Começo de temporada da Red Bull foi o pior desde 2009 (Foto: Getty Images)
Essas ameaças de abandonar o Mundial não são inéditas na F1. Quantas vezes a Ferrari já ventilou com essa possibilidade no passado? Muitas.
 
O comentário feito por Marko tem mais cara de blefe, de uma aposta alta para ver se o oponente paga, do que de uma verdadeira ameaça. E assusta mais se pensarmos que a temporada 2015 começou com somente 15 carros no grid em Melbourne. Bernie Ecclestone indicou que não acredita que Mateschitz vá largar o osso tão facilmente — mas considerou legítima a manifestação.
 
Entretanto, a Red Bull tem alguma base para fazer seu protesto, como ressaltou Christian Horner, chefe da equipe.
 
"Quando estávamos ganhando, e nunca tivemos a vantagem que a Mercedes tem, eu lembro que os difusores duplos foram banidos, exaustores foram mudados, mapeamento do motor no meio da temporada foi alterado. Não tiro o mérito da Mercedes, porque eles fizeram um trabalho incrível. Construíram um bom carro, um motor fantástico e têm dois grandes pilotos. O problema é que a diferença é tão grande que você acaba participando de uma briga interna, e isso não é saudável para a F1", declarou o inglês.
 
É verdade. A Red Bull foi podada mais de uma vez no início da década — e mesmo sem ter uma vantagem grande como é a da Mercedes. A Red Bull não ganhou 16 provas nem somou mais de 700 pontos em um campeonato. Em Melbourne, 34s5 separaram Lewis Hamilton de Sebastian Vettel, agora da Ferrari, terceiro colocado. Daniel Ricciardo foi retardatário. Além disso, pouco a pouco foram crescendo as restrições à aerodinâmica dos carros, grande força do time que conta com o projetista Adrian Newey. Tanto é que Newey quis se afastar.
 
Por outro lado, não dá para ignorar que a Mercedes sofreu duas derrotas semelhantes nos últimos meses: a proibição da suspensão interconectada no meio da temporada passada e a liberação para o desenvolvimento dos motores ao longo do ano em 2015. Os alemães eram contra ambas — sendo que o FRIC tinha grande importância no projeto do carro que venceu 16 corridas em 2014.

Toto Wolff acha que a Red Bull deveria parar de reclamar. “Se você vem para a F1 e tenta comer um ao outro, ou andar no mais alto nível, e equalização é o que você precisa depois da primeira corrida, se chora depois da primeira corrida, não é como nós fizemos as coisas no passado e não é do que ficamos reclamando", disse o austríaco, que é o diretor-esportivo da Mercedes desde o início de 2013.

 
De fato, não é saudável para a F1 que a Mercedes domine com tanta vantagem para a concorrência — ainda mais se tivermos mais provas como o GP da Austrália de 2015 do que como o GP do Bahrein de 2014. Mas os alemães estão conseguindo isso da mesma forma que a Red Bull entre 2010 e 2013: por mérito próprio. E, aqui, entra uma outra razão que leva os rubro-taurinos a bater nas panelas.
 
Se a Red Bull tivesse um motor bom como é o da Mercedes na traseira do seu carro, não reclamaria tanto. Só que a coisa não anda tão fácil assim com a Renault…
 
Em 2014, a unidade de força francesa deixou a desejar, mas ainda era a segunda melhor, andando à frente das equipes da Ferrari. 2015 começou de uma forma bem diferente. A dirigibilidade é ruim e os pilotos reclamam, a confiabilidade é pouca e o desempenho não é competitivo. A Sauber, que passou em branco na temporada passada, terminou à frente de Daniel Ricciardo em Melbourne.
 
O peso que o motor tem na atual era das regras é muito maior do que teve na época dos V8 aspirados, e é muito mais difícil desenvolver uma unidade de força do que um chassi. A Mercedes sabia disso e investiu muito mais do que as adversárias no ano passado. Colhe os frutos agora.
 
Muito se fala de grandes mudanças nas regras para 2017 — para 2016, já não é possível. Só que o martelo ainda não foi batido. Vir a público para fazer suas reivindicações é uma forma de a Red Bull pressionar para que as alterações realmente aconteçam, até levando em conta uma eventual mudança de fornecedora de motores.
 

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