Coluna Apex, por Andre Jung: Alonso is faster than you

Alonso sabidamente não tinha velocidade de reta para ultrapassar o brasileiro. Por outro lado, era muito mais rápido naquela altura da prova e, portanto, teria de tentar algo diferente se quisesse chegar à frente. E ele queria muito

O título é quase sempre minha última escolha quando escrevo a Apex. O plano, então, é tentar tirar uma síntese do texto e também não atrapalhar muito o trabalho da ilustradora. Dessa vez, porém, o título me veio ainda durante a corrida.

 
As voltas finais do GP dos EUA foram bastante movimentadas. O safety-car virtual provocado pela quebra do Verstappen embaralhou o negócio e, de repente, o Sainz surgiu surpreendendo à frente do Massa. Mais rápido, o brasileiro encostou no espanhol e, com a força de seu motor Mercedes versus o defasado motor Ferrari de seu oponente, teria boa condição para ultrapassar o rival quando houvesse condição de usar a asa móvel.
 
Muito diferente do Felipe Massa do início da carreira, que não cozinhava o galo para ultrapassar ninguém, o brasileiro manteve-se passivamente acompanhando a Toro Rosso de Sainz, sem fazer nenhuma tentativa. Segundo o próprio, a equipe o havia instruído a esperar a degradação final dos pneus do espanhol para, só então, tentar a manobra. Uma postura muito conservadora e que não parecia destinada a dar certo, diga-se.
 
Atrás dos dois, em um ritmo muito mais veloz, vinha o espanhol velho, aquele que Felipe conhece bem de outros carnavais. Numa prova de que é possível tornar-se experiente sem perder o espírito de luta, Fernando Alonso chegou na disputa morna de Felipe e Carlos e colocou os dois no bolso.
 
A expressão no título da coluna em português pode ser "Alonso é mais rápido do que você”, como um veredito, mas também, “Alonso está mais rápido do que você”, circunstancial. Estar mais veloz não é o mesmo que ser mais veloz, mas é inegável que hoje os contornos são definitivos.
 
Depois da prova, bastante mimimi dos boxes da Williams. Felipe contou que aguardava o “momento certo” para ultrapassar Sainz quando foi surpreendido pelo mergulho de Alonso. Naquele momento, Sainz travou rodas e Felipe descuidou, deixando a porteira aberta. O touro espanhol, que está coroa mas ainda é um Miura, não perdeu a chance e deixou Felipe para trás.
(Ilustração: Marta Oliveira)
Alonso sabidamente não tinha velocidade de reta para ultrapassar o brasileiro. Por outro lado, era muito mais rápido naquela altura da prova e, portanto, teria de tentar algo diferente se quisesse chegar à frente. E ele queria muito. Cabia a Felipe duas opções: avisado pelos boxes da rápida aproximação da Mclaren, partir para cima da Toro Rosso e deixar os espanhóis se entenderem. Ou então, caso não tivesse mesmo como atacar, cuidar dos retrovisores e montar uma defesa sólida de posição.
 
Não fez nem um, nem outro. Contou que Alonso agisse com a mesma passividade, só que não foi assim. Quando Felipe piscou, Alonso mergulhou. Quando abriu o olho, já era tarde. Cheio de entusiasmo, o velho partiu pra cima do espanhol garoto conseguindo arrancar um brilhante quinto lugar nos derradeiros instantes da prova.
 
O público elege seus heróis e o da vez é Max Verstappen. Só isso para explicar Fernando Alonso não ter sido eleito o Piloto do Dia em Austin. O holandês voltou a mostrar sua garra com belas manobras, velocidade e petulância, mas voltou a perder posições na largada e cometeu uma senhora mancada ao entrar nos boxes por conta própria.
 
Enquanto isso… 
 
para a alegria dos brasileiros, Felipe Nasr está a caminho da vaga mais disputada à disposição…
 
 a ida de Hülkenberg para a Renault abriu uma chance de ouro e Felipe, com ajuda de Bernie Ecclestone e do Banco do Brasil, está se preparando para fazer o molde do banco da Force India…
 
precisa de muito sal grosso, porque inveja é coisa que não se brinca.
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