Coluna Apex, por Andre Jung: New Kids On The Block

Ricciardo tem sido soberbo. Três vitórias, as únicas para um carro que não é da Mercedes, falam por si, mas esmagar o tetracampeão mundial fala muito mais. Rápido em treinos, veloz e constante em ritmo de corrida, inteligente e criativo nas ultrapassagens. Honestamente, o cara não teve um ponto falho em sua pilotagem até essa 12ª etapa

Os primeiros treinos para o GP da Bélgica apontavam para uma superioridade esmagadora da Mercedes. Sempre com mais de 1s de frente — diferença que algumas vezes chegou a 2s — Hamilton e Rosberg estavam fadados a dividir os lugares mais altos do pódio. Mas, na hora da verdade, assim como o pneu do inglês, o roteiro furou, e o segundo lugar do alemão também teve gosto azedo.

O esfacelamento da relação Hamilton-Rosberg já estava adiantado, mas a retomada da temporada elevou a animosidade a um novo grau, temperatura que tem tudo para ir às cucuias — onde fica? — ainda no decorrer da temporada.

Mas, com todo o respeito, ainda não falaram desse australiano o que ele tem merecido. Lembrado pelo amigo Thiago Alves, fiz a conta: não tivesse sido lesado com a perda dos pontos da estreia na equipe, Daniel Ricciardo teria 174 pontos. Diante da luta feroz que se anuncia nos domínios da Mercedes, teria boa chance de repetir o feito de Alain Prost, em 1986 e Räikkönen em 2007.

Ilustração: Marta Oliveira

Ricciardo tem sido soberbo. Três vitórias, as únicas para um carro que não é da Mercedes, falam por si, mas esmagar o tetracampeão mundial fala muito mais. Rápido em treinos, veloz e constante em ritmo de corrida, inteligente e criativo nas ultrapassagens. Honestamente, o cara não teve um ponto falho em sua pilotagem até essa 12ª etapa.

Quando sai atrás de Vettel, sempre o supera, situação que me leva a acreditar que não restará ao alemão outra coisa senão sair da equipe para refazer sua reputação em noutra freguesia; se ficar na Red Bull terá perdido a majestade e a tarefa de bater Ricciardo será ainda mais complicada.

OK, sabemos que os carros de F1 têm uma pilotagem muito complexa, coisa que esse ano extrapolou com a entrada dos novos engenhos motrizes, freios “brake-by-wire”, fluxos de combustível, etc e tal, e que as mudanças as vezes favorecem uns e desfavorecem outros. Parte do crédito pela surra que o alemão vem levando tem base na forma com que Vettel utilizava os pés, a qual não se ajusta aos novos componentes, mas as 12 corridas completas, treinos livres e os milhões de horas que ele já deve ter gasto no simulador já deviam ter resolvido a questão.

O fato é que Ricciardo fez um estrago enorme na reputação, e por que não dizer, na remuneração de Vettel. Caso fique na Red Bull, seu valor não será o mesmo, a oportunidade de sair é tentadora.

Valtteri Bottas continua a enfileirar provas excelentes, deixou de ser visitante ocasional para tornar-se frequentador assíduo do pódio, faz por merecer uma vitória, que em Monza parece possível. Numa pista de motor e freios, o desafio da Williams será ajustar a suspensão para as zebras das chicanes, o resto já está resolvido.

Na Red Bull, em Monza, deveremos ver asas mais parecidas com as que se usa em Indianápolis. Em Spa, já usaram uma asa ínfima, o que só trás luz sobre a impressionante qualidade do chassi desenhado por Adrian Newey. Sem potência, mas sem arrasto, a Red Bull conseguiu superar a Williams numa pista onde nem eles mesmos achavam isso capaz.

Foi bom ver Räikkönen fazer a primeira corrida decente desde que voltou à Ferrari, sua estratégia agressiva funcionou graças a um ritmo veloz com baixo consumo de pneus, assim finalmente conseguiu chegar à frente de Alonso, oxalá continue o bom momento na Itália.

Enquanto isso…

…uma Silly Season que de boba não tem nada…

…com as surpreendentes performances dos novatos, veteranos e estrelas estão na berlinda…

…Räikkönen, Button, Massa e até mesmo jovens como Vettel estão pressionados…

…a precoce geração de Ricciardo, Bottas, Kvyat, Magnussen conquista cada vez mais espaço…

…a polêmica chegada de Verstappen, aos 17 anos, soa como um ameaçador, um clarim a anunciar a troca da guarda.

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