Coluna Apex, por Andre Jung: O sorriso do guerreiro

Ricciardo já havia deixado boa impressão em seus tempos de Red Bull, mas pensar que fosse capaz de tudo isso, acho que nem ele mesmo pensava. Suas ultrapassagens são obras primas de estratégia, arrojo e precisão. Espera o momento adequado, não se afoba e sempre retira do carro o melhor que ele pode dar

O GP da Hungria de 2014 já entrou para os clássicos. Um thriller do início ao fim, proporcionou um espetáculo para deliciar os amantes das corridas. Interessante que essa pista que já foi apelidada, jocosamente, de kartódromo, tenha promovido tantas corridas memoráveis.

O traçado travado evidenciou as fraquezas do chassis Williams em comparação com a Ferrari e a Red Bull, suas rivais imediatas na classificação dos Construtores. Fragilidade que também se aplica ao trabalho do box. Valtteri Bottas foi sabottado numa parada que mostrou o quanto a Williams ainda precisa ralar para recuperar o padrão de time de ponta. Com Felipe Massa, uma escolha conservadora pelos pneus médios na última parada se mostrou, a considerar o quanto os pneus macios estavam durando e a enorme diferença no cronômetro, equivocada.

Ainda assim, Felipe, beneficiado com a entrada do sarety-car — quando pôde parar antes de seu parceiro —, também viu o finlandês ser devolvido a pista muito depois de Sebastian Vettel e Fernando Alonso, a quem liderava então, permanecendo alijado das disputas no grupo da frente.

Surpreendente até o final, o GP contou com performances espetaculares de Lewis Hamilton, Daniel Ricciardo e Fernando Alonso, esse último, espécie de mágico pelo que é capaz de fazer com esse mal resolvido carro da Ferrari. Seguramente daria a ele o Troféu Andre Jung de "piloto milagreiro”.

Ridículo foi ter de ouvir os pedidos da Mercedes para que Hamilton desse passagem para seu rival no campeonato. Depois do  safety-car virar o jogo a favor do inglês, só faltava ele entregar a corrida de bandeja para Nico Rosberg. Caberia, sim, que Hamilton contivesse ou retardasse qualquer avanço do alemão no intuito de deixá-lo com a menor pontuação possível.

É claro que, pensando assim estou priorizando o campeonato de Pilotos, não tenho dúvida da sua primazia sobre o título de Construtores. Rosberg poderia ter levado a Mercedes à vitória se Hamilton tivesse dado passagem? Mais uma razão para que ele não cedesse a posição.

A divisão de opiniões no interior da Mercedes denota que a luta entre os pilotos também provoca reflexos na garagem: criticado por Rosberg, que pedia uma discussão interna sobre as ordens da equipe, Hamilton foi defendido por Niki Lauda, que fez questão de contestar a validade da decisão dos boxes e apoiar a legitimidade da decisão do inglês. Toto Wolff tentou defender a atitude da equipe, mas acabou por recuar diante do estrago que o episódio estava provocando à imagem da marca.

Ilustração: Marta Oliveira

Ricciardo já havia deixado boa impressão em seus tempos de Red Bull, mas pensar que fosse capaz de tudo isso, acho que nem ele mesmo pensava. Suas ultrapassagens são obras primas de estratégia, arrojo e precisão. Espera o momento adequado, não se afoba e sempre retira do carro o melhor que ele pode dar. Sua superioridade sobre Sebastian Vettel tem sido acachapante, nunca vista de um novato para um campeão em vigência.

Outro prejudicado no episódio do safety-car, quando ainda fazia parte do grupo dos líderes, Vettel voltou a ser coadjuvante, enquanto a equipe, que se viu magnetizada pela brilhante pilotagem de Ricciardo, rende cada dia mais homenagens ao sorridente australiano. A verdade é que o desempenho de Daniel é que tem mantido a Red Bull num confortável segundo lugar na tabela, mesmo movida pelo decepcionante motor Renault.

Ainda que a Williams tenha perdido uma posição na tabela de Construtores, onde a Ferrari voltou ao terceiro lugar, ela se distanciou de seus perseguidores mais próximos, McLaren e Force India. Se terminar em quarto lugar, não deixará de ter obtido uma recuperação excepcional.

Agora, a F1 entra em seu período de “férias de verão” deixando uma excelente perspectiva para o restante da temporada. As históricas pistas de Spa e Monza vão reabrir o campeonato em pouco menos de um mês, e não adianta tentar apressar o relógio.

Enquanto isso…

…um conflito trabalhista ameaça a já claudicante Caterham…

…os novos proprietários do time começaram seu trabalho por cortar 40 funcionários da empresa…

…advogados dos demitidos entraram com ação questionando a legitimidade dos novos donos…

…que devolveram na mesma moeda, processando os funcionários por difamação.

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