Coluna Apex, por Andre Jung: Tirolesas

Em tempo de Copa do Mundo, falar de F1 é como pregar no deserto. Mas temos de admitir que a pole-position de Felipe Massa, embora tenha se transformado em um resultado frustrante no dia seguinte, foi um golaço!

É dureza falar de F1 em meio à Copa do Mundo, na “nossa" Copa, então parece pregar até no deserto. Nesse sentido, se a água fria do quarto lugar na corrida cortou o barato, a pole-position no sábado foi um gol de placa de Felipe Massa.

Depois de uma penca de anos, e longe da todo poderosa Ferrari, o brasileiro reencontra a ponta do pelotão justamente quando o país está tomado de fascínio pelo futebol e suas estrelas. Numa oportuna sincronia, ele conseguiu fazer uma ponte imaginária entre a F1, o futebol e o Brasil. Golaço!

A reestruturação empreendida pela Williams tem sido executada com extrema maestria: Pat Symonds sabe o que é preciso fazer para ganhar (sabe até o que não precisa), Rob Smedley parece muito bem no papel de engenheiro-chefe e o duelo empreendido pelos dois pilotos tem sido muito positivo para a evolução da competitividade da equipe.

Ilustração: Marta Oliveira

O bem-vindo retorno do GP da Áustria marca um sólido passo da Williams em direção aos Mercedes, destacando-a de Ferrari e Red Bull e posicionando o time como a segunda equipe de motores Mercedes — ainda que a Force India permaneça à frente na pontuação dos Construtores. Essa corrida pode marcar uma virada capaz de colocar a Williams numa valiosa segunda posição no Mundial de Construtores ao final da temporada.

Nico Rosberg estabeleceu uma sólida vantagem na pontuação e, diante da consistência que ele apresenta, a montanha que Lewis Hamilton tem pela frente começa a ficar íngreme demais. O inglês fez excelente corrida, mas precisava contar com uma fraquejada de Rosberg que não aconteceu.

Montados num carro extraordinário, ambos tiveram de esperar as coisas assentarem para, sem correr riscos, assumirem o lugar de direito. As Williams fizeram o que podiam acompanhando os Mercedes com segurança, seguidas por um magistral Fernando Alonso, num quinto lugar que não faz jus à prova perfeita que realizou na Áustria.

O energético que enriqueceu o patrono do retorno da Áustria à F1 nunca teve gosto tão amargo. A pista, de sua propriedade, estava impecável mas seus carros, dominadores dos últimos quatro campeonatos, resolveram provar que santo de casa não faz milagre.

A Renault é quem sai chamuscada com a fracasso da Red Bull (e Toro Rosso) justamente na prova em que Dietrich Mateschitz investiu tanto. Daniel Ricciardo num suado oitavo lugar, foi o máximo que um carro com o motor francês conseguiu alcançar. Com diversos clientes inadimplentes, uma nuvem cinza começa a pairar sobre o programa de motores Renault para F1.

A gritaria por medidas que baixem os custos exorbitantes não para de crescer. No entanto, Bernie Ecclestone e FIA não parecem dispostos a abrir mão de suas receitas. A Renault foi a montadora que sempre pressionou para que esse novo regulamento fosse implantado e agora sofre para enfrentar a desvantagem tecnológica diante da Mercedes.

A proposta ventilada de eliminar o primeiro treino da sexta é uma coisa bastante controversa, uma vez que, com poucos testes autorizados, os times grandes usam o primeiro treino de sexta para testar inovações e os times pequenos costumam vender esse horário para jovens afortunados.

Olhando para o que tem sido o campeonato até aqui, mesmo com a Mercedes apresentando tanta superioridade, as provas tem oferecido bons espetáculos. Em paradoxo, os números de audiência estão declinando. Ao meu ver, a Internet oferece forte concorrência para outras formas de entretenimento, bem como o automóvel vem perdendo glamour, algoz e vítima do colapso urbano atual.

Enquanto isso…

…interessada em “apimentar” o show, uma comissão da FIA sugere que a partir de 2015 todas as relargadas sejam estáticas…

…os pilotos não foram consultados e afirmam que relargadas estáticas precisam um novo regulamento para a troca de pneus…

…largar parado, com pneus velhos e frios, aumentará muito o alto risco de acidentes que esse tipo de largada proporciona…

…elevando seguramente os inevitáveis custos anuais de reconstrução dos carros.

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