Coluna Rookie Text, por Gabriel Araújo: Eu, piloto

Eu poderia ser piloto de Fórmula 1 em 2015. Talvez em 2016. Levando em conta, claro, a lógica da Red Bull. Max Verstappen foi anunciado nesta segunda-feira (18) como o mais novo titular da Toro Rosso. Vergne foi pastar. Estreia na próxima temporada e, detalhe, tem 16 anos. A minha idade.

 

Imagino uma bela carreira iniciada no kart lá pelos oito anos. Rapidamente Gabriel Araújo conquistaria torneios de principiante a nível estadual e nacional. A ascensão seria inevitável e, observado e apoiado por uma marca de energéticos, o rapaz logo seria levado para categorias maiores de monopostos – ou seguiria no kart, mesmo, a exemplo do holandês (voador?).

 

Sem opções no Brasil, em meio ao descaso automobilístico da CBA, iria para a Europa. F-Renault, F-3, GP3, GP2… Alguma coisa seria disputada pelo brasileiro, que em 2015 ou 2016 alcançaria um time emergente na Fórmula 1. E nem precisaria de nome de pai famoso.

 

Óbvio que é só uma bela viagem para destacar o mais jovem piloto da história da categoria. Jaime Alguersuari largou com pouco mais de 19 anos na Hungria, em 2009. É o atual recordista.Verstappen alinhará com 17 anos, que completará em setembro – é, portanto, cinco meses mais velho do que a pessoa que sonhava linhas acima. Será o novo recordista.

 

Max é filho de JosVerstappen, trapalhão que correu na F-1 de 1994 a 2003 – foi parceiro de Schumacher, na Benetton, e de Barrichello, na Stewart. Conseguiu dois pódios e, certa vez, pegou fogo em Hockenheim. O que nos leva à conclusão de que, talento por talento, nome por nome, o jovem garoto trilhou seu próprio caminho e nasceu com suas próprias qualidades.

Leio ainda que Max disputava corridas de kart até o ano passado. Pulou para a F-3 do Velho Continente, ganhou umas corridas, é vice-líder do campeonato. Suas provas passam na televisão vez por outra. Acho que no BandSports. Nunca me atentei, porém. Mas para subir todos esses degraus e chegar ao objetivo máximo, deve ser bom. O que não o credencia como sucesso na F-1. O próprio rapaz que substitui, Jean-ÉricVergne, também chegou novo à categoria, e não foi a melhor das apostas da Toro Rosso, equipe satélite da Red Bull e conhecida por arriscar assim – a dupla do time principal, Vettel e Ricciardo, surgiu lá.

 

Mas Raikkonen, exemplo clássico, é outro que fez uma só temporada na base – F-Renault – e, novinho de tudo, largou na F-1, calando algumas bocas que votavam pela experiência e se tornando um excelente piloto. Foi pela Sauber, em 2001. Seis anos depois, já na Ferrari, virou mito e campeão do mundo. É a prova de que os garotos são, sim, bons testes. É necessário, porém, que se dê tempo ao tempo. Ninguém galga ao topo em um piscar de olhos.

 

No mais, além da questão da inexperiência caminhando a passos largos na F-1, observamos mais um parente de ex-piloto em um cockpit. Neste ano há Kevin Magnussen, filho de Jan, e o candidato ao título Nico Rosberg, cria de Keke. Recentemente, Bruno Senna, sobrinho de Ayrton, e Nelsinho Piquet, garotão de Nelson, também levaram sobrenomes famosos de volta à Fórmula 1 – e até emocionaram Galvão Bueno, ora pois.

 

Mas só sei, mesmo, é que G. ARAUJO poderia estar no GC da televisão em 2015 ou 2016. Imaginem só a vitória de “Gabriel, Gabriel, Gabriel Araújo do Brasil”… É, melhor parar de viajar. É bem impossível, por diversos motivos. Sonhar, porém, não custa nada, e a partícula ‘se’ existe para casos assim. Bem, escolhi as palavras. E com elas envio boa sorte a Max Verstappen, claro. Represente bem a CLASSE JUVENTUDE 97/98 nas pistas, rapaz. Wezijnsamen– que, obviamente,é “tamo junto” em holandês.