Com três anos de existência, legado que Marussia deixa para F1 é maldito: a volta dos acidentes fatais

Os acidentes de María de Villota e Jules Bianchi trouxeram de volta ao mundo da F1 algo que estava longe há muito tempo: as mortes. Lutando para sobreviver ela mesma, a Marussia tem novamente que se ver às voltas com uma morte repentina e incrivelmente triste em seus quadros

São três anos desde que a Marussia Motors, uma construtora russa, decidiu comprar a Virgin e entrar na F1. Da escuderia de Richard Branson, herdou as cores e as posições na tabela de classificação – algumas das últimas – e a parceria com a Manor, de John Booth e Graeme Lowdon. Tentando sair do fim, mudanças foram feitas, e até pontos foram marcados. Mas a Marussia nunca se viu livre das tragédias, e em declínio financeiro, pode deixar a F1 apenas com um legado maldito: a volta dos acidentes fatais ao mundo da categoria.
 
Em julho de 2012, a categoria viu, aterrada, o acidente de María de Villota durante uma exibição em Duxford, na Inglaterra. Uma batida a cerca de 60 km/h parecia uma improvável causa de pânico, mas foi exatamente o que aconteceu quando a espanhola colidiu frontalmente com a traseira de um caminhão.

María de Villota em fevereiro de 2013 (Foto: Juan Naharro Gimenez/Getty Images)

A pilota perdeu o olho direito nos dias seguintes a batida após uma cirurgia cerebral. Saiu viva, mas morreu um ano mais tarde, em outubro de 2013, ainda por consequência da batida.
 
Embora o acidente da espanhola tenha acabado sendo fatal, os envolvidos com a F1 enquanto show, ainda lidavam com um certo sentimento de que nas pistas, a morte não iria voltar a assombrar o esporte. Afinal, eram 20 anos desde o final de semana em que morreram Ayrton Senna e Roland Ratzenberger, e a morte não era mais uma realidade.
 
No entanto, a realidade é que nenhuma vertente do automobilismo provavelmente conseguirá se ver desvinculada dos riscos máximos. Mesmo as histórias de homens que lutaram para um esporte mais seguro, jamais impedirão que riscos sejam absorvidos. Os esforços de Jackie Stewart, Stirling Moss, Niki Lauda e outros tantos foram vitais para que o esporte vivesse dias menos tristes, mas a morte é uma realidade sempre presente na F1. E que discussões como motores V6 ou V8, combustível mais ou menos verde e queda de audiência continuam menos importantes que as sobre segurança, ainda que tanto tenha sido feito nas duas últimas décadas.
 
O acidente de Jules Bianchi no GP do Japão de 2014 relembra ao público e envolvidos de uma cruel relação entre as corridas e a morte. Mais uma vez, é a Marussia no olho do furacão. A batida no guindaste que retirava da pista o carro de Adrian Sutil foi medonha. As investigações apontarão se alguém deve ser culpado, porém a chuva e a falta de visibilidade certamente impediram que Bianchi soubesse onde estava indo. Com situação semelhante no currículo, vivida em 1994, na mesma Suzuka, Martin Brundle acabou atropelando um fiscal para fugir do trator. O britânico disse que, em meio à chuva, sequer enxergava seu volante, que dirá bandeiras amarelas.

Jules Bianchi (Foto: Getty Images)

E tudo aconteceu em um final de ano em que a Marussia brigava para conseguir sobreviver na F1. Com problemas financeiros aos montes, a equipe chegou a entrar em administração judicial semanas após o acidente de Bianchi, só se recuperando dias antes do início do Mundial de F1 de 2015. A nona colocação conquistada no Mundial de Construtores em 2014 dá ao time a chance que tem. Isso, porque recebeu R$ 111 milhões para seus cofres. E por causa de Bianchi.
 
Não deixa de ser irônico, ainda, que o prospecto de sobrevida que brilha no fim do túnel marussiano exista apenas por causa de Bianchi. Foram dele os dois pontos capitalizados com o nono lugar em Mônaco 2014, primeiros e únicos – até aqui – da história da Marussia e suficientes para colocar a equipe à frente de Caterham e Sauber no Mundial de Construtores, salvando o time apesar dos pesares para voltar em 2015 e tentar acertar as contas com seu passado para existir um futuro.

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Torcedor registra momento do acidente com BianchiF1 2014: o acidente de Jules Bianchi com um guindaste no GP do Japão

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