Comissão conclui que Bianchi não reduziu o bastante antes de acidente no Japão e isenta presença de trator na área de escape

Comissão formada pela FIA para investigar as causas do acidente de Jules Bianchi concluiu que uma série de fatores levou à batida, apontou falha no carro da Marussia e sugeriu mudanças no regulamento

A comissão de notáveis formada pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA) para apurar as causas do acidente de Jules Bianchi concluiu que o francês foi o principal responsável pela batida que aconteceu no GP do Japão, no dia 5 de outubro, em Suzuka. O relatório, divulgado nesta quarta-feira (3), disse que o piloto falhou ao não reduzir o suficiente a velocidade ao contornar a curva 7 e minimizou a presença de um trator na área de escape sem que o carro de segurança fosse acionado.

O grupo, presidido por Peter Wright e que contava com mais nove pessoas, dentre elas o bicampeão Emerson Fittipaldi e os ex-dirigentes da Ferrari Ross Brawn e Stefano Domenicali, constatou que se Bianchi tivesse tirado o pé, não teria perdido o controle do carro. Também foi apontada uma falha nos sistemas de segurança da Marussia, embora ela não tenha sido determinante para o que ocorreu.

Os cuidados no atendimento a Bianchi depois do choque com o guindaste (Foto: AFP)
As causas
MEMBROS DA COMISSÃO
Peter Wright
Presidente da Comissão de Segurança
Ross Brawn
Ex-dirigente das equipes Benetton, Ferrari, Honda, Brawn e Mercedes
Stefano Domenicali
Ex-chefe de equipe da Ferrari
Gerd Ennser
Chefe dos comissários
Emerson Fittipaldi
Bicampeão da F1
Eduardo de Freitas
Diretor de provas do WEC
Roger Peart
Presidente da Comissão dos Circuitos e da federação canadense
Antonio Rigozzi
Advogado, juiz da Corte de Apelação da FIA
Gérard Sailant
Presidente do Instituto FIA e da Comissão Médica
Alexander Wurz
Presidente da Associação de Pilotos

De acordo com o relatório, apresentado ao Conselho Mundial da FIA, que se reuniu em Doha, “Bianchi não reduziu o bastante para evitar perder o controle no mesmo ponto da pista que Sutil”. Uma volta antes, Adrian Sutil, da Sauber, havia escapado no mesmo ponto, exigindo que o guincho o removesse. “Se os pilotos respeitam ao que exige uma situação de bandeiras amarelas duplas, nem os competidores e nem os fiscais deveriam ser colocados em perigo”, diz o texto.
 

Ainda é reforçado que, sem o benefício de poder olhar para trás e avaliar, “não há razão aparente para que o safety-car precisasse ser acionado antes ou depois do acidente de Sutil”.
 
O relatório aponta que Bianchi deixou a pista ainda antes do que Sutil e que acertaria um ponto seguro da barreira de pneus. “Infelizmente, o guincho estava na frente, e ele bateu passando por baixo de sua traseira em alta velocidade”, cita.
 
Então, é indicada a falha no MR-03. Durante os dois segundos em que o carro de Bianchi passou pela área de escape, o francês chegou a pisar nos pedais do freio e do acelerador ao mesmo tempo, usando os dois pés. “O sistema FailSafe é desenhado para cortar potência do motor, mas foi inibido pelo Coordenador de Torque, que controla o brake-by-wire (freio eletrônico). A Marussia de Bianchi tem um sistema único de BBW, que provou ser incompatível com as configurações do FailSafe”, adverte-se.
 
Isso pode ter afetado a velocidade do acidente, “mas não foi possível quantificar isso de forma confiável”, a comissão alerta. “Contudo, pode ter sido que Bianchi se distraiu pelo o que estava acontecendo e o fato de que suas rodas dianteiras travaram, e ele não conseguiu desviar do guincho”.
 
A seção das causas é concluída elogiando o trabalho da equipe de resgate, que “contribuiu significativamente para salvar a vida de Bianchi”, e ressaltando que a implantação de cockpits fechados ou saias de proteção nos guinchos não teria sido suficiente para evitar as lesões sofridas pelo piloto. É informado que o impacto do carro de 700 kg com o trator de 6500 kg a 126 km/h não tem como ser absorvido pelas estruturas de segurança que podem ser montadas no F1.
 
As propostas
 
As mudanças propostas incluem uma regra mais rigorosa para situações de bandeira amarela — o safety-car virtual entrará em vigor no próximo ano, estabelecendo uma velocidade máxima para os carros em tais situações  — e que o regulamento determine que a largada só poderá ser dada até quatro horas antes do pôr-do-sol — exceto nas corridas noturnas. No caso do GP do Japão, a prova começou às 15h locais, menos de três horas do anoitecer em Suzuka. Para piorar, um tufão se aproximava do país e prejudicava as condições climáticas.
 
Além disso, é recomendado que a drenagem dos circuitos seja revista e passe a incluir todas as pistas de acesso, e que a FIA implante um procedimento mais extenso de educação aos pilotos que obtém a superlicença.
 
Por fim, os pneus de chuva da Pirelli são isentados, porém pede-se que esse tipo de composto seja mais testado em prol da segurança. Nos últimos meses, a Pirelli de fato reclamou que tem poucas oportunidades para trabalhar em uma condição semelhante àquelas que encontra nas corridas, em especial a falta de testes no piso molhado.
 
A situação de Bianchi
 
Quase dois meses depois, Bianchi continua em estado grave devido à lesão axonal difusa provocada pelo impacto com o trator. Ele foi transferido no fim do mês passado para um hospital em Nice, onde sua família vive, e não está mais em coma. Porém o francês não recobrou a consciência.
 DIRETAS GP

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COREIA DE VOLTA
A FIA apresentou nesta quarta-feira (3) o calendário da temporada 2015 da F1. Com 21 etapas, a grande novidade do programa é – o ainda não confirmado – retorno da Coreia do Sul.
 
O calendário foi divulgado no conselho mundial da entidade em Doha, no Catar. Mais uma vez, a temporada começa na Austrália, com a primeira etapa do campeonato marcada para 15 de março.

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