Em situação semelhante a de Van der Garde, Sutil planeja entrar na justiça contra Sauber antes do GP da Espanha, diz jornal

De acordo com o diário finlandês ‘Turun Sanomat’, Adrian Sutil tinha contrato com a equipe suíça para 2015 “quase idêntico” ao de Giedo Van der Garde, que travou e venceu uma batalha judicial com a Sauber nos tribunais neste começo do ano e recebeu compensação financeira de R$ 48 milhões

Com desempenho bastante aceitável neste começo de temporada, a Sauber pode se ver novamente em maus lençóis no campo jurídico. No início da temporada, o time de Hinwil foi o centro de uma batalha judicial com Giedo van der Garde, que tinha contrato assinado para ser titular em 2015, mas foi preterido em favor de Felipe Nasr e Marcus Ericsson — e seus respectivos patrocinadores. Depois perder a ação na Europa e na corte de Melbourne e ter de indenizar o holandês em € 15 milhões (R$ 48 milhões), a equipe fundada por Peter Sauber e chefiada pela advogada Monisha Kaltenborn pode ter de enfrentar nova batalha, desta vez contra Adrian Sutil.

Segundo o jornal finlandês ‘Turun Sanomat’, Sutil, hoje piloto reserva da Williams, tem um contrato “quase idêntico” ao de Van der Garde, que garantia sua titularidade para 2015. Desta forma, o alemão deve entrar com uma ação judicial contra a Sauber na próxima semana, às vésperas do GP da Espanha.

Alegando contrato para correr em 2015, Adrian Sutil planeja entrar na justiça contra a Sauber (Foto: Getty Images)

Recentemente, Colin Kolles, dirigente com passagem por várias equipes da F1 e atualmente no Mundial de Endurance, afirmou que a Sauber tinha assinado com nada menos que seis pilotos para duas vagas de titular em 2015. Além de Van der Garde e Sutil, fazem parte da lista, segundo o romeno, Esteban Gutiérrez — atual reserva na Ferrari —, Jules Bianchi e os atuais titulares Nasr e Ericsson.

No mês passado, Manfred Zimmermann, empresário de Sutil, falou sobre a situação do piloto ao jornal. “O problema com a Sauber ainda não foi solucionado. Nós ainda estamos tentando encontrar uma solução para isso.” Nesta segunda-feira, o agente disse que o quadro permanece inalterado: “Infelizmente, nada mudou. Ainda estamos em discussão com a Sauber para encontrarmos uma solução”, disse o alemão.

Entenda o 'caso Van der Garde'

A história remonta o fim do ano passado. Ainda com o campeonato em andamento, a Sauber anunciou a contratação de Marcus Ericsson, então sem poder correr pela Caterham— que se ausentou de duas das últimas três provas temporada. Era o primeiro sinal de que a equipe não honraria um dos contratos então em vigor. Tanto Adrian Sutil quanto Giedo van der Garde tinham acordos válidos para 2015. Os dois pilotos tiveram a exata noção de que não serviam mais quando Felipe Nasr foi confirmado.

Sutil e Van der Garde foram devidamente comunicados. Por SMS. O alemão reclamou, mas deixou quieto, ao menos por enquanto; o segundo, não. O segundo foi levar o desaforo à Justiça suíça. Em dezembro, os tribunais helvéticos deram ganho de causa ao holandês. Mas em nenhum momento a Sauber fez qualquer menção para cumprir a ordem.

Van der Garde, então, iniciou uma preparação física como nunca fizera em sua vida. Sem poder guiar carro algum, aguardou calado a pré-temporada da F1 e notou que a Sauber não errou a mão de novo como fez em 2014. Se o azul e amarelo C34 não é o mais rápido do grid, ao menos anda no meio do pelotão. 

No fim de semana passado, Van der Garde, pessoas próximas e seu advogado viajaram para Melbourne. Na segunda-feira, deram entrada com uma

ação na Corte do estado de Victoria para tentar garantir o que lhe era de direito e havia sido confirmado pela Justiça da Suíça.

Foi quando a Sauber mostrou ao mundo claramente que tinha feito algo de muito errado. Em vez de questionar alguma brecha no contrato que Van der Garde não haveria cumprido, o advogado de defesa partiu para alegações pueris, da qual a maior se evidenciava num "inaceitável risco de morte" que o piloto corria por nunca ter andado no carro. Ali também levantou-se a questão da superlicença que Giedo não tinha, mas o próprio havia confirmado que pedira à Federação Nacional de Automobilismo da Holanda.  

A Corte australiana deu evidente ganho de causa a Van der Garde. Depois de pensar, a Sauber resolveu apelar do resultado

Na quinta-feira, a tal apelação da equipe repetiu exatamente a mesma linha de defesa. Os advogados de Van der Garde deitaram e rolaram e trouxeram mais detalhes do caso: tanto o acordo do piloto era válido que a Sauber escreveu para o Quadro de Reconhecimento de Contratos — órgão da FIA que regula a questão — que ele fora encerrado em 6 de fevereiro deste ano, isto é, a Sauber negociou e anunciou Nasr e Ericsson quando Van der Garde ainda era seu piloto de fato.

Mas este comunicado de término de contrato acabou tendo valor no caso.

Novamente vitorioso nesta segunda instância, Van der Garde entrou com outra ação na Corte australiana: o chamado 'contempt of court' era o pedido para que a Sauber cumprisse devidamente o que foi estabelecido. A solicitação foi pesada: se o time de Monisha Kaltenborn não obedecesse, os carros e outros itens seriam confiscados nos boxes do circuito Albert Park e a chefe poderia ser presa.

O julgamento acabou arrastado para o sábado em Melbourne, e neste ínterim, Van der Garde apareceu no circuito à paisana, não conseguiu entrar no paddock com a credencial que tinha, esperou 25 minutos até passar pela catraca, foi à garagem da Sauber, viu os mecânicos lhe darem as costas e saírem em debandada, vestiu o macacão de Ericsson e ficou do lado do seu carro, tirou a roupa e foi embora: justamente porque a sua superlicença não havia sido emitida, já que o QRC ainda entendia que o piloto não tinha um contrato.

O choque da Sauber ao receber Van der Garde (Charge: Rodrigo Berton)
Precavida, Monisha deu ordem para que os carros não deixassem os boxes no treino livre 1; no segundo, Nasr e o sueco puderam ir à pista.

Nos bastidores, Sauber e Van der Garde iniciaram tratativas para chegar a um acordo. E por trás de toda história, há o interesse do sogro de Van der Garde, Marcel Boekhoorn, em comprar a Sauber. Em novembro, o empresário cuja fortuna é avaliada em quase R$ 6 bilhões esteve na sede da equipe suíça para negociar. Voltou em seu helicóptero de luxo com um não na cara e uma meta a cumprir.

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