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Há pouco mais de um ano fora do comando da F1 depois de uma era de quatro décadas, Bernie Ecclestone ainda é um homem com muita influência nos bastidores do esporte. Aos 87 anos, o dirigente britânico divide seu tempo entre Londres, onde ainda mantém seu escritório, a Suíça, país no qual tem negócios, e o Brasil, mais precisamente em Amparo — interior de São Paulo —, onde é proprietário de uma fazenda de café ao lado da esposa, Fabiana Flosi. Mas a F1 ainda é muito ativa para Bernie, que continua a receber com frequência ligações de chefes de equipe, promotores de corrida e jornalistas especializados.
Ecclestone também é muito próximo à cúpula da Ferrari e, naturalmente, do presidente Sergio Marchionne. E sabe que o italiano acompanha com certa apreensão as movimentações do Liberty Media, que indicou a vontade de cortar o bônus de US$ 100 milhões (ou R$ 324 milhões) que a escuderia italiana recebe da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) por ser a equipe mais antiga do grid. Bernie assegurou que a Ferrari estaria pronta para deixar a F1 e criar uma nova categoria se o benefício fosse retirado.
“Algumas pessoas têm uma nova categoria em mente. Sergio falou com as pessoas sobre isso. E se ele decidisse sair, ele sairia. Se a FIA não fizer o que ele acha que é o certo, e isso seria beneficiar a Ferrari, ele sairia”, alertou o dirigente em entrevista publicada neste domingo pelo diário britânico ‘Daily Mail’.
A Ferrari pode mesmo deixar a F1, alerta Bernie Ecclestone (Foto: Getty Images)
Bernie é o grande artífice do bônus que a Ferrari recebe, acordado no atual Pacto da Concórdia, que vence em 2020, além de entregar à equipe italiana o poder do veto em relação a mudanças nas regras. O dirigente justificou todos os benefícios que a escuderia de Maranello recebe. “A Ferrari ganha mais que qualquer outra por um simples motivo: eles estão na F1 há mais tempo que qualquer outra”.
Na visão do octogenário britânico, não há como dissociar a Ferrari da F1, uma vez que a história une a história das duas. “A questão é simples: a F1 é a Ferrari e a Ferrari é a F1. Vá a qualquer lugar do mundo e eles não pensam sobre os carros de rua da Ferrari, é a F1. Eu odiaria ver a F1 sem a Ferrari”, salientou.
Ciente da importância da Ferrari, Bernie avisou que, caso a equipe italiana deixasse a F1 para fundar uma nova categoria, tal movimento geraria um ‘efeito cascata’, com outras escuderias tomando o mesmo caminho. “Nenhum promotor de corridas ficaria feliz em ver a Ferrari sair. Eles gostariam de se unir à Ferrari imediatamente se uma nova categoria emergisse com os mesmos elementos de agora, mas que fosse mais barato para os circuitos”.
Por fim, o britânico surpreendeu ao falar que gostaria de ver uma F1 equipada com motores totalmente elétricos, como a Fórmula E, porém com um outro conceito, mais robusto. A declaração é uma surpresa porque Ecclestone jamais foi um entusiasta da tecnologia híbrida, que substituiu os motores aspirados a partir da temporada 2014. Contudo, o próprio Bernie duvida que tal ideia vá adiante.
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“Nós ainda temos o nome F1, nós ainda temos contratos com promotores. Vamos construir tipos de carros diferentes, vamos falar com as montadoras e vamos começar com uma F1 toda elétrica, a F1 para o futuro. Não podemos fazer isso? As fábricas fornecem os próprios carros, mas nós não vamos pagá-los porque eles recebem uma enorme publicidade mundial. Seria uma super Fórmula E, se você quiser”, explicou.
“Você pode construir carros como os da F1 e então a única coisa que você poderia perder seria o ronco [do motor] e não acredito que as pessoas não pudessem encontrar algo para reproduzir mais ou menos o mesmo ronco da F1 de antigamente. Eles [o Liberty Media] precisaria ter colhões para fazer isso hoje. Eu acho que eles vão ter de fazê-lo”, finalizou o ex-chefe supremo da F1.
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