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Max Verstappen foi o grande nome da temporada 2016 do Mundial de F1. Em que pese o título conquistado por Nico Rosberg e as dez vitórias logradas por Lewis Hamilton, o menino holandês foi o verdadeiro protagonista de um ano intenso: promoção para a Red Bull, uma vitória histórica, recorde de ultrapassagens, polêmicas, críticas, mas, acima de tudo, de muita personalidade de um piloto que definitivamente tem todas as condições de um dia se tornar campeão mundial: talento singular, competência, destemor, brilhantismo, uma grande equipe por trás, muita força mental e um conhecimento técnico exuberante para alguém com tão pouca idade. Verstappen é, sem dúvidas, um grande fenômeno do esporte, como foram Michael Schumacher e Ayrton Senna.
Nas primeiras corridas do ano, Verstappen foi bem. E bem melhor na comparação com seu então companheiro de equipe, o não menos badalado Carlos Sainz. O melhor resultado de Max foi o sexto lugar no GP do Bahrein, logrado com um carro sem grande capacidade de potência em razão de um motor defasado. Veio então, duas semanas depois, o
GP da Rússia, que representou um marco para a Red Bull.
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Rosberg? Que nada… Verstappen foi o verdadeiro protagonista da temporada 2016 da F1 (Foto: Getty Images)
A grande mudança
A partir daquele mês de maio, a vida de Verstappen mudou. Mais do que a vida do holandês, a Red Bull cresceu demais de produção, e o próprio establishment da F1 foi impactado. E o fim de semana do GP da Espanha mostrou que, mesmo ainda tão novo, o menino Max tem o talento dos grandes da história da F1.
Mas a vitória na Espanha teria sido apenas um grande golpe da sorte? O próprio Max tratou de mostrar que não era nada disso.
Veio o GP do Canadá, e
Max se notabilizou por triunfar em uma bela disputa por posição com ninguém menos que Rosberg, que havia perdido algumas colocações nas primeiras curvas após um entrevero com Hamilton. Verstappen não se intimidou com o melhor carro e também a maior experiência do piloto da Mercedes e lutou bravamente para terminar em quarto lugar, à frente do alemão. Depois de ter sido o ‘Piloto do Dia’ no vencedor GP da Espanha, Max repetia a façanha também em Montreal.
Verstappen voltou a brilhar em um grande GP da Malásia,
quando disputou de forma bastante limpa, porém dura, com Ricciardo pela posição que, voltas depois, viria a ser a liderança da prova — em razão do abandono de Hamilton por conta da quebra do motor do seu carro. No fim das contas, Daniel levou a melhor e venceu sua primeira e única corrida na temporada, mas a performance sempre ousada de Max lhe valeu, além do segundo lugar, novamente o prêmio de 'Piloto do Dia'.
Max teve performances de muito destaque também no GP do Japão, onde garantiu outro segundo lugar — sendo novamente o Piloto do Dia em Suzuka — e também no GP dos Estados Unidos, onde uma quebra em Austin lhe tirou outra grande chance de novamente subir ao pódio. Até que veio o GP do México, sonolento em sua maior parte, mas explosivo nas voltas finais.
Protagonista até na ‘treta’
Ousado, Verstappen não ‘pipocou’ nem quando teve a chance de brigar por posição com Rosberg, quando os dois quase se tocaram. Depois, nas voltas finais, Max disputou de forma duríssima contra o rival Vettel, a ponto de passar reto pela grama na área de escape e ganhar vantagem contra o alemão, cruzando a linha de chegada em terceiro lugar.
Seb disparou xingamentos pelo rádio a meio mundo, de Max até Charlie Whiting, em uma cena que ficou eternizada. Outro momento que certamente ficará na retina do fã de F1 por muitos anos aconteceu pouco depois.
Max já estava na sala se preparando para subir ao pódio quando soube que havia sido punido pela manobra na disputa com o alemão e, de terceiro lugar, havia caído para quinto. Com cara de quem não tinha entendido nada, Max saiu de cena e viu Vettel no pódio. Pódio que não valeria de nada ao alemão por conta de outra punição recebida, desta vez por uma batalha contra Ricciardo, que acabou herdando o terceiro posto no Hermanos Rodríguez.
Max Verstappen recebe notícia da perda do pódio no México (Foto: Reprodução)
O ímpeto de Verstappen assustou tanto os concorrentes que provocou uma cena controversa.
Dias antes do GP do Brasil, Toto Wolff ligou para Jos Verstappen, pai de Max. O chefão da Mercedes disse à época que se tratava de uma conversa normal, sobre os filhos, sobre as corridas, sobre a vida… mas o recado era um só: que o filho Verstappen não atrapalhasse a luta entre Hamilton e Rosberg. O medo de Wolff era que um toque do holandês em um dos carros pudesse ser decisivo para o título. Porém, por mais que Wolff tivesse tentado apagar a estrela de Max, o efeito causado por aquela ligação polêmica —
que irritou muito Christian Horner — foi exatamente o contrário.
No melhor estilo Senna, Max dá show em Interlagos
O GP do Brasil estava cercado de expectativa porque poderia definir Rosberg como campeão. Para completar o clima em Interlagos, a chuva contribuiu para deixar a corrida em Interlagos ainda mais memorável. Hamilton, que precisava vencer para levar a decisão do título para Abu Dhabi, fez o que dele se esperava: uma prova irretocável em meio ao caos com duas bandeiras vermelhas e muitas batidas na Subida do Café. Mas o grande nome da prova não foi Lewis.
Verstappen deu um show, digno de lendas como Schumacher e Senna. Não é exagero algum comparar o que fez o holandês naquelas voltas finais do GP do Brasil. Ali, mais do que em qualquer outra corrida do ano, Max provou que é mesmo um grande fenômeno da F1. Com uma performance de gala, Max não se intimidou com a pista encharcada ao fazer uma grandiosa ultrapassagem sobre Rosberg na Curva do Sol. Mas a Red Bull falhou na estratégia de pneus e optou por fazer Max usar pneus intermediários. A pista estava encharcada demais.
Verstappen duelou com Rosberg e realizou performance exuberante em Interlagos (Foto: Clive Mason/Getty Images)
Então, o jovem taurino teve de voltar aos boxes para calçar outro jogo de pneus de chuva forte. E aí começava outro show. Na volta 55, Verstappen, com a parada nos boxes, caiu para 14º. Sem tomar conhecimento dos seus adversários, Max passou um a um: Esteban Gutiérrez, Pascal Wehrlein, Valtteri Bottas, seu parceiro Ricciardo, Daniil Kvyat, Esteban Ocon, Felipe Nasr, Nico Hülkenberg, Sebastian Vettel — com direito a uma esparramada sobre o alemão na subida da Junção —, Carlos Sainz e, nas três voltas finais, Sergio Pérez. Um terceiro lugar, só atrás de Hamilton e Rosberg, mas com o doce gosto da vitória.
Com o bom quarto lugar no derradeiro GP da temporada, em Abu Dhabi, Max fechou 2016 em quinto lugar no Mundial de Pilotos, com 204 pontos, apenas oito a menos que o badalado Vettel, considerando que Verstappen fez as quatro primeiras corridas pela mediana Toro Rosso. Com uma vitória e outros seis pódios, o
jovem prodígio coroou um ano grandioso, fechando de vez com a conquista dos prêmios de ‘Personalidade do Ano’, pela terceira vez consecutiva, e de ‘Manobra do Ano’, referente à grande ultrapassagem sobre Rosberg em Interlagos. Em Viena, Max era duplamente laureado na festa de gala da FIA.
Max Verstappen foi duplamente laureado durante a festa de premiação da FIA em Viena (Foto: FIA)
E Verstappen merece mesmo todos os louros por uma temporada brilhante e genial. Uma prova disso é o número de ultrapassagens feitas ao longo do ano: nada menos que 78, sendo 18 pela Toro Rosso nas quatro primeiras corridas do ano e, desde o GP da Espanha, 60 com a Red Bull. Números jamais alcançados por outro piloto em uma temporada na F1 desde que a estatística passou a ser aferida, em 1983.
Trata-se ainda de um garoto, que certamente vai melhorar muito ao longo da sua carreira. Mas com uma capacidade de trabalho excepcional e um talento singular, Max veio para ficar e quebrar paradigmas. Como bem disse Horner, o holandês perturbou o establishment da F1 e, por isso, recebe muitas críticas. Algo natural em um meio tão conservador e muitas vezes avesso às mudanças na ordem natural das coisas. Seja como for, não dá para negar: cedo ou tarde, Verstappen chegará ao Olimpo do automobilismo mundial e conquistará não só um, mas muitos títulos mundiais.
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