Guia F1 2018: Räikkönen e Bottas têm mesmo cargo, mas posturas diferentes: variando entre conformismo e ilusão

Eles têm vários pontos em comum: são finlandeses, entraram em equipes grandes na F1 substituindo campeões mundiais e, na atualidade, são os pilotos que têm a obrigação de ajudar a dupla favorita ao título, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton. Mas, no discurso, Kimi Räikkönen e Valtteri Bottas entram na temporada 2018 da F1 com vontades diferentes. Resta saber se serão capazes de transformar desejo em realidade na pista

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Sebastian Vettel e Lewis Hamilton são os protagonistas do Mundial de F1. Em 2017, a briga foi entre esta dupla do começo ao fim, entre março e novembro, e nenhum outro piloto sequer ameaçou quebrar este domínio. Mas, diferentemente de 2016, quando também eram apenas dois nomes tentando conquistar o título, Hamilton e Vettel não possuíam o mesmo carro. Nico Rosberg, dono da taça de dois anos atrás, estava na mesma Mercedes que o britânico. Então, por que nenhum outro carro, que fosse o segundo da Mercedes, ou o segundo da Ferrari, se incluiu na briga?  

Essa é a resposta que Kimi Räikkönen e Valtteri Bottas buscam apresentar durante os próximos meses.

Valtteri Bottas (Foto: Xavi Bonilla/Grande Prêmio)

Eles têm bastante em comum – além do fato de serem finlandeses, é claro. Os dois representantes do país nórdico na F1 chegaram à equipes grandes na categoria após a saída de um campeão, por exemplo. Räikkönen, no já longínquo 2001, estreou pela Sauber e, um ano depois, foi alçado ao posto de titular da McLaren após a aposentadoria de Mika Häkkinen. Já Bottas foi pego de surpresa em 2017, quando foi contratado pela Mercedes após a aposentadoria repentina de Nico Rosberg.

Outro fator – e esse, sim, decisivo para 2018 – é o de que eles ocupam os lugares mais privilegiados entre os que não brigam pelo título. E aí que começam as diferenças: se toda a impressão que se tem é que nenhum dos dois vai desafiar Vettel e Hamilton, Kimi está bem com isso, enquanto Bottas, 10 anos mais novo e sem um título no currículo, sonha com o próximo passo.

Kimi Räikkönen (Foto: Ferrari)

Räikkönen parece estar satisfeito com seu papel na F1 atual. Dificilmente vai ao pódio, mesmo com um dos quatro melhores carros do grid – esteve em um dos três degraus menos vezes que Daniel Ricciardo, por exemplo, em 2017. Quando renovou seu contrato por mais uma temporada com a Ferrari, em agosto do último ano, muitos não entenderam por que a escuderia italiana fez essa opção. 

A resposta é possível de ser captada pela mudança de postura de Räikkönen: agora pai de família, não é mais o 'festeiro' que fez fama na F1 pelas bebidas e baladas. Aos 38 anos, ganhar seu salário, dar condições para sua esposa e seu filho e simplesmente ajudar Vettel a brigar pelo título parecem suficientes para ele.

Nem todos os 20 pilotos no grid da F1 vão brigar pelo título. E nem todas as vagas nas principais equipes são ocupadas pelos melhores pilotos. Elas também possuem donos que sabem ler situações, entender papéis. E Räikkönen amadureceu o suficiente para ser capaz disso. O nórdico não precisa brigar pelo título. Mas Kimi precisa ser o cara que ajuda alguém que, hoje, é melhor que ele. E se sente bem assim.

Que outro piloto traria experiência, qualidade e aceitação de que não tem chances de brigar pelo título, o pacote completo, para a Ferrari? Fernando Alonso não aceitaria isso, nem Daniel Ricciardo e nem Max Verstappen. Qualquer outro com uma primeira chances em time grande gostaria de ir além. Räikkönen entrega o que a escuderia italiana quer. É simples. Por isso, cumpre mais um ano de contrato com Maranello.

Kimi Räikkönen (Foto: Ferrari)

Da aceitação e conformismo para o sonho e, talvez, ilusão. O outro finlandês do grid ainda tem 28 anos, e esse é um detalhe importante.

Bottas ainda não tem título mundial, tem apenas um ano em equipe grande no currículo e muitos duvidam de sua capacidade. Fatores pelos quais Räikkönen não passa mais, mas que, para Bottas, são fundamentais.

Por isso, apostou alto: prefere declarar que sonha, sim, com o título. Que pode, sim, destronar Lewis Hamilton. Que é um dos grandes e que o duelo pode virar batalha entre três pelo título.

Valtteri Bottas (Foto: AFP)

"Eu quero vencer o maior número de corridas que eu puder", disse ao ser ouvido pelo GRANDE PRÊMIO, durante os testes coletivos em Barcelona. Essa frase descreve o que Valtteri pensa e deseja – mas, se analisada com cuidado, pode ser levada para a realidade que ele provavelmente encontrará.

"Que eu puder": esse detalhe, o do verbo 'poder', implica algo gigante. O fato é que Bottas terá de conquistar a Mercedes, provar que pode, sim, bater de frente com o inglês. Terá, certamente, a igualdade de condições a seu favor. Mas terá de trabalhar mais que em 2017.

Entre conformismo e ilusão, essas são as expectativas para os finlandeses para 2018 na F1. Resta ver qual cumprirá seu papel e qual sofrerá um baque. Ou se ambos serão capazes de surpreender. Os dois entregam mistério, portanto, e isso é ótimo para que a história da próxima temporada da F1 seja grandiosa e interessante.

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