Na Garagem: Senna abria rumo ao tri na última prova antes da Era Schumacher

Há 24 anos, Ayrton Senna venceu o GP da Hungria, decisivo para encaminhar o terceiro e último título de sua carreira. Mas o mais curioso é que se tratou da última prova antes da estreia de Michael Schumacher na F1. Foi na corrida seguinte, na Bélgica, que o alemão estreou. E anos depois, ele se tornaria o maior vencedor de todos os tempos

O campeonato mundial de F1 de 1991 chegou a Hungaroring para a sua décima etapa no dia 11 de agosto. Até então, a temporada podia ser dividida em duas partes.

Nas quatro primeiras etapas, Ayrton Senna emendou quatro vitórias — EUA, Brasil, San Marino e Mônaco. Para facilitar ainda mais a vida do brasileiro, Nigel Mansell teve um acidente em Ímola e quebras de câmbio nos EUA e no Brasil. Pontuando apenas em Mônaco, o inglês viu o brasileiro abrir 40 × 6 na tabela.

A prova do Canadá foi o divisor de águas dessa primeira parte da temporada. Em Montreal, Senna teve problemas no alternador e abandonou pela primeira vez no ano. Mansell dominou a prova de modo categórico e impunha mais de 1 minuto de vantagem para a Benetton de Nelson Piquet, mas perderia a corrida por um motivo tacanho: o inglês esbarrou na chave elétrica do carro e parou na pista faltando meia volta para a bandeirada.

Senna à frente das Williams de Mansell e Patrese (Foto: ASE)
Dali em diante, Mansell começou a encurtar os 33 pontos de diferença no campeonato. No México, chegou em segundo e deixou o brasileiro atrás dele, em terceiro. A Williams resolveu os problemas de confiabilidade do carro, e Riccardo Patrese conseguiu a primeira vitória da equipe de Grove em 1991 em terras astecas. Os dois estavam separados por 31 pontos.
 
Com as vitórias no começo da temporada europeia — França, Inglaterra e Alemanha —, Mansell viu renascer as esperanças de finalmente ser campeão do mundo após 12 anos de carreira. Para auxiliar na tarefa, Patrese foi segundo na Alemanha – tirando, assim, alguns pontos importantes de Senna.
 
Já para o brasileiro, a situação não era nada boa nessa segunda fase da temporada. Sem as quebras, o equipamento da Williams era muito superior. O motor Renault tinha a mesma potência, mas era muito mais leve. A suspensão ativa tornava o carro da Williams aerodinamicamente melhor nos circuitos de média e alta velocidade. 
Senna comemora vitória na Hungria em 1991 (Foto: ASE)
Para equilibrar tentar as coisas, a McLaren colocava o mínimo de combustível no tanque de Senna. A medida, além de não ajudar, piorou a situação. Senna ficou sem gasolina na última volta na Inglaterra e na Alemanha. Era segundo e acabou em quarto em Silverstone; em Hockenheim, era quarto e acabou fora dos pontos. Esses dois erros de estratégia da McLaren enfureceram Senna: 6 pontos dados de graça para Mansell. Após a corrida alemã, a vantagem de Senna na tabela era de apenas 8 pontos: 51 × 43.
 
Quando a F1 desembarcou em terras húngaras, o campeonato estava aberto. Uma nova vitória de Mansell, com Senna fora do pódio, deixaria a disputa próxima de um empate. O brasileiro sabia que o GP da Hungria era fundamental na luta pelo título. Para sua sorte, o traçado apertado de Hungaroring era melhor para a sua McLaren. Sem retas longas, Mansell não iria desfrutar da potência e da leveza do seu motor Renault.
 
Senna deixou claro que iria aproveitar a chance: cravou a pole com 1min16s147, colocando 1s2 na dupla da Williams. Patrese, apenas 0s010 de segundo à frente do Leão, largou em segundo. O italiano largou muito bem e estava lado a lado no fim da reta. O brasileiro fechou a porta numa manobra muito agressiva e manteve a ponta.
 
Depois disso, Senna, Patrese, Mansell, Alain Prost, Gerhard Berger e Jean Alesi mantiveram as seis primeiras posições idênticas ao grid de largada. Hungaroring começava a fazer sua fama de corridas sem muitas alterações após a largada. Mudanças de posição foram causadas apenas por fatores extra-pista: Alesi entrou para os boxes na volta 25, e na volta 28, Prost foi traído pelo motor da sua Ferrari.
 
Nas voltas finais, Mansell encostou em Patrese e Senna. No giro 48, Patrese abriu a porta para Mansell e permitiu que seu parceiro tentasse trazer a diferença para 4 pontos se vencesse a corrida – em vez de ver a distância aumentar para 14 pontos caso ficasse em terceiro atrás do italiano. 
Senna comemora vitória na Hungria em 1991: a prova que lhe encaminhou o tri e a última sem Schumacher na F1 (Foto: ASE)
O gesto nobre do italiano não teve efetividade: Mansell ficou 29 voltas fustigando Senna sem conseguir a ultrapassagem. Senna conseguiu estancar a queda da diferença. Faltavam seis provas para o fim do campeonato, e a diferença era de 61 × 49 em favor do brasileiro.

A curiosidade da vida: justamente a corrida que encaminhou Senna para seu terceiro título na F1 foi a última sem o nome Michael Schumacher na tabela até Interlagos 2006, a primeira aposentadoria do heptacampeão. Na prova seguinte, na Bélgica, o alemão era chamado pela Jordan para então chacoalhar a F1.

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