Opinião GP: Decisão de não chamar safety-car em abandono de Sutil mostra como FIA pode interferir em corridas e título

FIA mostra com frequência como toma decisões subjetivas e inconstantes, postura que deixa equipes e pilotos sem saber como se comportar, desagrada aos fãs e ainda pode mudar radicalmente o rumo de um campeonato

 POR TRÊS VOLTAS, a Sauber de Adrian Sutil permaneceu atravessada em plena reta dos boxes em Hockenheim durante o GP da Alemanha deste domingo (20). Depois de rodar e não conseguir retornar à disputa da décima etapa do campeonato, o alemão já nem estava no carro, cuja posição era um tanto perigosa. Uma claríssima situação em que se mostrava necessária a intervenção do safety-car, mas Charlie Whiting optou por manter o carro de segurança nos boxes.

A pitoresca cena da Sauber estacionada no início da reta durou alguns minutos, quando piorou: três fiscais atravessaram a pista correndo para tentar colocar em ponto morto a Sauber e empurrá-la para a pequena portinhola que a colocaria, enfim, em uma posição segura.

Ali, ficou mais do que evidente o poder que a FIA tem de interferir no desfecho de uma corrida e até mesmo de um campeonato — seja acionando o safety-car ou não, ou então por meio das muitas punições que tem aplicado aos pilotos.

No caso do GP da Alemanha, a direção de prova preferiu manter o safety-car nos boxes para tentar não bagunçar a ordem da corrida e com isso provocou uma situação temerária. A atitude refletiu também uma enorme incoerência no tratamento que é dado à segurança.

Adrian Sutil desce do carro após rodar e abandonar GP da Alemanha (Foto: AP)

Há duas semanas, no GP da Inglaterra, Kimi Räikkönen perdeu o controle do carro e bateu em um ponto improvável. O guard-rail ficou danificado e, para que fosse reconstruído, foi preciso esperar uma hora até o reinício da prova. Era muito improvável que alguém batesse novamente no mesmo lugar, mas a postura zelosa foi correta. Deve-se sempre colocar a segurança como prioridade, afinal, “motorsport is dangerous”, como alerta a credencial de quem tem acesso ao paddock da F1.

Em Hockenheim, colocou-se em risco a segurança de Sutil e do carro da Sauber, dos demais pilotos e dos fiscais. Lewis Hamilton e a Mercedes, imaginando que o safety-car trabalharia, inclusive foram rapidamente aos boxes para realizar seu último pit-stop e tentar dar um bote na base da estratégia: com pneus supermacios novos e sem diferença para os adversários à frente, teria uma grande chance de conseguir mais do que o terceiro lugar. Mas ele não teve essa oportunidade. A opção foi por manter a larga vantagem que Rosberg tinha.

A decisão chama ainda mais a atenção por outra razão: a partir do próximo ano, as relargadas serão paradas, o que significa que a chance de uma decisão como essa mudar o destino de uma corrida será ainda maior. O argumento inclusive é que é preciso melhorar o espetáculo e que, com as atuais relargadas lançadas, há poucas mudanças de posição. O espetáculo poderia ter sido ainda melhor neste domingo não fosse a postura medrosa da FIA.

Presente em menor escala neste fim de semana, mas também sinal da incoerência da FIA, é preciso mencionar a questão dos limites da pista. Diversas vezes ao longo dos treinos, da classificação e até mesmo da corrida, pilotos passaram com as quatro rodas além da linha branca nas curvas 1, 10 e 17.

A cobertura completa do GP da Alemanha no GRANDE PRÊMIO
As imagens do domingo da F1 em Hockenheim
icone_TV Automobilismo na TV: a programação do fim de semana

Nos dois últimos GPs, na Áustria e na Inglaterra, tal ato resultaria na anulação praticamente imediata dos tempos de volta dos pilotos pelo desrespeito aos limites da pista. Mas, na Alemanha, um memorando de Whiting para os times informou que a interpretação da entidade era de que a natureza das zebras do Hockenheimring era diferente das do Red Bull Ring e de Silverstone e não permitia benefícios aos infratores.

Da próxima vez, as equipes vão pensar três vezes antes de chamar o piloto aos boxes em algum incidente que configure situação de risco e, consequentemente, de safety-car, por não saberem qual será a postura da direção de prova. Bem como os pilotos cada vez menos sabem qual o limite para suas ações ao volante de seus carros.

As decisões da FIA tem se mostrado extremamente subjetivas e inconstantes, e isso já vem de algum tempo. A entidade sempre se mostra disposta a colaborar para com o show da F1, mas vive tomando atitudes extremamente impopulares. A incoerência entre o discurso e os atos dos homens que vestem a camisa branca com o logo azul no peito apenas prejudica a imagem da categoria perante aos fãs e, nesse ritmo, ainda vai acabar sendo decisiva para um campeonato.

  BLOGS DO GRANDE PRÊMIO
Flavio Gomes: É tetra!
Victor Martins: Hoje é dia de Hockenheim, bebê

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
 

Siga o GRANDE PRÊMIO      Curta o GRANDE PRÊMIO



Saiu o pacote de viagem do GRANDE PRÊMIO para a corrida decisiva da temporada.
Clique e consulte as vantagens

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.