Opinião GP: Grande estrela de 2014, Mercedes prova que F1 pode ter disputa limpa e justa entre companheiros de equipe

Lewis Hamilton e Nico Rosberg aceleraram, brigaram, dividiram curvas e até bateram roda em 2014, mas a Mercedes jamais os impediu de darem um show para os milhões de fãs da F1 ao redor do mundo. Através da confiança em seus pilotos e da colaboração dos dois, a equipe alemã trabalhou em prol do esporte e foi a grande estrela da temporada

 MUITO MAIS DO QUE O BICAMPEÃO Lewis Hamilton, foi a Mercedes a grande estrela da temporada 2014. Pelo carro que fez, pelas marcas históricas que alcançou e, principalmente, pelo modo como lidou com um campeonato que começou na Austrália fadado a ser um dos mais chatos e previsíveis de todos os tempos.

Depois de um ano dominado por Sebastian Vettel e a Red Bull, a pior coisa que poderia acontecer para a F1 era a nova era dos motores V6 turbo e das tecnologias híbridas começar com um domínio semelhante. Péssimo do ponto de vista da audiência, que certamente perderia o interesse. Não que mereça ser colocado entre os melhores das seis décadas e meia de existência da categoria, mas grande parte do campeonato ter sido ótimo se deve à postura dos dirigentes da Mercedes.

Niki Lauda e Toto Wolff tiveram papel importante na Mercedes campeã de Pilotos e Construtores (Foto: Beto Issa)

Com a saída de Ross Brawn, o homem que montou este time vencedor, o comando da equipe passou a ser feito por Toto Wolff, Paddy Lowe e Niki Lauda. Toto e Paddy, responsáveis diretos pelo dia-a-dia da escuderia, nunca haviam ocupado função de tamanha importância antes — embora este último tenha passado anos como um dos principais diretores da McLaren, inclusive lidando diretamente com o desenrolar do SpyGate em 2007.

Foi no Bahrein que as intenções do trio ficaram evidentes. No fim da prova, Paddy anunciou-se no rádio dos dois pilotos e cobrou que ambos vissem a bandeirada. Hamilton e Rosberg dividiram curvas várias vezes e quase se tocaram em alguns momentos até que o inglês vencesse.

O mundo da F1 ficou encantado com uma batalha tão acirrada, e o discurso da Mercedes depois daquilo era bom demais para ser verdade: os dois continuariam tendo toda aquela liberdade.

A surpresa se deu pelo trauma geral de anos recentes, em que controversas ordens de equipe marcaram e geraram enorme repercussão negativa. Ou então pelos tratamentos desiguais por vezes dado a companheiros de equipe sob a justificativa de que é necessário favorecer um piloto.

Tendo produzido um carro tão bom como o F1 W05 Hybrid, a Mercedes se deu ao luxo de liberar os dois para a briga. Wolff disse mais de uma vez que tal postura era uma obrigação da montadora com os fãs da categoria, que queriam ver disputas na pista. Hamilton e Rosberg só tinham a obrigação de continuar entregando dobradinhas corrida após corrida — o que aconteceu em rigorosamente todas as corridas em que o time não foi atrapalhado por algum problema mecânico. E não podiam se tocar.

A Mercedes quase perdeu a mão do negócio em três momentos: na classificação para o GP de Mônaco, quando uma saída de pista de Rosberg impediu Hamilton de tirar-lhe a pole e causou suspeita; na Hungria, quando o inglês desrespeitou uma ordem de equipe que poderia ter dado a vitória a Rosberg para garantir que faria mais pontos; e na Bélgica, com o tão esperado toque.

Hamilton e Rosberg superaram as diferenças e viram que é possível coexistir (Foto: Reprodução/Twitter)

Wolff já admitira que não sabia como reagiria no momento em que os dois se encontrassem fisicamente na pista, e é verdade que, no calor do momento, pareceu não ter total controle da situação após as provas da Hungria e da Bélgica, especialmente. Mas dentro de quatro paredes e com tempo para refletir, a cúpula da Mercedes fez o improvável: acalmou a guerra.

Foi impressionante o modo como Hamilton e Rosberg ficaram mais tranquilos na reta final. Demonstraram mais respeito um pelo outro, evitaram trocar acusações. Estava claro que a relação não era mais tão boa quanto antes — a amizade da infância ficou arranhada —, mas o profissionalismo falou mais alto, as diferenças foram deixadas de lado e o fato é que a dupla continuará junta por pelo menos mais um ano.

É de se elogiar demais a atitude destes dois pilotos, que souberam representar uma das empresas mais importantes do mundo com dignidade e com a consciência de que é o melhor lugar em que podem estar. Rosberg, por iniciativa própria, foi até a antessala do pódio cumprimentar Hamilton pelo bicampeonato. Hamilton fez questão de ressaltar como o adversário o obrigou a elevar seu jogo ao longo de 2014.

Tudo isso é mérito da gestão e do voto de confiança que foi dado por Toto, Paddy e Niki aos dois. A estrela de três pontas brilha forte como nunca no céu do Mundial de F1 após uma temporada perfeita.

Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.


Siga o GRANDE PRÊMIO      Curta o GRANDE PRÊMIO

BICAMPEÃO

A esperança de Nico Rosberg não durou mais de 50 metros ou 3 segundos. Sua horrível largada no GP de Abu Dhabi deste domingo (23) deu de bandeja — sem bebida alcoólica — a liderança para Lewis Hamilton. Se em nenhum momento o alemão esboçava qualquer reação, o carro passou a apresentar um problema no ERS. Já era.

A falha de Rosberg significaria nas condições normais dizer que Hamilton conquistou seu segundo título com mais uma vitória tranquila. Mas Felipe Massa estava empolgado como há tempos não se via. Com uma Williams andando no ritmo da Mercedes, tentou caçar a vitória depois de liderar a prova. Faltou pouco. Ao menos, Massa conquistou seu melhor resultado desde o GP do Japão de 2012 e o terceiro pódio na temporada.

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

MELHOR SENSAÇÃO NO MELHOR DIA DA VIDA

Lewis Hamilton não conteve a lágrimas em Abu Dhabi. Na entrevista conduzida pelo ex-piloto Martin Brundle, Lewis agradeceu aos fãs e disse que vive o melhor dia de sua vida. “Uma coisa que quero dizer é um muito obrigado a todos os fãs que vieram até aqui, todas as bandeiras, bonés, fizeram a diferença. Todos os meus amigos, meus pais, minha mãe está em casa. Não consigo explicar. Sinto ainda mais que o primeiro. Parece que foi a primeira vez”, disse o recém-coroado campeão.

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

É SÓ O COMEÇO PARA 2015

O ano do renascimento da Williams terminou como a equipe poderia imaginar em alguns de seus pensamentos mais otimistas. O primeiro pódio duplo do time de Grove desde 2005, com Felipe Massa em segundo e Valtteri Bottas logo atrás. Além de um grande ano para a Williams, a segunda metade de 2014 foi também de recuperação de Massa. E o GP de Abu Dhabi finalizou o ano em alta.

"A prova foi fantástica para nós. Eu não esperava ter esse ritmo, especialmente com os mesmos pneus. Lewis estava um pouco rápido demais. Foi perto, um bom começo para o ano que vem", disse.

Leia a reportagem completa no GRANDE PRÊMIO.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular!Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra, Escanteio SP e Teleguiado.