Opinião GP: No jogo de tabuleiro da F1, Mercedes e Ferrari usam tática e sorte com peças de alto padrão

O GP do Bahrein apresentou um cenário dos mais interessantes na disputa na ponta de cima da tabela da F1. A Mercedes, antes apontada como favorita absoluta e dona de um carro dominante, revelou suas fraquezas em Sakhir. A Ferrari tirou proveito de novo e tem em um piloto bem acima da média seu grande triunfo. As peças estão na mesa, e o campeonato mesmo caminha para uma briga tensa na busca pelas melhores jogadas

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 A F1 2018 VIROU UM INTERESSANTE JOGO DE TABULEIRO. E um jogo tenso protagonizado pelas duas principais equipes do grid. Com forças distintas em suas garagens, ambas estão agora em meio a uma busca pelo lance mais certeiro, aquele que impede a reação da rival. Para isso, vêm usando sem muita cerimônia suas peças de maneira inteligente e tirando proveito dos erros. A verdade é que não há mais favoritismos. E foi isso que o GP do Bahrein mostrou neste domingo

 
Apontada como grande favorita e dona do melhor do carro do grid, a Mercedes ainda procura entender esse jogo. O ponto mais forte do time alemão atende por Lewis Hamilton. Não há muita dúvida. Depois de um 2017 quase sem erros e com a cabeça no lugar, o inglês tem plena confiança na equipe, é velocíssimo e combativo, como mostrou na recuperação em Sakhir. Mas precisa de um carro que o acompanhe. E está aí a grande questão que assola a esquadra prateada. O W09 nasceu melhor que o W08 e com a esperança de não carregar a ‘personalidade’ instável de seu antecessor. Só que não é o que vem acontecendo. 
 
E a performance do carro prata em Sakhir é a prova. Mas, para entender, é preciso voltar um pouco no tempo. Lá na Austrália, Hamilton liderou treinos, cravou uma pole espetacular e vinha fortíssimo na corrida. Mesmo quando ficou atrás, conseguiu imprimir um ritmo consistente e encostar no rival, dando a entender que possuía nas mãos um supercarro. É bem verdade que a ultrapassagem não veio, um tanto pelas características singulares do circuito do Albert Park. E é exatamente essa particularidade que levanta agora dúvidas sobre esse desempenho todo da Mercedes. Isso porque, depois de apresentar aquela performance na etapa australiana, a equipe alemã simplesmente não se encontrou no Bahrein, onde, curiosamente, há uma pista verdadeira, com asfalto adequado e pontos de ultrapassagem.
Lewis Hamilton é o elemento mais importante do jogo da Mercedes na F1 (Foto: Mercedes)
Acontece que as temperaturas mais altas e a composição nova do pneu supermacio afetaram mais profundamente esse W09. A verdade é que a esquadra teve de lidar com problemas de superaquecimento e não obteve a aderência necessária. Ou seja, uma das peças mais importantes do jogo da Mercedes tem suas fraquezas. E, ao contrário do que falou o chefe Toto Wolff, se trata, sim, de uma nova diva. Não tão atrevida e imprevisível quanto o carro do ano passado, mas é manhosa. Talvez uma versão mais madura. Ainda assim, é algo que vai custar tempo aos prateados. Um tempo que talvez não tenham. Seguimos. 
 
Além do bólido, a Mercedes tem outro ponto de incerteza: Valtteri Bottas. Em Melbourne, o finlandês cometeu um erro decisivo na classificação e se apagou a corrida. Neste domingo, o nórdico foi o cara que testou a estratégia da equipe prata, andou mais que o colega inglês e chegou a ameaçar o líder Sebastian Vettel. Ou seja, Bottas é uma peça difícil de usar e movimentar neste tabuleiro. Mas, certamente, sua presença é decisiva para os alemães. 
 
Do outro lado, está a Ferrari. A equipe italiana parece, neste momento, dominar o jogo. Não tem o carro mais veloz, mas construiu um modelo equilibrado e que trata bem dos pneus. Qualquer tipo de pneus. Eis a primeira peça de Maranello. Mas a força mesmo do time está em Sebastian Vettel. Inteligente e integrado em Maranello, o tetracampeão aproveita bem as oportunidades que aparecem a sua frente, não teme a Mercedes e tem ótima leitura da corrida, além daquele senso de risco tão próprio dos grandes. As provas:  vitória improvável na Austrália e a decisão de seguir na pista no Bahrein. 

E, diferente da adversária, a Ferrari conta também com um segundo piloto que entende seu papel, e que vem andando bem o suficiente para se mover bem e conforme a necessidade. Tanto é assim que Kimi Räikkönen fez bem sua parte em Melbourne e vinha forte em Sakhir – possivelmente, perderia o pódio, mas esteve ali o tempo todo, sem erros ou queixas. 

Sebastian Vettel venceu a briu 17 pontos para Lewis Hamilton. O tetracampeão é a peça principal da Ferrari (Foto: AFP)
Neste domingo, a esquadra vermelha usou bem todas as suas peças, portanto. Foi ameaçada, sim, mas soube arriscar e mudar o rumo do jogo no momento em que falhou nos boxes. Curiosamente, um problema nos pits novamente ajudou o time. Se lá na Austrália, o desastre da Haas – parceira dos italianos – foi determinante para a vitória. O mesmo aconteceu em Sakhir. Mas dentro do próprio pit-lane. Percebendo a aproximação de Bottas e Hamilton e a ameaça real da perda da vitória se parasse uma vez mais, a equipe manteve Vettel na pista. E Seb completou sua parte, soube dosar bem o uso dos desgastados pneus macios e levou a SF71H ao triunfo na 200ª corrida de sua carreira na F1. 
 
Diante desse cenário, a Red Bull está fora do jogo. Ao menos por enquanto. Mesmo tendo um bom carro e uma dupla de pilotos das mais fortes, a equipe austríaca ainda falha. Não tem a confiabilidade necessária para encarar as duas ponteiras e vê em Max Verstappen um piloto ansioso demais neste início de temporada. Os dois erros nas duas primeiras provas do ano vão cobrar seu preço. 
 
Portanto, mais do que uma disputa corpo a corpo, o duelo entre Ferrari e Mercedes caminha para movimentos calculados de estratégia. E vai levar quem melhor ler o jogo. Sorte da F1 que as duas principais peças desse tabuleiro estão atrás de um quinto título mundial. 
Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
 

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