Opinião GP: Pela quarta vez em 2018, F1 vê corrida decidida em detalhe que muda rumo da disputa e expõe fraquezas

O jogo de tabuleiro que a F1 parece viver em 2018 acompanhou mais uma etapa em que as jogadas – certas e erradas – ficaram mais expostas nas decisões e nas atuações dos protagonistas. Porém, pela quarta vez, o Mundial acompanhou o acaso mudar toda a história e mostrar que esse é um campeonato louco

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O FIM DE SEMANA no Azerbaijão já se mostrava imprevisível desde os primeiros treinos livres. Primeiro, a Red Bull se mostrou forte e revelou ter um ritmo consistente para enfrentar as duas principais equipes. No sábado, a Ferrari se apresentou quase impecável, mas a Mercedes também soube reagir em uma classificação singular, que expôs outros personagens, para o bem, como o caso da Force India e até Williams, e para o mal, como a McLaren e a Toro Rosso. No domingo, a corrida contou uma outra história. Mas não se deixe enganar pela vitória de Lewis Hamilton. A prova azeri foi mais um exemplo assustador do quanto o imponderável vem interferindo decisivamente para tornar esse um campeonato, digamos assim, diferente.  
 
Pela quarta vez na temporada 2018, a F1 testemunhou uma corrida em que os detalhes desencadearam uma sequência de eventos para transformar a história. Na Austrália, o abandono da Haas permitiu o triunfo de Sebastian Vettel em cima de uma dominadora Mercedes; no Bahrein, o atropelamento do mecânico da Ferrari fez o mesmo Vettel arriscar e mudar de estratégia, para driblar a equipe prata, que até tinha acertado na tática, mas bobeou ao não perceber ali a chance de vitória com Valtteri Bottas; já na China, tanto a Mercedes quanto a Ferrari vacilaram no momento do safety-car devido a batida entre os dois carros da Toro Rosso. Como resultado, a Red Bull aproveitou a chance para levar a corrida – ao menos com Daniel Ricciardo. Agora, uma vez mais, o Mundial se deparou com uma mudança de script. Quando tudo parecia caminhar para as mãos de Vettel, eis que a mesma Red Bull se envolve em um acidente e altera o roteiro.
 
Desta vez, porém, as duas principais equipes reagiram bem ao acaso. Quando o SC surgiu devido ao incidente entre a dupla dos energéticos, Mercedes e Ferrari promoveram a troca de pneus de seus pilotos, os colocando em posição privilegiada para alçar voos maiores. E a casualidade ajudou a expor alguns detalhes sobre essa F1 2018. O primeiro deles: os erros dos protagonistas e seus pontos fracos. Hamilton errou durante a prova quando tentava se aproximar de Vettel antes do primeiro pit-stop. Ali havia praticamente selado seu destino. Mas acabou beneficiado pelo equívoco do rival, que também exagerou na mesma curva 1 no momento da relargada. E aí, sim, pôs tudo a perder. Cuidadoso depois, Lewis apenas levou o carro até o fim, sendo, então, agraciado com a vitória no infortúnio de Bottas. 
A largada do GP do Azerbaijão. So far, so good (Foto: AFP)
Agora, é líder do campeonato, algo difícil de imaginar até poucas semanas atrás, quando se viu a 17 pontos do ferrarista. Bem, Hamilton tem agora quatro tentos de vantagem, mas não tem o melhor carro nas mãos. Essa primazia fica para a SF71H. Outro detalhe importante deste início de Mundial. A Ferrari construiu um carro forte – mais do que provado no desempenho de corrida dos dois pilotos de Maranello – e veloz, são três poles até aqui e quatro primeiras filas. Do lado alemão, o W09 ainda se mostra difícil de entender e manhoso. Só que há de se elogiar a forma eficiente como os prateados trabalharam no fim de semana. Conseguiram amenizar o problema de ganho de temperatura e foram capazes de tirar mais dos pneus ultramacios.
 
Mas a corrida em Baku também revelou outras faces deste surpreendentemente bom campeonato. A Red Bull protagonizou a cena mais polêmica da corrida no acidente entre seus dois pilotos e deixou evidente que há certa preferência por Verstappen, uma vez que, ainda que mais rápido, Ricciardo foi chamando primeiro aos boxes, perdendo posição para o holandês. Ao tentar recuperá-la, veio o choque. O incidente também jogou mais luz em cima de Max, que vem tendo a agressiva pilotagem altamente questionada. No circuito da capital azeri, Verstappen se envolveu em diversos embates, foi duro, inclusive, com o companheiro. E um tanto impulsivo na manobra que culminou com a batida. O detalhe aqui é observar as vistas grossas que a Red Bull parece ter com relação ao jovem, que, sim, está colocando tudo a perder em um ano em que a inteligência nas decisões é o que separa a vitória da derrota.
A batida que mudou os rumos da corrida e expôs fraquezas e detalhes
E falando em fraquezas, tem-se aí a McLaren. É bem verdade que a equipe inglesa se mostra mais competitiva agora equipada com os motores Renault. Mas é o suficiente? Na tabela, o time aparece como quarta força, mas, na prática, não é o que se vê na pista. Fernando Alonso carrega a esquadra nas costas – e a corrida deste domingo foi uma prova disso. Stoffel Vandoorne esteve irreconhecível, apesar dos pontos somados. O acaso tem feito bem aos britânicos, mas não esconde suas deficiências. O mesmo acontece com a Renault. A equipe francesa tem em Nico Hülkenberg sua fortaleza, mas a falha na prova deste domingo coloca um ponto de interrogação em seu nome. Carlos Sainz salvou o time que vinha para um baita resultado. Novamente, as decisões erradas dando forma aos resultados.
 
A Haas também trilhou esse caminho tortuoso em Baku. Kevin Magnussen desapareceu em erros e toques com adversários, enquanto Romain Grosjean teve performance e comportamento bizarros. A falta de controle emocional do francês é alarmante e já o põe na berlinda. A Toro Rosso também parece que se desencontrou. Brendon Hartley, ainda que na zona de pontos, protagonizou uma das cenas mais perigosas do fim de semana durante a classificação, enquanto Pierre Gasly acabou envolvido em incidentes com Magnussen.
 
Por outro lado, Charles Leclerc enfim estreou. Tirou vantagem de uma corrida cheia de variáveis e se manteve firme no top-10, sem erros. Foi premiado pela grande atuação. O mesmo pode-se dizer da Force India, mas, especialmente, de Sergio Pérez. O mexicano foi ao pódio com uma manobra ousada em cima de Vettel no fim da corrida, mas a equipe indiana parece ter dado o salto de qualidade que precisava. A prova foi ter colocado seus dois carros no top-10. A Williams, que vem em uma temporada sofrível, viveu um fim de semana menos errático. Lance Stroll somou os primeiros pontos, mas ficou a impressão que se deu mais pela diversidade da pista do que por performance em si. A verdade é que os ingleses seguem um calvário. 
O pódio do GP do Azerbaijão (Foto: Force India)
Agora, a F1 parte para Barcelona, onde tudo começou em 2018. Palco tradicional da pré-temporada, o circuito espanhol pode revelar com maior nitidez a verdadeira face deste campeonato e mostrar que a primeira fase do ano se tratou apenas de uma fase louca e divertida. Mas a torcida é que o acaso continue aprontando das suas. 
Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.
 
 
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