Prefeito afirma que São Paulo só conseguiu manter GP do Brasil por causa de investimentos do governo federal

Em visita ao Autódromo de Interlagos, o prefeito Fernando Haddad disse que a cidade de São Paulo não teria como bancar a extensa reforma pela qual o circuito precisa passar para se adequar às exigências da F1: “Se não fosse o PAC do Turismo, estaríamos em uma situação complicada”

O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT-SP), disse nesta quinta-feira (16) que só vai ser possível realizar a extensa reforma exigida pela organização do Mundial de F1 no Autódromo de Interlagos por causa da verba que a cidade recebeu do Ministério do Turismo por meio do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).

No início do ano passado, Bernie Ecclestone ameaçou não renovar o contrato do GP do Brasil com São Paulo caso melhorias não fossem feitas na área de boxes e paddock. Após negociações, a Prefeitura e a FOM chegaram a um acordo que permitiu a assinatura de um vínculo que garante a corrida no calendário do Mundial até 2020.

Em visita para vistoriar o autódromo antes do GP do Brasil de 2014, que acontece em 9 de novembro, Haddad disse que assumiu a Prefeitura em um momento delicado no que dizia respeito à etapa brasileira da F1 e que teve de pleitear junto ao Ministério do Turismo verba para viabilizar as reformas. A pasta estava representada no evento pelo ministro Vinícius Lages.

Prefeito de São Paulo, Fernando Haddad visitou o autódromo de Interlagos nesta (Foto: Renan do Couto/Grande Prêmio)

“Vou te contar o que vivi desde que fui eleito. Estávamos em um momento delicado, porque o autódromo é muito querido pelos pilotos e as escuderias, mas havia uma defasagem tecnológica em relação a várias necessidades que não eram satisfeitas. Para viabilizar os investimentos, a Prefeitura, pela sua condição financeira, dificilmente conseguiria justificar o volume de recursos necessários para atender não às exigências da FIA, mas de modernização de um equipamento que estava defasado, principalmente do ponto de vista dos boxes e da segurança do autódromo”, relatou.

“Evidentemente que, se não fosse o PAC do Turismo, nós estaríamos em uma situação mais delicada, correndo até o risco de perder a F1 para outras cidades que se dispusessem ou tivessem condição de investir mais”, afirmou. Haddad citou que o Rio de Janeiro, o estado de Santa Catarina e até mesmo outras cidades latino-americanas, como Buenos Aires, manifestaram interesse em tirar a F1 de São Paulo.

Segundo o prefeito, a consciência de que era preciso buscar uma forma de manter a F1 em Interlagos o fez ir atrás do Ministério do Turismo para pleitear a verba para a cidade. O investimento federal foi de R$ 160 milhões.

A entrada dos boxes de Interlagos foi alargada. Obras estão na reta final (Foto: Renan do Couto/Grande Prêmio)

“Viabilizamos o maior pacote de investimentos no turismo paulistano, que sempre foi muito desconsiderado pela União, sendo São Paulo a cidade que mais recebe turistas no Brasil e a mais elogiada pelos turistas que visitam o Brasil. Tivemos o consentimento da presidenta, uma enorme boa vontade dos organizadores da F1, o próprio Bernie Ecclestone esteve comigo duas vezes”, disse.

“Desde que a prefeita Erundina trouxe de volta a F1 para cá, estão modernizando de uma forma muito própria e adequada um equipamento que é de enorme importância para a cidade”, completou.

O ministro Vinícius Lages afirmou que teve peso na decisão de destinar a verba para São Paulo a importância do GP do Brasil para o turismo da cidade e o fato de que a organização da prova foi considerada a melhor do Mundial de F1 na temporada 2013.

“A cidade de São Paulo é um dos principais pólos turísticos do país, de turismo de negócios e de eventos, e especificamente em Interlagos, já não era sem tempo que nós estivéssemos juntos recuperando esse parque esportivo. São Paulo tem competência para realizar eventos dessa magnitude. Ter realizado o melhor GP do ano passado qualifica ainda mais para pensarmos nesse equipamento de forma mais potencializada”, declarou.

"Sabemos que o automobilismo nacional é pujante e que Interlagos é sua meca. É uma estratégia que vem desde a disputa que nós fizemos para o Brasil sediar a Copa do Mundo, as Olimpíadas, e isso tem mudado a marca do Brasil no mundo, pro efeito de vender a marca Brasil", disse o secretário municipal de obras, Roberto Garibe. "Esta reforma agora tem essa importância toda. É um reconhecimento de que o que a gente faz aqui é GP do Brasil, é o nome do Brasil. Mas precisou de ter a sensibilidade e a compreensão e uma visão mais largada do Ministério do Turismo para isso acontecer", acrescentou a vice-prefeita Nádia Campeão.

A mudança da entrada dos boxes exigiu a construção de um muro de terra-armada de 300 metros de extensão e 10 metros de altura na parte externa da curva do Laranjinha (Foto: Renan do Couto/Grande Prêmio)

O pacote de melhorias inclui a reforma completa do prédio de boxes e a ampliação da área do paddock, além da construção de boxes auxiliares na parte externa da Curva do Sol — obras previstas para 2015. Para este ano, foi feito o recapeamento completo do traçado e adequações na entrada e na saída dos boxes e no pit-lane.

Nas palavras do prefeito, as mudanças vão permitir a São Paulo “pelo menos uma década de tranquilidade” com relação à permanência da F1.

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