Prévia: Mercedes corre no Canadá pensando em espantar dois fantasmas

A derrota mais doída que a Mercedes sofreu na temporada passada foi a do GP do Canadá, quando seus dois carros tiveram problemas mecânicos graves e não foram capazes de receber na frente a bandeirada. Agora, time terá a chance de ver se, enfim, se livrou de um problema que tanto a incomoda. Ao mesmo tempo, precisará de atenção redobrada para não repetir o erro de Mônaco

Freios e estratégia: estes são os dois fantasmas que volta e meia vem assombrando a Mercedes nos últimos tempos na F1. Problemas que provavelmente nem são tão graves, mas que ganham dimensão dentro de uma equipe que ficou tão acostumada a vencer.
 
Nos últimos 25 GPs, 21 foram vencidos pelas Flechas de Prata: 14 triunfos de Lewis Hamilton e sete de Nico Rosberg. Das quatro derrotas, metade teve a ver com estes dois problemas – fora as vezes em que, apesar deles, assim foi possível subir ao alto do pódio.
 
Portanto, a Mercedes precisará manter a cabeça no lugar para não cometer erros e provar para si mesma que não há nada a temer – enquanto vê a Ferrari se mexer e fazer as primeiras mudanças referentes à performance do seu motor V6 turbo.
Ricciardo recebe a bandeirada e comemora sua primeira vitória: surpreendente dentro do cenário que a F1 vivia em junho de 2014 (Foto: Getty Images)
Os freios
 
No Canadá, em 2014, a equipe sofreu. O circuito de Montreal é o que mais exige dos freios no calendário, com suas retas longas e freadas fortes para curvas de baixa velocidade. Isso, em uma pista que é cercada por muros, o que acaba por favorecer o superaquecimento dos freios.
 
Há um ano, ficou evidente como este era um ponto bem frágil: Hamilton abandonou e Rosberg passou metade da prova sendo atacado por Sergio Pérez e Daniel Ricciardo até ser ultrapassado pelo australiano e cair para a segunda posição.
 
Na corrida seguinte, na Áustria, o time fez dobradinha mesmo sem ter sido capaz de se classificar na primeira fila, mas tomando o máximo de cuidado com os freios. Temia por uma repetição do que havia acontecido no Canadá, ainda mais com o forte calor da região de Spielberg. E os freios tornaram a ser o centro das atenções depois que um disco de freio quebrou e mandou Hamilton para o muro na classificação em Montreal.
 
O que é chave nessa história é que os freios são ainda mais fundamentais com os V6 turbo: além da clara função de segurança por eles exercida, também há a contribuição para a potência do motor com o sistema de recuperação de energia.
 
Nenhum outro abandono foi motivado por falhas nos freios, mas eles não deixaram de assombrar os engenheiros de Brackley e, principalmente, os pilotos. Diversas vezes, e mais Hamilton do que Rosberg, foram flagrados reclamando dos freios durante as corridas – eles começavam a superaquecer e deixavam todos preocupados. Não é preciso ir mais longe do que duas semanas atrás para resgatar o exemplo mais recente: em Mônaco, o bicampeão chiou um bocado enquanto liderava a prova.

E lidar com a Ferrari em caso de um eventual problema técnico será bem mais difícil do que foi com Force India, Williams e Red Bull em 2014.

Hamilton terminou o GP de Mônaco frustrado pela vitória perdida (Foto: AP)
A estratégia
 
A derrota da Mercedes motivada por um erro de estratégia foi na Malásia, para Sebastian Vettel. O time abriu mão da posição de pista no safety-car das voltas iniciais e viu o alemão abrir o bastante para, com uma parada a menos, vencer.
 
Foi um erro, mas a performance da Ferrari em si é que ninguém esperava que fosse tão boa. O erro clamoroso, mesmo, foi o do GP de Mônaco com Hamilton. Rosberg ainda venceu, mas o inglês, verdadeiro merecedor da vitória no Principado em 2015, fechou em terceiro.
 
Duas semanas depois, a F1 chega a uma pista que tem características de traçados urbanos: muros próximos precedidos por freadas fortes, onde quem chegar mais perto da parede anda mais rápido. Não à toa, o histórico de acidentes e intervenções do safety-car é extenso – a probabilidade de entrada do carro de segurança na corrida  é de 50%. Logo, há o risco de se repetir a situação do GP de Mônaco.

“Em nome do time, esse erro deve ser colocado dentro do contexto — foi um único erro cometido em uma fração de segundos baseada em dados incorretos", defendeu Paddy Lowe, diretor-executivo da parte técnica da Mercedes. "Mas, na minha opinião, este time acerta mais que a maioria."

Hamilton não está preocupado: "Obviamente, foi uma grande decepção para mim e também para a equipe. Mas nós vamos aprender com isso e seguir em frente juntos, como sempre fizemos".

 
O que é importante
 
São 4.631 metros de pista no Circuito Gilles Villeneuve, em Montreal, separados por 16 curvas. Como as desacelerações são fortes, os já mencionados freios são extremamente importantes.
 
Além disso, a tração também é fundamental, afinal, trechos longos de alta velocidade são precedidos por curvas de baixa. Este, diga-se, é um ponto fraco do motor Ferrari em relação ao Mercedes. 
 
Enquanto isso, a aerodinâmica não é fundamental como em outros circuitos, uma vez que curvas de alta não fazem parte dos desafios em Montreal.
A Ferrari já mexeu no motor para tentar chegar ainda mais perto de Rosberg e Hamilton (Foto: AP)
Mexendo nos motores
 
Se a tração é um ponto fraco da Ferrari, natural imaginar que a equipe italiana tenha usado nessa área do seu V6 turbo os três primeiros tokens que gastou para atualizá-lo durante a temporada.
 
Todavia, se foi, mesmo, é segredo absoluto. Há duas semanas, Maurizio Arrivabene recusou-se a confirmar possíveis mudanças na unidade de força para a sétima corrida do ano. Mas é verdade que, antes do GP de Mônaco, o mesmo Arrivabene disse que era preciso dar um jeito nesta situação para evitar um pesadelo no Canadá. "Eu não quero ir para o Canadá com o mesmo problema de tração. Do contrário, será um pesadelo", comentou o italiano na ocasião. Agora, a confirmação de quais dos pilotos com motor Ferrari terão as novidades na traseira de seus carros virá apenas na tarde desta quinta, após a verificação técnica inicial da FIA em Montreal.
 
A informação do jornal ‘Sport Bild’ é que, com os ajustes, o motor italiano deve chegar aos 815 cavalos de potência, e estima-se que o Mercedes tem 830. A marca alemã levou para o Canadá a segunda unidade de força do ano para Hamilton e Rosberg, mas ainda não abriu o bolso para fazer mudanças em seu propulsor. Portanto, nada de mudanças neste âmbito também para a Williams de Felipe Massa e Valtteri Bottas.
 
A Honda também fez mudanças no seu V6, gastando dois ‘tokens’. A ideia é contar com mais potência, porém a McLaren sabe que ainda não deve ser o bastante para se destacar em uma pista rápida como a que vem aí. “Eu sei que nós precisamos de mais potência, mas não é fácil encontrar isso. Por isso temos de trabalhar de forma diferenciada em um circuito de alta velocidade como este”, disse Yasuhisa Arai, diretor de automobilismo da montadora japonesa.
Hamilton sempre anda muito forte em Montreal (Foto: Getty Images)
Favoritismo prateado
 
Ainda assim, impossível tirar o favoritismo da equipe que colocou seus dois pilotos no pódio em todas as seis corridas disputadas – algo inédito na F1 moderna para começar um campeonato. 
 
Dentro disso, claro que Rosberg conseguiu marcar a pole em 2014, e por isso não pode ser descartado. Mas Montreal ainda é um circuito que Hamilton domina. Venceu em 2007, 2010 e 2012, além de ter feito a pole em 2007, 2008 e 2010. "Este é um dos meus finais de semana favoritos na temporada. Nem sempre tive sorte no Canadá, mas sempre que pude completar a corrida, terminei no pódio. Então, tenho boas lembranças, incluindo a minha primeira vitória na F1", afirmou o bicampeão.
 
Quem fica à espreita?
 

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Caso a Mercedes outra vez sofra com seus fantasmas, a Ferrari é o time da vez para abocanhar a vitória – como foi a Red Bull no ano passado.

 
O time de Maranello foi ao pódio nas seis corridas do ano e tem sempre se classificado bem. E como o carro é bom em pistas rápidas, não há motivo para temer a aproximação da Williams, apenas para ficar alerta. Kimi Räikkönen, se quiser ter seu dia de destaque, precisa se classificar melhor do que tem conseguido.
 
Massa e Bottas contarão com um FW37 ligeiramente atualizado – grande pacotão está sendo preparado para o GP da Áustria. De todo modo, o time está confiante em deixar para trás o fiasco do GP de Mônaco e se aproximar novamente do pelotão da frente, quem sabe para brigar por um pódio. Mas, no momento, a Williams tem mais para provar do que para esperar nesta briga pelo top-3.

“No Canadá, fomos muito rápidos no ano passado. Aquela foi a parte da nossa temporada em que começamos a pegar no tranco, conquistar pódios e marcar muitos pontos. Então estou bem confiante para as próximas três corridas”, falou Smedley, mostrando otimismo com relação à sequência que tem pela frente.

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E o resto?

 
A tendência é que a Red Bull siga consolidada como quarta força, mas como o motor Renault não é dos melhores, a chegada de outros times do meio do pelotão pode ameaçar – notadamente, Lotus, Force India e Sauber, as que têm motores Mercedes e Ferrari. A Toro Rosso que se cuide.
 
A Lotus precisa conseguir – ou torcer – para que Pastor Maldonado enfim entregue resultados em 2015. O venezuelano está classificado atrás até dos pilotos da Manor Marussia no campeonato. Neste caso, o time surge forte como principal candidato a fechar a zona de pontuação. Seu carro foi desenhado para buscar altas velocidades no speed trap, o que faz a diferença em Montreal. A Force India também costuma se dar bem neste tipo de pista, e Sergio Pérez lutou pela vitória no ano passado, mas segue com um pé atrás sem ter em mãos a versão B do VJM08.
 
E a Sauber está mais empolgada para andar em Montreal do que estava em Mônaco, imaginando que as retas podem ajudar – embora a tração dependa da melhora do motor Ferrari. Mas é preciso esperar para ver como o estreante Felipe Nasr, principal piloto do time no ano, lidará com um circuito no qual nunca andou.

Com tudo isso, a McLaren Honda volta a correr risco de ficar pelo caminho já no Q1. Mas esta é a avaliação prévia: na verdade, este será um bom teste para se saber o quanto o time melhorou depois de marcar pontos pela primeira vez.

 
Prognóstico do GRANDE PRÊMIO
1 6 LEWIS HAMILTON ING MERCEDES
2 44 NICO ROSBERG ALE MERCEDES
3 5 SEBASTIAN VETTEL ALE FERRARI
4 19 FELIPE MASSA BRA WILLIAMS MERCEDES
5 7 KIMI RÄIKKÖNEN FIN FERRARI
RAPIDINHAS…

 1) Esta é a 46ª edição do GP do Canadá, o sétimo mais disputado na história da categoria. A trajetória da prova na F1 começou em 1967, em Mosport Park, prova que recebeu oito vezes a categoria, e passou por Mont Tremblant antes de chegar a Montreal em 1978. Será a 36ª vez do Mundial na principal cidade da província de Quebec.

2) Quando o GP do Canadá foi cancelado em 2009, a F1 teve a única temporada de sua história sem corridas disputadas na América do Norte. Neste ano, serão três, já que no fim da temporada serão disputadas provas no México e nos Estados Unidos.

3) Seis pilotos venceram pela primeira vez na carreira no Circuito Gilles Villeneuve: o próprio Gilles Villeneuve, em 1978, Thierry Boutsen, em 1989, Jean Alesi, em 1995, Lewis Hamilton, em 2007, Robert Kubica, em 2008, e Daniel Ricciardo, em 2014. Quem pode se tornar o próximo da lista? Valtteri Bottas?

4) O circuito também foi palco de algumas últimas vitórias: de Jacques Laffite, em 1981, de Nelson Piquet, em 1991, e de Alesi e de Kubica, afinal, o francês e o polonês ganharam só uma vez na F1.

5) A corrida mais longa da história da F1 aconteceu em Montreal, na temporada 2011: 4h04min39s537. O motivo? Uma longa interrupção por causa de um forte temporal, que deixou a prova parada por mais de uma hora. Para quem acompanhou pela TV brasileira, ficou aquela estranha sensação de começar a ver uma corrida às 14h, assistir uma partida inteira de futebol na Globo e só então ver, ao vivo, à emocionante chegada: Jenson Button passou Sebastian Vettel na última volta.

6) Não chega a ser surpresa que Michael Schumacher detenha todas as marcas mais importantes do GP do Canadá: é o recodista de vitórias (7), poles (6), voltas mais rápidas (4), pódios (12), kms na liderança (1910) e pontos (118).

7) Já entre as equipes, a melhor da F1 no Canadá é a McLaren: 13 triunfos, contra 11 da Ferrari. E três das vitórias foram conquistadas em parceria com a Honda, em 1988 e 1990 com Ayrton Senna e em 1992 com Gerhard Berger. Como este ano não é par…

8) Dos pilotos em atividade, já ganharam o GP do Canadá Lewis Hamilton (2007, 2010 e 2012), Kimi Räikkönen (2005), Fernando Alonso (2006), Jenson Button (2011), Sebastian Vettel (2013) e Daniel Ricciardo (2014).

9) Felipe Massa tem 989 pontos na carreira. Portanto, com um quarto lugar, o brasileiro superará a barreira de 1000 pontos na F1.

 (Foto: Getty Images)
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