Será que a Toro Rosso vai voltar a fazer uma temporada melhor que a Red Bull?

Não é uma certeza como a da Mercedes sendo melhor que o resto, mas a Toro Rosso começa a dar sinais de que pode fazer mais bonito que a Red Bull em 2015, do mesmo modo que o time B das latinhas de energético fez em 2008. A diferença é que, desta vez, parece ter um carro melhor

Um ponto a mais depois de duas corridas não é nada. É o desempenho que dá a impressão de que a Toro Rosso pode fazer uma temporada melhor que a Red Bull em 2015. Mesmo com menos recursos e contando com dois novatos, o ‘time B’ demonstra ter potencial para pelo menos se dar ao luxo de sonhar alto.
 
No último domingo (29), em Sepang, Max Verstappen e Carlos Sainz Jr. terminaram a segunda etapa do Mundial — e de suas carreiras — na sétima e na oitava posições. Daniil Kvyat e Daniel Ricciardo, da Red Bull, chegaram atrás deles em nono e décimo, respectivamente. Max e Carlos também haviam feito um bom trabalho em Melbourne, na abertura do campeonato.
 
Se dois garotos de 17 e 20 anos já conseguiram se apresentar tão bem, é porque o carro é bom — e a batalha ‘interna’, pela primeira vez desde 2008, pode terminar com a Red Bull sendo passada para trás.

Verstappen passando pelos carros da Red Bull na Malásia (Foto: Getty Images)

Em 2008…
 
A Red Bull comprou a Jaguar e lançou em 2005 sua equipe na F1. O plano de Dietrich Mateschitz era ousado, e muita gente duvidava que um dia o time fosse se tornar campeão. Mas isso aconteceu quatro vezes entre 2010 e 2013. O esquadrão rubro-taurino também já conquistou 50 vitórias desde que Sebastian Vettel ganhou a primeira, em Xangai, em 2009.
 
Mas antes disso foi a Toro Rosso, antiga Minardi, que fez da Red Bull vencedora na F1. Até 2008, uma brecha no regulamento permitia que as ‘equipes B’ utilizassem basicamente o mesmo carro da principal, apenas com algumas alterações. Porém, existia uma diferença fundamental: o que impulsionava o chassi da RBR e o da STR.
 
A Toro Rosso disputou aquele campeonato com um carro projetado por Adrian Newey, mas que tinha na traseira o motor Ferrari — considerado melhor que o Renault da Red Bull. E, pouco a pouco, Vettel foi se revelando como um futuro campeão da F1.

A primeira vitória de Sebastian Vettel foi no GP da Itália de 2008 pela Toro Rosso (Foto: Red Bull/Getty Images)

Na segunda metade do campeonato, o alemão se sentia extremamente confortável e começava a brilhar. Na Itália, em um fim de semana que não parou de chover, dominou, fez a pole e ganhou. Ainda que Sébastien Bourdais tenha somado apenas 4 pontos em 18 corridas, os bons resultados que Vettel acumulou — destaque ainda para os quintos lugares na Bélgica e em Cingapura e o quarto posto no GP do Brasil — levaram a STR ao total de 39 tentos, 10 a mais que David Coulthard e Mark Webber.
 
Ao final daquele campeonato, a FIA alterou as regras e passou a exigir que equipes como a Toro Rosso construíssem o próprio carro.
 
Por que a Toro Rosso está à frente?
 

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Embora exista um intercâmbio de informações entre as bases de Milton Keynes, no Reino Unido, e Faenza, na Itália, as duas equipes possuem carros diferentes. Um foi criado pelo time comandado por Newey, o consagrado projetista que já fez três escuderias campeãs. O outro, por James Key, um promissor engenheiro que tem como grande trabalho — até hoje — a Sauber de 2012.
 
Key foi contratado pela Toro Rosso para ser diretor-técnico e terminar de organizar o departamento. Essa tarefa, iniciada em 2009, foi concluída neste ano, segundo o time. E por isso foram estabelecidas expectativas elevadas: a meta para 2015, mesmo com toda a juventude dos pilotos e o retrospecto não tão positivo dos últimos anos, é terminar o campeonato de Construtores no top-5. Isso significa que será necessário bater uma das quatro equipes chamadas ‘de fábrica’ — Mercedes, Ferrari, McLaren Honda e Red Bull Renault — ou a Williams.  “Não há nada de errado em ser ambicioso”, disse Key. Em 2014, a desvantagem em relação à McLaren, quinta colocada, foi de 171 pontos.

James Key é o arquiteto do carro da Toro Rosso (Foto: Getty Images)

Ao contrário de 2008, desta vez o motor é o mesmo, o V6 turbo da Renault, e o que está diferindo é o modo como cada time consegue aproveitá-lo.
 
“Não é segredo que a Red Bull é bem agressiva na sua estratégia de desenvolvimento. Eles tentam nos fazer aplicar no mundo dos motores o que aplicam no chassi”, afirmou Cyril Abiteboul, diretor da Renault.
 
O principal problema do motor Renault, em termos de desempenho, é a dirigibilidade. A unidade de força é inconstante, às vezes entregando mais potência do que é necessário, às vezes entregando menos. Sem mencionar a confiabilidade, que provocou os abandonos de Verstappen e Kvyat na Austrália, e também já deixou Ricciardo com um motor a menos para o restante da temporada após nem meia sessão de treino em Melbourne.
 
Chefe da Red Bull, Christian Horner comparou o trabalho dos dois times. “Eles estão com as mesmas dificuldades, mas acho que é mais dramático no nosso carro”, declarou. “Eu acho que isso mascara muitas coisas como entrada e saída de curva, desgaste de pneus. Você não consegue pilotar o carro do jeito certo, então começa a mudar o equilíbrio de freios para tentar compensar e está muito longe do ideal. Então começa a perder temperatura nos freios e os pneus não funcionam como deveriam. É uma espiral negativa.”
 
Essa opção menos agressiva e mais cautelosa vai rendendo dividendos à Toro Rosso por enquanto.
 
O propósito e o futuro da equipe
 
Não há dúvidas de que o bom desempenho da Toro Rosso pode dar ainda mais visibilidade ao objetivo principal da equipe: desenvolver os pilotos do Red Bull Junior Team.
 
Mas não é só por sofrer menos que a Toro Rosso reclama menos da Renault que a Red Bull. Há dois fatores que podem explicar o silêncio de Faenza. Satisfeitos, eles certamente não estão. “É muito corajoso de Cyril sentar entre a Red Bull e a Toro Rosso”, brincou Horner na coletiva da FIA em Sepang, há uma semana.
 
Um é que, justamente por ser um ‘time B’, o lado da publicidade sempre ficou mais guardado para o povo de Milton Keynes. Vez ou outra que Franz Tost e seus comandados apareceram com mais destaque.
 
Outro é que há negociações em curso que envolvem uma possível aquisição da equipe por parte da Renault. Não é preciso ser especialista em negócios para entender que criticar abertamente um potencial comprador atrapalha os negócios.
 
A Renault não confirma que negocia a compra da STR e tem em seu discurso oficial uma ‘reavaliação de interesses’. Segundo Abiteboul, o time considera tanto aumentar sua participação quanto pular fora da F1.
 
Mas Tost não escondeu que seria um bom passo para seu time contar com o apoio direto de uma montadora como a Renault. “Seria uma oportunidade fantástica para a Toro Rosso dar o próximo passo à frente”, comentou. “A equipe quer se estabilizar como uma das cinco melhores do Mundial de Construtores, e competir junto de uma montadora, pertencer a uma montadora, seria exatamente o passo à frente que a equipe precisa para se estabilizar no top-5.”
 
A fala remete ao que disse Key na ocasião do lançamento do STR10, em janeiro, na Espanha: “Nenhum time quer ser sétimo. Todo time quer ter sucesso. A Toro Rosso não venceu um campeonato, então temos que crescer para chegar a isso. É o que estamos fazendo com a infraestrutura do time. No último ano, ficamos distantes nos pontos, mas não na performance. Apenas não tiramos o melhor que podíamos.”

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