Decisão de título da Indy em Fontana tem Power favorito, Castroneves na cola e Pagenaud correndo por fora

A temporada 2014 da Indy termina no próximo sábado (30) com as 500 Milhas de Fontana. Após muito equilíbrio durante o ano todo e algumas trocas na liderança, Will Power está muito perto do título. Contudo, Helio Castroneves e Simon Pagenaud também chegam à corrida final com chances de levantarem a taça.

Assim como nos últimos seis campeonatos, a Penske mais uma vez entra na final com chances de ser campeã — e, dessa vez, só uma tragédia deve impedir o time mais famoso do automobilismo norte-americano de quebrar o jejum. Pois é: Roger Penske não sabe o que é comemorar um título na Indy desde 2006, quando Sam Hornish Jr. foi campeão.

Indy chega à final com três pilotos com chances de título: Power, Castroneves e Pagenaud (Foto: GettyImages)

Neste fim de semana, enquanto Power é favorito não só pela vantagem matemática, mas também pelo desempenho que vem apresentando até mesmo em circuitos ovais — outrora seu ponto fraco — e pelo o que fez na mesma pista de Fontana há um ano, quando venceu a prova que encerrou a temporada 2013 com uma grande atuação, Castroneves é o único adversário que enxerga uma possibilidade real de erguer o caneco. Céus e mares precisam — e talvez até a terra, como aconteceu em Sonoma, há uma semana — ser movidos para que Pagenaud e a modesta, mas competente Schmidt-Peterson derrotem a Penske.

A largada em Fontana será dada às 23h15 (de Brasília) do dia 30, mas desde já o GRANDE PRÊMIO começa a entrar no clima da decisão que, como já se sabe, vai consagrar um campeão inédito.

A temporada

Desde o início do ano, a Penske, equipe de Power e Castroneves, já mostrava que tinha tudo para se destacar na temporada. Em São Petersburgo, primeira prova do campeonato, o australiano conquistou a vitória, com o brasileiro aparecendo no lugar mais baixo do pódio. Também foi na Flórida que Pagenaud mostrou qual seria a sua principal virtude em 2014: a regularidade. O piloto da Schmidt fechou aquele GP como quinto colocado.

Em Long Beach, Castroneves fez um discreto 11º lugar, enquanto Power foi ao pódio em segundo e Pagenaud voltou a completar uma prova na quinta posição. Em seguida veio Alabama, com o australiano em quinto, o francês — novamente no top-5 — em quarto e o brasileiro apenas em 19º.

Helio Castroneves tentou usar a regularidade como arma para chegar à final (Foto: IndyCar)

A grande prova de que Pagenaud tinha tudo para brilhar em 2014 veio em Indianápolis, quando o piloto da Schmidt venceu no circuito misto. Castroneves reagiu nas 500 Milhas, prova em que tradicionalmente vai bem. O paulista foi o segundo colocado, atrás apenas de Ryan Hunter-Reay.

Em Detroit, monopólio da Penske, com Power vencendo a primeira e Castroneves ganhando a segunda corrida. Entretanto, a sequência de três corridas em solo texano embolou o campeonato, com Pagenaud vencendo a prova do domingo após Carlos Huertas ter faturado um surpreendente triunfo na corrida do sábado.

Depois de outras cinco corridas com jejum de vitórias da dupla de postulantes ao título da Penske, Power brilhou em Milwaukee e voltou a abrir vantagem na classificação.

Na última etapa, em Sonoma, Power cravou a pole. Porém, ao rodar sozinho em uma curva, despencou no pelotão e fechou em décimo, tendo feito muitas ultrapassagens na parte final da corrida. Castroneves não conseguiu voltar aos bons momentos e terminou em 18º. Discreto o final de semana todo, Pagenaud fez mais um top-5, subindo no lugar mais baixo do pódio.

Matemática

Power está muito perto do título inédito. Para o australiano, basta um sétimo lugar em Fontana, desde que Castroneves não ganhe todos os pontos extras e também a corrida. Matematicamente, uma sexta posição garante o triunfo do piloto do carro #12 da Penske.

Para ter chances de conquistar o título, Castroneves precisa ir ao pódio. Em terceiro, precisa torcer para Pagenaud não ganhar a etapa e conquistar pontos extras, e para Power ficar entre os dois piores da etapa. Em segundo, seca apenas Power, que deve terminar aquém da 16ª colocação. Em caso de vitória, o paulista torce para que o australiano não fique no grupo dos sete melhores da corrida.

Simon Pagenaud busca entregar à modesta Schmidt-Peterson ao primeiro título (Foto: IndyCar)

A Pagenaud restam chances remotas. Além da obrigatoriedade da vitória, o francês precisa torcer para que Power fique em uma das duas últimas posições. Enquanto isso, Castroneves não pode, de forma alguma, ficar entre os três primeiros em Fontana. Assim, e só assim, o piloto da Schmidt sairá consagrado.

Raio X dos finalistas

WILL POWER Toowomba, Austrália, 1º de março de 1981

Currículo na Indy: Largadas: 138 Poles: 36 Vitórias: 24 Will Power ganhou o rótulo de ‘trivice’ devido à sequência de fracassos consecutivos na luta pelo título. Depois de ser contratado por Roger Penske na temporada 2009, Power se firmou no time no ano seguinte e, com um excelente desempenho nos circuitos mistos, disparou na liderança dos campeonatos de 2010, 2011 e 2012. Contudo, erros na reta final e, principalmente, péssimas apresentações em circuitos ovais custaram caro ao australiano, que acabou superado duas vezes por Dario Franchitti e outra por Ryan Hunter-Reay, sempre perdendo o título na corrida decisiva. Mas o Power de 2014 é diferente. Menos impulsivo e mais completo, andou bem tanto em circuitos mistos quanto em ovais. A apresentação que fez em Milwaukee, há duas semanas, foi irretocável, e pode ser vista como um claro exemplo da evolução do piloto do carro #12. E não dá para deixar de mencionar a vitória nas 500 Milhas de Fontana de 2012 — alguém sem competência minimamente razoável em ovais jamais venceria lá. A combinação de resultados é um fator que o tranquiliza um pouco. “Para mim, é questão de mirar um top-5, obviamente. O pensamento é trabalhar duro para acertar bem o carro. O resto, não dá para controlar, então é focar no trabalho que eu tenho que executar”, disse, na quarta-feira, em entrevista coletiva, realizada por telefone. “Ter vencido no ano passado não me deixa confortável para agora. Eu sei que vai exigir muito trabalho duro e uma corrida muito boa para vencer o campeonato”, reforçou. Will Power é o favorito ao título da Indy neste ano (Foto: IndyCar)

HELIO CASTRONEVES São Paulo, Brasil, 10 de maio de 1975

Currículo na Indy: Largadas: 294 Poles: 40 Vitórias: 29 As três vitórias nas 500 Milhas de Indianápolis colocam Helio Castroneves em uma posição de enorme destaque dentro do automobilismo norte-americano. Mas isso não quer dizer que o piloto não queira o título. Ao longo da carreira, Castroneves sempre se mostrou constante e completo. Ganhou provas em quase todas as temporadas que disputou na Indy e brigou pelo título em várias dessas. Mas, assim como Power, o máximo que conseguiu foram três vice-campeonatos. Ano passado, o brasileiro chegou bem perto de ser campeão. Vinha fazendo uma campanha sem erros até sofrer com duas quebras de câmbio no mesmo fim de semana em Houston e, de favoritaço, passou a azarão, antes mesmo da final em Fontana. Com a experiência de ter disputado finais precisando tanto defender a liderança quanto tentar reverter uma desvantagem na pontuação, Castroneves falou que estar atrás tira um pouco da pressão, mas que gostaria de estar mais perto do líder. “Eu gostaria de perseguir, mas talvez com um pouco mais de conforto. Certamente, quando você tem esse tipo de cenário, sempre ajuda. Mas, no fim das contas, já estive em uma situação em que eu liderava e perdi, e em que eu tinha de buscar e perdi. É simplesmente difícil controlar. Você não pode controlar a não ser que execute”, declarou o piloto. Para tentar enfim levar o primeiro título para casa, o piloto do #3 mira a vitória em Fontana. “Do que vou precisar? Vencer a corrida e torcer para que as coisas caminhem na direção correta. Estamos trabalhando muito juntos, e tem um pouquinho de sorte também. Não está só sob meu controle”, disse. E, se não for possível ser campeão, pelo menos ficará contente por ver a Penske fechando o campeonato como vitoriosa. “Acredito que nossos objetivos serão alcançados. Vou dar tudo o que puder para garantir isso.” Helio Castroneves está na cola do australiano para tentar garantir o 1º título da Indy (Foto: IndyCar)

SIMON PAGENAUD Montmorillon, França, 18 de maio de 1984   Currículo na Indy: Largadas: 68 Poles: 1 Vitórias: 4 Simon Pagenaud é o grande nome da geração que chegou à Indy nesta década. Embora pilote para um time que ainda é de menor expressão dentro da categoria, já venceu quatro vezes, foi terceiro no campeonato de 2013 e sabe que tem boas condições de, no mínimo, repetir esta performance na atual temporada. Ainda que o título não venha em 2014, é um fato que Pagenaud e a Schmidt-Peterson estão caminhando a passos cada vez mais largos rumo ao topo da Indy. Inclusive, o francês é o melhor piloto dentre os que usam motores Honda, batendo até mesmo o campeão e vencedor das 500 Milhas de Indianápolis, Ryan Hunter-Reay, da Andretti. Realista, o gaulês sabe que não adianta sonhar muito alto antes da corrida de sábado. Vai procurar apenas fazer a sua parte: vencer. E, para isso, prometeu ser um pouco mais agressivo do que normalmente é. “É bem simples. Vocês sabem, tenho de entrar no fim de semana muito focado em tentar ser competitivo e vencer a corrida. É o único jeito que eu posso ser campeão. Não tenho nenhuma pressão. Andei muito bem nesta temporada com a Schmidt-Peterson e acho que agora estamos em uma posição muito boa”, avaliou. “A Penske é uma organização enorme e mostrou sua força nos ovais neste ano. Eles estão super fortes, com certeza. Mas, na Schmidt-Peterson, temos bons carros, temos sido competitivos, e vou ser apenas um pouco mais agressivo do que de costume para tentar abrir caminho. Esperançosamente vai ser o bastante”, completou. Simon Pagenaud corre por fora na briga pelo título da Indy (Foto: IndyCar)