Na contramão do Brasil, Argentina revitaliza circuito para sediar MotoGP sem descartar F1

De olho nas maiores categorias do esporte a motor mundial, a Argentina investiu na revitalização do circuito de Termas de Río Hondo e recebe nesta semana uma bateria de testes oficiais da MotoGP. Projeto de recondicionamento do circuito foi feito pelo italiano Jarno Zaffelli

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As imagens do sábado em Assen no Mundial de Motovelocidade

Ao contrário do que vem acontecendo no Brasil, onde autódromos são destruídos e deixados à míngua, a Argentina resolveu investir na revitalização do circuito de Termas de Río Hondo e recebe nesta semana uma bateria de testes oficiais do Mundial de Motovelocidade. O país vizinho já foi confirmado no calendário da MotoGP em 2014.
 
A estreia do GP da Argentina no Mundial estava prevista para este ano, mas acabou sendo adiada por conta de um conflito entre o governo local e a gigante espanhola Repsol, uma das principais patrocinadoras do campeonato. 
 
Em abril de 2012, a presidente da Argentina, Cristina Kirchner, ordenou uma intervenção na petrolífera YPF, controlada pela Repsol, e encaminhou ao Congresso um projeto de lei para expropriar 51% das ações da companhia. 
Primeiro GP da Argentina de MotoGP em Termas de Río Hondo será realizado em 2014 (Foto: Argentina MotoGP)
As imagens do circuito de Termas de Río Hondo

A medida adotada pela Argentina foi alvo de duras críticas, principalmente vindas da Europa. A Repsol acusa o país de usar a expropriação para “esconder a crise econômica e social” e o governo espanhol emitiu um alerta afirmando que os espanhóis não estariam seguros no país latino-americano. Essa orientação foi retirada alguns meses depois, mas já era tarde demais para a inclusão da prova no calendário desta temporada.

 
Como forma de compensar os argentinos, a Dorna, promotora do Mundial de Motovelocidade, decidiu realizar uma bateria de testes no circuito da província de Santiago del Estero, que acontece nos próximos dias 4 e 5 de julho. 
 
As equipes de fábrica de Honda e Yamaha não vão participar da atividade, mas enviarão representantes. Cal Crutchlow estará na pista com uma M1 de Iwata, e Stefan Bradl e Álvaro Bautista vão guiar a RC213V da HRC. Além do trio, o exercício também contará com Héctor Barberá, e os pilotos da Moto2 Tito Tabat e Nico Terol. Hiroshi Aoyama também era esperado para a sessão, mas se feriu em Mugello e ainda está em recuperação. Do lado da Ducati, Randy Mamola estará no traçado com uma moto de dois lugares para levar convidados pelo circuito. 
 
Para receber a homologação máxima da FIM (Federação Internacional de Motociclismo), os responsáveis pela pista, inaugurada em maio de 2008, recrutaram o italiano Jarno Zaffelli, do Studio Dromo, uma empresa que trabalha com circuitos há 13 anos. 
Jarno Zaffelli é o responsável peplo projeto de revitalização do circuito argentino (Foto: Divulgação/ Studio Dromo)
Stop & Go: Dani Pedrosa                                            

“Ouvi falar sobre a intenção da Argentina de receber a MotoGP e fiz uma pesquisa sobre a pista escolhida”, contou Zaffelli ao GRANDE PRÊMIO. “Eu então decidi contata-los e nós conversamos sobre melhorias na pista, desenvolvemos uma relação de trabalho ao longo do tempo, e eles viram em mim alguém que entendia a visão que eles queriam criar e o trabalho começou”, continuou. 

 
Para adaptar o traçado aos rigorosos padrões da FIM, foram necessárias fazer modificações, especialmente na área de segurança e na qualidade das instalações. Assim, foi feita a repavimentação completa do traçado com polímeros de última geração; a construção de áreas de escape com cascalho homologado; a construção e revitalização das vias de serviço; a instalação de tecnologia de comunicação por fibra ótica; além de novas arquibancadas.
 
“O principal era adaptar a pista às exigências do Mundial em termos de segurança e qualidade das instalações, com muitos detalhes para serem checados, avaliados e atualizados”, explicou Zaffelli. “A principal necessidade era fazer com que o circuito fosse uma experiência memorável para o público, que os pilotos gostassem de guiar e disputar uns com os outros, e simultaneamente assegurar que a segurança e todas as características de infraestrutura fossem de acordo com o regulamento.”
 
A reforma completa do circuito durou um pouco mais de um ano, “porque o cliente decidiu esticar um pouco o prazo, para um ano e cinco meses”.
 
Embora a pista tenha sido revitalizada com o objetivo de receber a MotoGP, Jarno acredita que é plenamente possível projetar uma pista que seja adequada para o Mundial de Motovelocidade e também para a F1.
“Termas é um exemplo brilhante disso”, opinou. “Ela foi projetada tanto para MotoGP, como para F1. Ela simplesmente recebeu a homologação grau 2 da FIA (Federação Internacional de Automobilismo) porque nenhum dos boxes estava construído no momento da inspeção”, declarou ao GP.
 
“O truque é projetar a pista com todos os usuários em mente, não apenas um: MotoGP ou F1. Mas isso depende da vontade do seu cliente”, salientou. “Mas se você deseja fazer o seu melhor, como eu faria, você tem de fazer como eu fiz em Termas. Projetar uma pista que seja agradável, boa de guiar e segura para todos os usuários, não importa qual seja o requisito inicial.”
 
“Quem sabe qual categoria irá receber no futuro?”, questionou. “Termas começou com a MotoGP e agora também tem o WTCC no calendário”, apontou.
Primeiro teste com pilotos do Mundial acontece neste semana (Foto: Divulgação/ Studio Dromo)

O quesito segurança é uma das maiores preocupações nos circuitos atuais, especialmente nas categorias do motociclismo, uma vez que os pilotos estão mais expostos. 

 
“Segurança é um dos principais aspectos, não só para corridas de moto, seja a MotoGP ou o Mundial de Superbike, é relevante para qualquer piloto em um circuito”, destacou. “Muitos falam sobre segurança pensando que fazer uma grande área de escape seria necessariamente seguro, ou que colocar air fences [uma proteção inflável] em tudo que é lugar seria uma solução.”
 
“Em algumas pistas tem problemas por conta do fato de os comissários demorarem muito tempo para chegar ao local de um acidente por conta da área de escape muito grande”, destacou. “A verdadeira habilidade da minha empresa de design é pensar na segurança como parte do processo de design. Qualquer modificação que eu faço, precisa de um novo cálculo das medidas de segurança, uma para cada tipo de usuário: um carro de F1, um piloto ou sua moto”, explicou. 
 
Jarno ressalta que não são só os pilotos que devem ser protegidos, mas também os funcionários que estão trabalhando na prova. Além disso, o projetista italiano pondera que é necessário investir nos lugares adequados, até por uma questão de economia.
 
“Se o piloto precisa estar seguro sem tocar a barreira, a moto dele poderia machucar os funcionários da pista e eles também precisam ser protegidos adequadamente. É uma ideia global de segurança, pensando dentro e fora da pista, dependendo uma da outra”, ressaltou. “Mas a verdadeira chave é projetar uma pista que seja útil e rentável diariamente, não apenas no evento principal. E isso também inclui ter os recursos de segurança necessários onde for adequado.”
 
“Não adianta colocar quilômetros de cascalho se você só precisa proteger alguns pontos, ou milhares de proteções infláveis onde os pilotos fisicamente não poderiam chegar em caso de queda”, apontou. “E isso economiza muito trabalho, dinheiro e esforços que diariamente são gastos se a pista não é projetada adequadamente”, completou. 
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