‘Diadorim’: exaustivo e desafiador Rali dos Sertões 2013 chega ao fim em Goiânia premiando regularidade

A regularidade foi a chave para a vitória nas várias categorias do Rali dos Sertões 2013, que viu muitos dramas, mas também histórias de superação e extremo profissionalismo nos envolvidos

Depois de mais de 4 mil quilômetros atravessando os estados de Goiás e Tocantins, o Rali dos Sertões chegou ao fim neste sábado (3) em Goiânia, cidade que recebeu também a largada no dia 25 de julho. A corrida foi uma das mais difíceis dos últimos anos, contando, inclusive, com uma das maiores etapas da história da competição no Brasil, disputada em Palmas, na prova do laço no Jalapão, que teve 499 km.

Teve terreno para todo o tipo de gosto: trechos sinuosos, pisos de cascalho, velozes estradas de terra e rotas em canaviais, além de travessias de riachos, pedras, areias e diversos obstáculos. E os pilotos mostraram coragem em grande parte das especiais, em que os trajetos beiravam abismos ou quando a dificuldade estava centrada na navegação.

Rali dos Sertões 2013 teve todo tipo de terreno (Foto: Victor Leuterio/Foto Arena)

Muitas histórias também ajudaram a escrever parte dessas 21ª edição do rali, como a do resgate de um morador local, em Palmas, feito pela equipe médica da competição. Além dos atendimentos dramáticos aos pilotos que sofreram fortes acidentes neste ano. Ou as diversas ações sociais que acompanharam a caravana, com destaque para a do ex-surfista norte-americano Jon Rose, que, com uma solução simples, levou água potável para diversas comunidades carentes da rota do evento.

No campo da competição, o Rali dos Sertões também não deixou a desejar. A prova, agora parte do Mundial da FIM para motos e quadriciclos, atraiu nomes importantes do cross-country internacional, com destaque para o trio Marc Coma, Cyril Després e Paulo Gonçalves, além da forte equipe Honda, que veio com cinco pilotos, incluindo o pentacampeão dos Sertoes, Jean Azevedo. A categoria foi uma das mais disputadas e que lembrou e muito as batalhas do Dakar.

No fim, o simpático português Gonçalves levou o título, desbancado as duas grandes estrelas do rali, Coma e Després. O luso venceu na extrema regularidade que apresentou nas dez etapas dos Sertões. Foram quatro vitórias e cinco top-3. Uma performance perto do impecável e sem erros. O resultado ainda o colocou em posição para disputar o título do Mundial na última etapa, no Egito, no fim de setembro.

Després foi quem mais se aproximou do desempenho de Paulo nesse Sertões, mas uma queda na antepenúltima etapa e um erro de navegação na nona especial tiraram as chances do francês, que veio ao Brasil especialmente para testar e desenvolver a nova Yamaha. E saiu satisfeito com o que viu na equipe japonesa. E confiante para o Dakar 2014.

Paulo Gonçalves conquistou o título do Rali dos Sertões nas motos (Foto: Victor Eleutério/Foto Arena)

Já Coma viveu um rali tumultuado por um problema durante a primeira perna da etapa Maratona. A quebra do aro do pneu traseiro de sua moto o fez perder tempo durante a especial entre Porangatu e Natividade, onde não pôde receber o auxílio dos mecânicos, e o obrigada a pegar leve no estágio seguinte. Por isso, a ‘tirada de mão’ o jogou para terceiro. No fim, ficou a pouco mais de 30 minutos do português.

Logo depois dos astros do Mundial, o melhor brasileiro foi Jean Azevedo, que terminou o rali em quarto, surpreendendo com um ritmo constante apesar da lesão no ombro direito que ainda carrega. Azevedo também estreou equipe nova na competição. O paulista integra o time da Honda, que levou uma formação de peso para os Sertões, com destaque para Nielsen Bueno de Dario Júlio. O destaque negativo é que todos tiveram problemas. Apenas Jean conseguiu completar a corrida.

A lenda e o bi nos Sertões

Depois da tensão do Super Prime, quando foi punido e depois da reviravolta na decisão dos comissários, Stéphane Peterhansel voltou a esbanjar a simpatia de sempre e a velocidade costumeira entre os carros. O francês também usou os Sertões como um grande campo de testes para o Mini, pensando exclusivamente no Dakar de 2014. E chegou ao bicampeonato com extrema facilidade, ajudado pela constância. Foram oito vitórias em dez etapas.

Peterhansel também se viu sozinho na disputa, porque seu principal rival, Guilherme Spinelli, enfrentou dificuldades nesta edição, por conta dos problemas de furos de pneus do carro da Mitsubishi. Ainda assim, Guiga conseguiu imprimir um ritmo forte nos últimos três estágios, mostrando que, uma vez que o ASX esteja mais bem adaptado também aos pisos mais duros, poderá oferecer maior resistência aos oponentes. Spinelli também já trabalha com vistas para o Dakar no próximo ano, embora tenha admitido que o carro ainda precise de um pouco mais de evolução.

Stéphane Peterhansel e Guilherme Spinelli duelaram no Rali dos Sertões 2013 (Foto: Vinicius Branca / Foto Arena)

Tirando os dois ponteiros, o destaque da categoria carros vai para João Franciosi, que correu em parceira com Rafael Capoani. A dupla venceu na classe Protótipos e ainda terminou em terceiro na classificação geral. Os dois alcançaram o topo da tabela pouco antes da metade do rali e não largaram mais, mostrando grande estratégia e preparação.

Quadris, UTVs e caminhões

A disputa nos quadriciclos foi dividida em duas partes. Uma primeira, amplamente dominada por Rafal Sonik, e uma segunda, marcada por um intenso duelo entre Robert Nahas e Marcelo Medeiros. Sonik foi punido durante a quinta etapa, a Maratona, por trocar o pneu e perdeu três horas em seu tempo total de prova, o que o fez despencar da liderança da tabela de tempos. Talvez resignado, daí para frente, o fato é que o polonês passou a ter um desempenho discreto após a punição e acabou a prova em quarto no geral.

Alheio a isso, Robert Nahas e Marcelo Medeiros, que já vinha travando um belo duelo desde o início da corrida, intensificaram a briga nas etapas finais, mas aí Nahas acabou conseguindo ficar com o melhor tempo no fim, até administrando a vantagem que construiu na penúltima rodada. Foi o terceiro título do piloto entre os quadris.

Drama e reviravolta

Já o Rali dos Sertões entre os UTVs viveu uma das provas mais dramáticas dos últimos tempos. Carlo Collet e Marcos Gouvea iniciaram a competição de maneira forte, mas na terceira etapa, entre Pirenópolis e Uruaçu, tiveram um problema mecânico e foram punidos com 9h30. A marca praticamente excluía ambos da disputa pela vitória. Porém, a dupla não desistiu, foi se recuperando até subir para terceiro no acumulado. Mas foi na penúltima etapa que jogo virou a favor de Collet/Gouvea.

Bruno Sperancini e Lourival Roldan, que lideravam tranquilos, tiveram uma quebra de motor, foram punidos, perdendo, então, a ponta da classificação, que passava para os jovens Rodrigo Varela e João Arena. Porém, Varela e Arena também tiveram probelasm na sequência e aí o título acabou nas as mãos de Collet e do navegador Gouvea.

Edu Piano foi o campeão na categoria caminhões (Foto: Victor Eleutério/Foto Arena)

Caminhões em disputa solitária

Com a desistência de última hora dos caminhões da categoria leve, apenas dois representantes entre os pesados saíram de Goiânia, no dia 25 de julho, para o Rali dos Sertões. E protagonizaram uma dura briga, que também foi afetada por problemas mecânicos. No fim, a vitória ficou com o trio da Ford Edu Piano/Solon Mendes/Antonio Salles, com uma margem de 14h38min para o Mercedes-Benz Atego de Guido Salvini/Flavio Bisi/Fernando Chwaigert. Um duelo que passa a somar a partir de hoje 12 títulos, com o paulista Piano igualando o número de conquistas do adversário fluminense em seis taças.

GRANDE PRÊMIO acompanha ‘in loco’ a 21ª edição do Rali dos Sertões com a repórter Evelyn Guimarães. Acompanhe o noticiário completo aqui.

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