‘Paraquedista’ em 2015, Sachs vê Dakar como desafio, mas não descarta nova participação: “Eu estaria pronto”

Eduardo Sachs caiu de paraquedas na edição 2015 do Rali Dakar após ser chamado para substituir o navegador Maykel Justo no carro com Ricardo Leal. Apesar do desafio de última hora, o brasileiro fez uma avaliação positiva de sua aventura e não descarta voltar à competição

 
Tida como uma das provas mais difíceis do mundo, o Rali Dakar exige muito preparo por parte de pilotos e navegadores. O trabalho é tanto que, em média, é feito ao longo do período de um ano que antecede a etapa.
 
Embora o mais comum seja que os participantes tenham um longo tempo para se prepararem, a máxima não é verdade para todo mundo. Na edição 2015 do Dakar, por exemplo, um brasileiro embarcou para a Argentina poucos dias após saber que faria sua estreia na competição como navegador.
Dú Sachs soube dias antes que iria participar do Rali Dakar (Foto: Vinícius Branca)
Eduardo Sachs, o Dú, como é conhecido no meio do off-road, teve de última hora a chance de participar da maior prova de rali de planeta, substituindo o também brasileiro Maykel Justo. O paulista de 35 anos iria para seu oitavo Dakar para formar dupla com o piloto português Ricardo Leal, mas um compromisso profissional o fez desistir da prova.
 
O projeto da equipe BAMP — sigla que significa Brasil, África, Moçambique e Portugal — envolvia um navegador brasileiro, o que levou Justo a indicar Sachs. Dú tem no currículo participações em provas nacionais e internacionais, correndo em lugares como Portugal, Emirados Árabes, Hungria, Itália e Espanha. 
 
Apesar da vasta experiência, Sachs, que também atua como diretor-técnico do Rali dos Sertões, a maior evento off-road do calendário nacional, foi ‘paraquedista’ na prova que percorreu 9.295 km entre Argentina, Bolívia e Chile no início do ano.
 
Em Mafra, no interior de Santa Catarina, para participar da segunda etapa da temporada 2015 da Mitsubishi Cup, Sachs conversou com o GRANDE PRÊMIO e contou como foi parar no Everest no esporte a motor.
 
“Eu estava em casa, foi na época do Natal. Era o projeto, tinha que ter um navegador brasileiro, e era o Maykel Justo. Aí, como ele teve um problema pessoal, de última hora ele comunicou o português e falou: ‘Olha, eu vou indicar alguém’”, recordou. “Ele queria um navegador que tivesse experiência em Dakar. Nós não temos muitos no Brasil, mas tem outros. Mas o Maykel bateu na tecla de que eu deveria ir, porque ele achava que eu ia ajudar o cara mesmo sem a experiência do Dakar. Ele aceitou, então foi assim”, contou. “Ele me ligou, três dias antes, pediu para eu estar lá no dia 31. Passei o Réveillon na Argentina. E aí cheguei na equipe”, explicou. “Caí de paraquedas”, resumiu.
 
Mesmo reconhecendo que não tinha feito o preparo físico ideal para uma competição do porte do Dakar, Sachs acredita que a oportunidade inesperada teve seu lado positivo, especialmente na parte psicológica. Em dupla com Leal, Sachs completou os 4.752 km de trecho cronometrado da prova em 52h01min26s e ficou com o 25º posto na classificação geral, 11h29min01s atrás de Nasser Al-Attiyah, que venceu a disputa entre os carros
 
“Eu achei que foi até legal, porque, fisicamente eu não tinha me preparado, mas eu não estava tão mal. Mas não tinha feito o condicionamento ideal”, frisou. “Eu acho que isso foi legal no psicológico. No fato de eu não estar com aquela pressão, de não estar ansioso”, ponderou. 
Dú Sachs formou dupla com o português Ricardo Leal (Foto: José Mário Dias)
“Para mim, foi uma experiência que eu queria ter a oportunidade de conhecer, então eu acho que me ajudou mais o psicológico, de pensar ‘ah, eu não tenho nada a perder’. Lógico, eu queria fazer o meu melhor, e deu certo, porque nós fizemos uma puta prova apesar do 25º lugar. Mas você chegar num Dakar e terminar todas as etapas foi muito prazeroso e uma bela experiência”, avaliou.
 
Questionado pelo GP se já tinha feito algo da magnitude do evento organizado pela ASO, Dú foi taxativo: “O Dakar é o Dakar. Eu tinha participado de algumas etapas do Mundial, em Abu Dhabi, na Itália, na Polônia, mas o Dakar são 13 dias. É loucura, né?”
 
Ao contrário do que acontece com motos e quadriciclos, onde além de pilotar os pilotos têm de ler as próprias planilhas, nos carros e caminhões o trabalho é feito em equipe, o que exige uma certa dose de entrosamento entre piloto e navegador. Algo que Sachs não tinha com o desconhecido Leal.
 
“Isso é estranho”, comentou o navegador. "Eu sabia do currículo dele, que ele era um bom piloto, um piloto rápido, português, então não haveria muito problema de comunicação. Sentamos no carro numa noite, um dia antes da prova, demos uma saída assim à noite, então nem ele me avaliou e nem eu pude avaliá-lo”, explicou. “Na primeira especial, que estava valendo, ele acelerou forte e eu fiz o meu trabalho. Eu confiei na acelerada dele e vi que o cara sabia o que estava fazendo. Nós não cometemos erros, então o primeiro contato foi bom, ele gostou, e só demos umas afinadinhas. Daí para a frente a prova fluiu muito bem para a gente”, relatou.
 
A bordo de um Nissan Navara V8, Sachs viu como dia mais difícil um trecho de deserto, onde a dupla teve uma quebra.
 
“Nós demos o azar de, na areia, decolar e achar uma pedra”, contou. “Aí estourou o diferencial dianteiro, a bandeja e a homocinética. No Brasil, você estaria fora de uma prova dessas. Mas os carros são tão bem preparados que, a hora que eu olhei e falei ‘estamos fora’, ele falou: ‘Não, tem tudo aí’. Eu estranhei. Aí levantamos o macaco hidráulico, desmontei a parte de baixo do carro, existia uma balança novinha parafusada, montada, uma homocinética novinha do lado do motor, então em três horas, mesmo a gente não sendo mecânico, nós conseguimos consertar o carro no deserto e voltar para a prova”, detalhou.
 
Indagado se fazer o Dakar estava em seus projetos, Sachs contou que tinha o sonho de participar da prova, mas, aos 52 anos, achava que estava ficando velho para o desafio. 
 
“Eu sempre sonhei em fazer, mas eu achava que eu já estava passando da idade. E aí foi um presente muito legal e eu não descarto ir de novo não, porque essa foi boa, o trabalho foi bom dos dois lados”, revelou, acrescentando o rali é como ele imaginava. “É duro mesmo, é o que falam. Não se compara com prova nenhuma aqui nossa das Américas. É muito duro, o desgaste final, a hora que nós terminamos, as bolhas, nariz cortado de óculos”, listou.
 
Embora o desgaste seja grande, o navegador não precisou de muito tempo para se recuperar. “Olha, acabou a prova e nós fomos comemorar, jantar lá no Puerto Madero, e eu peguei um voo às 5h da manhã. Dormi duas horas, e no domingo eu estava almoçado com a minha família em Piracicaba." 
 
Mesmo sendo um dia-a-dia exigente, Sachs disse que dá tempo de socializar e conhecer os outros participantes, mas que as horas de sono ficam um pouco prejudicadas, especialmente para aqueles que chegam mais tarde.
 
“O bivouac é muito grande, toda noite tem aquela janta, então você senta com um, senta com outro… É legal, é legal. Mas agora, dormir, dorme pouco”, relatou. “Nós não chegamos tarde nenhum dia, então o nosso era acompanhar a manutenção do carro, dormir e acordar no horário da largada. Então eu não vou falar para você que eu dormi mal alguma noite, três horas, não, eu dormi em média seis horas por noite. Foi bom."
Dú Sachs e Ricardo Leal terminaram o Dakar no 25º posto (Foto: Victor Eleutério)
Após cada etapa, cabe aos competidores repassarem aos mecânicos tudo que aconteceu ao longo da prova para que o carro possa ser preparado para a especial seguinte. E, no caso da BAMP, tudo feito com uma estrutura pequena.
 
“A equipe era legal, era enxuta. Eu, o piloto, uma assessora de imprensa — uma menina de Angola —, um mecânico do carro, dois amigos como chefe de equipe e os três mecânicos contratados do motor. É uma empresa sul-africana que cuida só do motor. Eles vão lá, medem se está tudo OK, mas o mecânico era um só”, apontou. “Você administra o carro e acompanha. Fazia um check list em que se checava de tudo. Soltou isso, quebrou isso, temperatura e tal. Passava para o mecânico. Dali para frente, o menino varava a noite. Tinha dia em que eu chegava para largar e ele estava acabando de fazer o carro. Então eles trabalhavam a noite inteira”, seguiu.
 
Além de Sachs, outro brasileiro fez sua estreia no Dakar em 2015. André Suguita disputou a prova entre os quadriciclos e fechou a competição com um ótimo décimo posto. Apesar do resultado, o paulista contou ao GRANDE PRÊMIO que não tem planos de voltar a se aventurar na disputa.
 
“O Suguita é meu amigo e disse que nunca mais! E ele falava: ‘Dú, tu monta o Sertões no Brasil. Dú, eu nunca mais vou falar mal do Sertões! Nunca! Eu vou defender você até…’ E ele resumiu bem, ele falou: ‘O Sertões, Dú, é 80% de diversão e 20% de sofrimento. Isso aqui foi 10% de diversão e 90% de sofrimento. Eu nunca mais volto’”, recordou Sachs. “Eu falaria para você que eu estaria pronto, porque para mim foi uma experiência muito dura, aí eu me prepararia melhor fisicamente, mas a experiência e o psicológico vale mais do que o físico”, defendeu.
 
Por fim, questionado sobra qual palavra define o Dakar, Sachs respondeu: “Desafio! Não é superação. É desafio! Você não sabe o que vai acontecer, mas nós nos saímos bem." 
A HISTÓRIA DA HISTÓRIA

Emoção, velocidade, perigo, glamour, glórias e fracassos, heróis, tragédias e momentos ímpares: talvez nem mesmo todas as palavras supracitadas consigam definir a essência do GP de Mônaco, a mais tradicional de todas as provas do Mundial de F1. Presente no calendário da categoria desde seu ano de fundação, 1950, a corrida será disputada pela 62ª vez no próximo fim de semana. Trata-se do evento mais midiático de todo o calendário por colocar diante do seu seleto público alguns dos mais velozes carros do mundo passando em frente a restaurantes, hotéis, cassinos e ao deslumbrante Mar Mediterrâneo

BARBARIZOU

Scott Dixon é o pole-position das 500 Milhas de Indianápolis deste ano. O neozelandês não deu chance alguma a qualquer um de seus 33 concorrentes neste domingo (17). Quando deu sua primeira volta rápida, a única do treino classificatório na casa de 227 mph, definiu a posição de honra. Um dos domínios mais impressionantes que o Speedway viu numa disputa pela posição de honra. É a segunda vez que Dixon sai na frente em Indy. A outra aconteceu em 2008, quando ganhou. O piloto da Ganassi divide a primeira fila com dois rivais da Penske: Will Power e Simon Pagenaud

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