Por permanência no Dakar, dupla da Mitsubishi encara especial de mais de 24 horas entre Uyuni e Salta

Não vai ser tão fácil tirar João Franciosi e Gustavo Gugelmin do Rali Dakar. Únicos representantes da Mitsubishi ainda na disputa, os brasileiros viveram uma verdadeira epopeia na saída da Bolívia, mas estão prontos para seguir na mais difícil prova off-road do planeta.

 

Sozinhos na estrutura da marca dos três diamantes desde o abandono das duplas formadas por Guilherme Spinelli e Yousseff Haddad, e Carlos Sousa e Paulo Fiuza, Franciosi e Gugelmin iniciaram a sétima especial do Dakar com o 28º posto na classificação, 3h12min20s atrás de Stéphane Peterhansel, então líder da disputa, mas viram a especial de 353 km se converter em uma epopeia por conta de um problema mecânico com o ASX.

No retorno à Argentina, ao passarem por um trecho muito acidentado e cheio de pedras, um dos rolamentos da roda do ASX apresentou problemas. Sem muitas opções, a dupla #384 reduziu o ritmo na tentativa de completar a especial, mas acabou optando por efetuar o reparo com as próprias mãos.

 

 O trabalho, que nas condições ideais levaria pouco tempo para ser efetuado, acabou se tornando uma longuíssima jornada, exigindo mais de um dia de trabalho do estreante Franciosi e de seu companheiro Gugelmin, que faz seu segundo Dakar.

 

João e Gustavo enfrentaram frio, poeira, calor e cansaço em meio à madrugada e, depois de reparar o carro, ainda seguiram lentos pelo trecho restante, para evitar novos danos ao ASX.  A dupla chegou ao acampamento de Salta às 13h20 (de Brasília), depois de 26 horas de trabalho, perdendo boa parte do dia de descanso do rali.

 

Pelo regulamento do Dakar, cada especial tem um tempo máximo para ser completada, marca essa que é definida antes de cada estágio e comunicada individualmente aos competidores.

 

Coube, então, aos mecânicos da Mitsubishi — todos brasileiros, exceto o preparador de motor — revisar o ASX e deixá-lo prontinho para a largada para o próximo trecho cronometrado de 393 km entre Salta e Belén.

 

Mas o dia da Mitsubishi não foi de problemas só com o ASX. Chefe da equipe dos três diamantes, Detlef Altwig contou pelo Facebook que a equipe teve um fim de semana para lá de difícil.

“Perrengue total! Depois de 17h de viagem, atravessamos a fronteira da Bolívia com a Argentina e a estrada que nos levaria a nosso destino em Salta está interrompida devido a um alagamento”, escreveu. “O nosso carro #384, Franciosi/Gugelmin, teve um problema mecânico ao final da primeira especial de hoje e ainda não chegou. A dupla está tentando fazer os reparos na trilha e tem até este domingo 18h para chegar em Salta, senão estará fora da prova!”, continuou.

 

“Para completar, o nosso caminhão de apoio teve dois pneus estourados na descida de uma serra e ainda um princípio de incêndio que foi debelado pela tripulação”, relatou. “Ficamos praticamente o dia todo sem comunicação, pois nem os aparelhos via satélite funcionavam!”, completou.

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