Em meio a admiração, pilotos chegam a Interlagos preocupados com futuro: “Privatizar seria o início do fim”

A empolgação com o começo da temporada 2018 da Stock Car e com a chance de acelerar novamente no mais icônico circuito do Brasil contrasta com a preocupação quanto ao futuro de Interlagos. Convidados da Shell Racing para a Corrida de Duplas, Mark Winterbottom e Laurens Vanthoor rasgaram elogios ao traçado paulistano. Mas Átila Abreu e Ricardo Zonta, conhecedores dos planos do prefeito João Doria, temem pelo fim de Interlagos: “Dá uma tristeza muito grande”

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A Stock Car abre a temporada 2018 com grande expectativa e muitos convidados internacionais para a disputa da Corrida de Duplas neste sábado (10). São representantes de nada menos que 11 países entre os 66 pilotos, convidados e titulares. Em teoria, uma grande festa, que conta com a presença de dez ex-F1. Mas em meio à natural ansiedade pela retomada dos trabalhos, a principal categoria do automobilismo brasileiro e o esporte a motor como um todo convive com uma preocupação cada vez maior: o futuro de Interlagos, palco da prova deste fim de semana.

 
Desde antes de assumir a ‘gestão’’, como costuma dizer o prefeito de São Paulo, João Doria, colocou como uma das prioridades a privatização de bens públicos como o Parque do Ibirapuera e o Autódromo de Interlagos. Nos últimos meses, notícias dão conta de que o plano é construir um complexo residencial e outro, de caráter comercial, no complexo do autódromo. 
 
Sergio Berti, líder da comissão Interlagos Hoje, comanda o movimento para que Interlagos seja preservado, mas o que se sabe é que Doria nunca atendeu a pedidos de audiência, nem da comissão e tampouco de entidades que regem o esporte a motor do Brasil, como a CBA (Confederação Brasileira de Automobilismo) e a CBM (Confederação Brasileira de Motociclismo).
Átila Abreu conversa com seu convidado, o australiano Mark Winterbottom (Foto: José Mário Dias/Shell Racing)
Átila Abreu, piloto da Shell Racing, já teve a chance de comemorar grandes momentos em Interlagos, como a vitória em 2015, na última corrida daquela temporada. Ciente da importância nacional e mundial que representa o autódromo, o sorocabano de 30 anos entende que, se o complexo foi privatizado do jeito que planeja a prefeitura de São Paulo, vai ser a sentença de morte para Interlagos. 
 
“Acho que, se privatizar, entendo que a iniciativa privada tende a fazer o negócio de maneira mais caprichada, estar mais focada nisso, menos burocracia que um órgão público. Mas simplesmente privatizar e deixar que se explore outras áreas mais rentáveis, como a imobiliária, investir em shoppings, o que for, isso praticamente acaba com o autódromo. É o início do fim”, bradou Abreu, que citou exemplos de Jacarepaguá, outro icônico autódromo que foi limado para dar lugar ao Parque Olímpico, hoje abandonado pelo poder público.
 
“No Rio de Janeiro foi prometido que teria outra pista, detonaram a pista e nunca fizeram outra. Hoje o Parque Olímpico está mais abandonado que o autódromo. Acho que entendo que seria bacana [a privatização], mas não no formato que estão querendo. Deveriam privatizar para ser um autódromo, como é o Velo Città. Aqui é uma pista ícone, e você não vê pistas da F1 se acabando. É só no Brasil que essas coisas acontecem”, lamentou.
Ricardo Zonta venceu pela primeira vez na Stock Car em Interlagos (Foto: José Mário Dias/Shell Racing)
“Vamos fazer um esforço para que não aconteça isso e que, se for privatizado, que seja apenas como autódromo. Começar a fazer prédios dentro do autódromo… isso seria o início do fim”, completou o interiorano.
 
Para quem vem de fora, Interlagos é dessas pistas que fazem parte do imaginário. Foi aqui que Ayrton Senna viveu algumas das suas grandes glórias, assim como Felipe Massa, que alcançou suas maiores vitórias na F1 correnodo no circuito paulistano. 
 
Mark Winterbottom, australiano de 36 anos, é uma das estrelas da V8 Supercars, uma das principais categorias de turismo ao redor do mundo. É a segunda vez que o piloto tem a chance de acelerar na Stock Car, mas a primeira em Interlagos. Sua única participação na categoria foi na Corrida de Duplas em 2015, quando foi companheiro de equipe de Marcos Gomes na então Voxx Racing (hoje Cimed) e terminou em segundo lugar.
 
O ‘aussie’, que neste ano corre como convidado de Átila Abreu no #51, não escondeu a satisfação por ter a chance de conhecer e competir em São Paulo. “Para ser sincero, é um lugar especial. Faz parte da lista de pistas icônicas. Na Austrália, quando menciono a pista, as pessoas conhecem. Uma pista difícil, com grande curvas, então sempre é bom estar aqui”.
Laurens Vanthoor e Ricardo Zonta falam sobre como tracionar melhor nas curvas de Interlagos (Foto: José Mário Dias/Shell Racing)
Laurens Vanthoor, que foi convidado pela Shell Racing para ser parceiro de Ricardo Zonta, dono do melhor tempo da quarta-feira de treinos da pré-temporada, seguiu Winterbottom quanto aos elogios. O belga de 26 anos, que forma com Zonta uma dupla de campeões mundiais, faz neste fim de semana sua quarta corrida na Stock Car, mas também é a primeira vez que está em Interlagos.
 
“É uma pista interessante, embora quase não tenhamos conseguido andar no seco”, descreveu o piloto, que teve de lidar com a pista encharcada durante seu tempo de pista. “Mas estou muito feliz por andar em Interlagos, por estar aqui. Muito legal para guiar, muito divertida. Espero muito mais para amanhã, mas as primeiras impressões são muito positivas”, completou.
 
Zonta, por sua vez, já teve a chance de acelerar em Interlagos não só pela Stock Car, mas também com a F1. O curitibano de 41 se emociona e revela um sentimento de tristeza com a possibilidade de o complexo do autódromo virar um bairro residencial e, assim, caminhar para o que seria seu fim. 
 

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“Dá até uma tristeza grande ouvir isso, de ter a possibilidade [de fim do autódromo]. Se você ver o que já aconteceu com autódromos do Brasil… no Rio de Janeiro, acabaram com o autódromo; em Brasília, fizeram o que fizeram, não tem mais nada. Curitiba é aquilo que ninguém sabe o futuro, e a possibilidade de acontecer o mesmo com Interlagos”, disse o piloto, que venceu na Stock Car pela primeira vez justamente em São Paulo, na Corrida do Milhão de 2013.

 
“É uma tristeza bem grande para o automobilismo brasileiro e mundial, porque a F1, queira ou não, tem no Brasil um GP que conta muito. É triste demais só de pensar, imagina se acontecer”, finalizou.
 
O GRANDE PRÊMIO acompanha 'in loco' todo o fim de semana da Corrida de Duplas que abre a temporada 2018 da Stock Car em Interlagos.
ENQUANTO A MERCEDES RESPIRA CALMARIA

CONCORRÊNCIA MOSTRA ARES DE PREOCUPAÇÃO

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