Opinião GP: Longe de Interlagos, Corrida do Milhão mantém status e emoção e dá grande passo rumo à afirmação

DEU CERTO A MUDANÇA DA CORRIDA DO MILHÃO PARA GOIÂNIA. Realizar o evento no Centro-Oeste do Brasil nunca foi a primeira opção da Stock Car, mas o plano B não foi nada ruim. Mesmo longe de Interlagos, a prova foi emocionante como nos últimos anos, destacou-se em relação às demais etapas e, de quebra, ainda terminou com a vitória do piloto mais conhecido da categoria, Rubens Barrichello.

O primeiro fator para se ressaltar é a dissociação da Corrida do Milhão e da final do campeonato. Do jeito que foi feito em 2012 e 2013, dois acontecimentos importantes da categoria concorriam entre si. Tanto que o penta de Cacá Bueno e o bi de Ricardo Zonta tiraram um pouco do brilho das vitórias de Thiago Camilo e Ricardo Zonta.

Não foi o caso desta vez. O foco durante todo o fim de semana esteve na disputa pelo prêmio de R$ 1 milhão. Nada de contas desviando a atenção. Todos estavam trabalhando de olho nos 50 minutos de corrida que precisariam ser encarados em busca da atraente premiação.

A verdade é que o campeonato ainda é mais importante que a Corrida do Milhão. Mas o que se viu no fim de semana em Goiânia é um sinal de como o evento, criado em 2008, tem tudo para se tornar cada vez mais importante dentro do cenário do automobilismo nacional e da própria Stock Car.

Por um lado, a ida para Goiânia diminuiu em parte o potencial de relacionamento com patrocinadores, como admitiu ao GRANDE PRÊMIO o diretor-geral da Vicar, Maurício Slaviero. Por outro, foi possível levar mais público ao autódromo do que havia nas últimas provas que aconteceram em Interlagos.

Esse público que estava na pista goiana abraçou o evento e se empenhou em uma torcida por Barrichello que mais parecia estádio de futebol. Cada lance da disputa com Thiago Camilo era acompanhado de uma vibração vinda das arquibancadas. E a empolgação com a vitória do piloto que mais corridas disputou na F1 foi ainda maior — foi difícil levá-lo do pódio até a sala de entrevista coletiva, um trajeto de cerca de 100 metros.

Rubens Barrichello sobe no carro após anotar pole (Foto: Duda Bairros/Vicar)

A Stock Car tem conseguido se manter livre de grandes polêmicas em 2014, apesar da introdução de um formato de disputa novo e muito diferente do que existia até o ano passado. Problemas não deixaram de ocorrer, é verdade, e a mais recente reclamação dos pilotos diz respeito ao câmbio eletrônico introduzido no começo deste ano. A decisão ainda não foi tomada, mas pode ser que o modelo antigo volte a ser usado até o fim do mês.

Apesar disso, a categoria vive um ótimo ano até aqui e encontrou um bom rumo para crescer. Pouco a pouco, se ajusta e oferece um espetáculo melhor para quem assiste.

O retorno de Goiânia também fez bem, tanto que a Vicar já assinou para realizar dois eventos da Stock Car e dois do Brasileiro de Marcas e da F3 Brasil na cidade em 2015. E ainda carece de confirmação, mas é provável que a Corrida do Milhão aconteça novamente em Goiás, diante da provável indisponibilidade de Interlagos.

E é bom ver que, mesmo com as tão conhecidas dificuldades que o esporte a motor enfrenta no Brasil, não é impossível ver bons pilotos participando de boas corridas e com casa cheia.

O Opinião GP é o editorial do GRANDE PRÊMIO que expressa a visão dos jornalistas do site sobre um assunto de destaque, uma corrida específica ou o apanhado do fim de semana de automobilismo.

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