Coluna 24 – Daytona, por Ozz Negri: O pódio da superação!

Chegamos a liderar com o Ambrose e o A.J., já tendo descontado todas as voltas. Faltou pouquinho para a vitória, mas esse terceiro lugar foi importantíssimo e vou voltar para casa, em Miami, com uma sensação deliciosa

Depois de uma maratona tão intensa como foi essa edição da ‘24 Horas de Daytona’, eu me vejo diante dessa tela de computador muito emocionado. É uma enxurrada de emoções que envolveu todo mundo nesses últimos dias e culmina agora, com um resultado que vamos levar para casa com orgulho.

Mas não estaria sendo verdadeiro comigo mesmo se começasse essa coluna falando de outra coisa que não fosse o drama das famílias de Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Eu, como pai de duas maravilhosas filhas adolescentes, fico tentando me colocar no lugar de tantos pais e mães que viram seus filhos saindo no sábado a noite para um momento de diversão e, depois, só encontrá-los na relação das vítimas fatais. Triste, muito triste.

Bom, vamos falar da corrida. Há dois aspectos aqui muito reservados e íntimos que quero dividir com vocês. O primeiro deles é técnico, e o outro, pessoal. Eu não quero parecer pretensioso, mas assim como no ano passado, tínhamos todas as condições de vencer agora novamente. O trabalho da equipe é fantástico, o comprometimento de todos é uma inspiração para muita gente e, no time de pilotos, tivemos a felicidade de ter o Marcos Ambrose a somar com o quarteto da vitória de 2012: eu e os meus ‘brothers’ A.J. Allmendinger, Justin Wilson e John Pew, esse também o meu parceirão do ano todo.

O A.J. largou e se manteve na posição de origem nas primeiras voltas, a sexta, mas andando num ritmo tão forte que na quinta volta ele assinalou a passagem mais rápida que o nosso carro #60 daria durante todas as 24 horas. Ainda na primeira hora, já em quinto, ele precisou parar nos pits para reparos. Os mecânicos viram que o problema estava na suspensão, mas precisamente num tirante na dianteira direita. Dos males o menor porque, de princípio, deu a impressão de ser algo de transmissão, tipo câmbio ou diferencial, o que seria muito pior.

Ao lado de Wilson, Allmendinger e Pew, Negri terminou em terceiro em Daytona (Foto: Grand-Am)

Os mecânicos trabalharam muito rápido, mas mesmo assim, quando o A.J. entrou de volta na pista, estava sete voltas atrás do líder. Aí, o que fazer numa situação dessas? Logo foi traçado um planejamento de emergência para reverter o quadro. Como aconteceu o problema no início da prova, quando estávamos embolados, caímos bem para trás. Para vocês terem uma ideia, quando eu entrei no carro (fui o segundo na escala) no início da terceira hora da corrida, a gente estava em 34° na geral e 14° na categoria DP, que quer dizer Daytona Prototype.

Na minha vez no carro, fiz o melhor que estava ao meu alcance e ‘cansei’ de fazer ultrapassagens para poder alinhar o carro mais ou menos no bolo dianteiro, dos carros DP.  Pilotei por cerca de uma hora, completei umas 30 voltas e entreguei o carro para o John Pew em 14° na geral. Isso aconteceu lá pelas 18h45, 21h45 no Brasil. O engraçado é que, durante a minha pilotagem, eu estava tão concentrado que não sentia qualquer tipo de dor. Só quando eu desci do carro eu senti a perna incomodando por causa da musculatura que deu uma atrofiada por falta de exercícios nesse período de recuperação.

Durante o stint, o pessoal da equipe ia me perguntando se eu estava bem ou se precisava parar. Como estava tudo legal, fui até o tanque terminar. Saí do carro tão contente com minha performance e por ter superado tudo aquilo que eu me sentia maravilhosamente bem. Se me perguntassem na hora, certamente iria dizer que poderia fazer mais dois ou três stints.

Só que é nessas horas que a gente tem de ser profissional, deixar a emoção de lado. Minhas atitudes na sequência foram pensando na equipe, pensando naquela nossa família, não de forma egoísta. Com a estratégia de fazer volta de classificação sempre que fosse possível e retardar ao máximo as paradas após os líderes, fomos descontando volta atrás de volta. Lá pelas 9h00 (meio dia de domingo no Brasil), era hora de eu voltar para o carro e cumprir um double-stint. Isso significa pilotar dois tanques completos.

Foi aí que eu fiz uma avaliação muito fria e abri mão. Pelo esforço do primeiro stint, receei colocar o trabalho de todos a perder tendo alguma dificuldade de aguentar o tranco. Já tinha feito minha parte na pista muito bem, a equipe estava feliz e eu me concentrei a ajudar na estratégia. Chegamos a liderar com o Ambrose e o A.J., já tendo descontado todas as voltas. Faltou pouquinho para a vitória, mas esse terceiro lugar foi importantíssimo e vou voltar para casa, em Miami, com uma sensação deliciosa.

Desculpe se eu estou meio confuso ao colocar essas ideias aqui, é que realmente agora bateu um cansaço daqueles. Na coluna de amanhã, a derradeira dessa cobertura para o Grande Prêmio, vou contar outros detalhes. Por agora, preciso de uma cama! Até mais!

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