Coluna 24 – Daytona, por Ozz Negri: Parceria vencedora com a Ford

É algo gigantesco, e com toda essa responsabilidade o pessoal da Ford Racing tem se dedicado demais. Além do trabalho que já foi feito em pista, cerca de 70 pessoas pisaram fundo nos testes de dinamômetro, no mapeamento do motor e na configuração do controle de tração para que a gente pudesse chegar competitivo em Daytona

 
Oi, galera do GRANDE PRÊMIO! Eu ainda estou aqui em Miami na minha preparação para as 24h de Daytona e, inclusive, acelerando. Mas sobre isso vou falar em outra ocasião. O que eu quero hoje, em primeiro lugar, é agradecer o carinho da galera e pela boa receptividade da coluna de ontem, a primeira dessa nova série. Vocês são demais! E também quero contar um pouco de algumas parcerias que temos. Isso mostra que o nosso campeonato não é isolado, mas integrado numa disputa global entre as grandes corporações automobilísticas.
 
De casa até Daytona dá umas três horas de carro, então, amanhã cedinho, já vou pegar a estrada para encontrar os meus camaradas da Michael Shank Racing, que desde ontem já estão trabalhando nas garagens do Daytona International Speedway. Tem muita coisa para montar e para vistoriar. É por isso que são constantes as visitas dos comissários da IMSA, que é a International Motor Sports Association. Como é a primeira corrida de um novo campeonato e com regulamento novo, imaginem como esses caras estão correndo! É trabalho duro dentro e fora das garagens, pois toda a estrutura de cabeamento para TV, comunicação, transmissão de dados, internet e sei lá mais o que está sendo montada.
 
Ozz Negri e o novo motor ford no Salão de Detroit, em janeiro_(Fot: Lachelle Seymour/Ford Racing)
Mas para que essa movimentação toda pudesse estar acontecendo, a correria começou bem antes . Um exemplo é o pessoal da Ford Racing. Até o ano passado, só a gente usava os motores da Ford na categoria principal da Grand-Am, a dos Protótipos. Agora, a Ganassi também está com a Ford e a equipe chega para juntar forçar num momento muito especial para a marca. O que temos empurrando os nossos carros não é apenas um motor de corrida. Nada disso, é muito, muito mais. O nosso novo motor de corrida é o Ford EcoBoost 3.5 V6 Turbo, um novo conceito de motorização que a empresa adota de maneira praticamente integral. A tecnologia EcoBoost, que já produziu mais de dois milhões de motores, chega agora às corridas com muita similaridade com o carro de rua. Ela é baseada numa espécie de casamento aparentemente impensável. Aquela lógica de que motor potente é gastão e motor fraco é econômico caiu por terra com a tecnologia EcoBoost. Ela visa oferecer potência com economia e economia com potência.
 
Pra começar, 70% das peças do nosso motor de corrida são as mesmas do motor de rua. O bloco é exatamente o mesmo do Taurus SHO e 90% da linha 2014 de automóveis da Ford é EcoBoost. Aqui, a gente pode citar o Fiesta (1.0 e 1.6), Fusion (1.5, 1.6 e 2.0), Escape (1.6 e 1.0), Focus (2.0), Taurus (2.0 e 3.5), Explorer (2.0 e 3.5) e F-150 (3.5). Muitos desses têm aí no Brasil, e para o ano que vem, o Mustang 2015 terá o EcoBoost 2.3. É algo gigantesco, e com toda essa responsabilidade o pessoal da Ford Racing tem se dedicado demais. Além do trabalho que já foi feito em pista, cerca de 70 pessoas pisaram fundo nos testes de dinamômetro, no mapeamento do motor, na configuração do controle de tração – que é uma novidade introduzida no regulamento desse ano – e muito mais coisas para que a gente pudesse chegar competitivo em Daytona.    
 
O Riley também é novo, um desenvolvimento muito grande em cima do chassi do ano passado. O reestudo aerodinâmico foi gigantesco porque, além das modificações no assoalho do carro, ele ficou mais forte de chão e com o freio de carbono, que até então não tínhamos, estamos qualquer coisa como 4s mais rápidos. E podem acreditar que só não estamos mais rápidos por causa das limitações impostas pelo regulamento. Tudo isso por conta da necessidade de nivelar as categorias. O que acontece é que, com a fusão, não dava para uma delas simplesmente jogar tudo fora e ter o mesmo equipamento da outra. O mais lógico está sendo feito, que é modificar um pouco cada uma das delas para equilibrar. O nosso DP ficou aproximadamente 180 kg mais pesado do que o LMP2, que é o carro da Le Mans Series que agora forma com a gente a categoria Protótipos. Além disso, nosso conjunto gasta mais freio e pneu. Para compensar, temos 650 cv de potência, o que representou um ganho de 100 cv em relação ao motor do ano passado.
 
Por ser tudo novo, muita coisa pode ser mudada, ainda, para que a equação seja a mais correta possível. Isso não é coisa fácil de fazer e a F-Truck, no Brasil, fez um trabalho fantástico a esse respeito. O criador do campeonato, o Aurélio Félix, misturou caminhão grande com caminhão pequeno e deu certo, porque fez um regulamento que nivelava. O cara, realmente, era um gênio. Exemplo disso era o Djalma Fogaça, quando corria com o Ford Cargo, enfrentando cara a cara os pesados da Mercedes, Volvo e Scania.
 
Por hoje vou ficando por aqui. Até amanhã e grande abraço!  
 
Ozz Negri
 
Oswaldo Negri Jr., mais conhecido nos Estados Unidos como Ozz Negri, nasceu em São Paulo no dia 29 de maio de 1964 e já completou 40 anos de carreira como piloto. No Brasil, começou no kart, passando a seguir pela F-Ford e F-3, onde foi campeão em 1990. Na Europa, correu na F-3 Inglesa. Ele compete no automobilismo da America do Norte desde 1997, sendo campeão Pan-americano de Indy Lights em 1998. Está iniciando a 13ª temporada no Endurance dos EUA e venceu as 24h de Daytona em 2012.

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