Favorita antes das 24 Horas de Le Mans, Toyota está “amadurecendo e colhendo os frutos na hora certa”, diz Davidson

Anthony Davidson acredita que a Toyota está melhor preparada do que nunca para as 24 Horas de Le Mans de 2014, que serão disputadas neste fim de semana no lendário circuito de Sarthe. Mas o time japonês precisará ser perfeito para bater Audi e Porsche na edição mais aguardada dos últimos tempos

As duas vitórias nas etapas que abriram a temporada do Mundial de Endurance e a ciência de que o TS-040 é bom deixam a Toyota confiante para a 82ª edição das 24 Horas de Le Mans. A marca japonesa foi ao pódio em 2013, mas quer e acredita que pode conseguir mais na corrida deste fim de semana na França. E o piloto inglês Anthony Davidson falou com o GRANDE PRÊMIO  sobre o clima de otimismo que há dentro do time, cada vez mais maduro e melhor preparado tecnicamente.

Assim como aconteceu na F1, o WEC também submeteu seus times a um novo regulamento técnico em 2014. O livro de regras que passou a valer obriga as montadoras da classe LMP1 a trabalhar incessantemente em formas de recuperar energia e gastar menos combustível — com cada fabricante tendo a opção de escolher o sistema que mais lhe agrada. Esse tem sido o grande trunfo da Toyota.

O protótipo japonês continua contando com um motor V8 aspirado, mas agora tem dois sistemas híbridos baseados no armazenamento da energia cinética gerada nas freadas — dois Kers. O conjunto todo alcança impressionantes 1000 cavalos de potência. Em Sarthe, a quantidade de energia elétrica que poderá ser utilizada por volta é de 6 MJ.

Anthony Davidson destacou que Audi e Porsche não podem ser dadas como vencidas, mas confia na força do TS-040 da Toyota (Foto: Rodrigo Berton/Grande Prêmio)

O começo de ano foi excelente. O trio formado por Davidson, Sébastien Buemi e Nicolas Lapierre venceu nas 6 Horas de Silverstone e nas 6 Horas de Spa-Francorchamps e lidera o campeonato. O outro trio, Alexander Wurz, Kazuki Nakajima e Stéphane Sarrazin, ainda somou um segundo e um terceiro lugar nessas provas. Os lugares que sobraram nos pódios foram ocupados pela Porsche na Inglaterra e pela Audi na rodada da Bélgica.

E a expectativa nem era andar tão bem nessas etapas, de acordo com Davidson. A tendência é que o pacote da Toyota funcione melhor em Le Mans, prova para a qual a preparação foi melhor do que nos últimos dois anos. Mas a chave mesmo para esse sucesso é o amadurecimento da equipe que, de quebra, ainda liderou os dois dias de testes realizados em 31 de maio e 1º de junho para chamar para si o favoritismo.

“É o nosso terceiro ano. Focamos mais no pacote para Le Mans do que no ano passado e, no geral, sinto que o time está amadurecendo e colhendo os frutos na hora certa”, afirmou o britânico ao GP.

“Eu acho que [além do sistema híbrido] o carro também tem velocidade natural. Começamos a temporada em dois circuitos teoricamente mais fracos para nós, Silverstone e Spa. Nosso sistema recupera energia nas freadas, e nos dois primeiros circuitos não se freia tanto. Esperançosamente, em Le Mans estaremos em uma posição bem melhor para extrair mais do nosso ótimo sistema híbrido”, analisou.

Além disso, a confiabilidade “está tão boa quanto se pode esperar”. É um bom sinal, mas nada mais do que isso antes de uma prova tão desgastante para um carro como Le Mans. “Você nunca pode garantir nada no endurance. Coisas que nunca aconteceram antes podem acontecer com o carro, especialmente em uma corrida que dura 24 horas. Você ainda pode ser afetado por um furo de pneu, o que pode acontecer com todo mundo e é azar”, alertou. “Então eu acho que não tivermos esse azar podemos brigar pela vitória até o fim.”

Concorrência alemã

Nem sempre o carro mais rápido vence em Le Mans. Uma série de variáveis faz parte da maior corrida de endurance do planeta. Acidentes, erros, problemas mecânicos e estratégias podem interferir muito. A própria Audi não teve sempre o melhor carro, mas mesmo assim conseguiu bater a Pescarolo em 2005 e a Peugeot em 2008 e 2010.

O time de Ingolstadt vai tentar conquistar a quinta vitória consecutiva e a 13ª de sua história as 24 Horas de Le Mans com três protótipos R18 e-tron quattro equipados com um V6 turbo-diesel e um motor híbrido que permitirá o uso de até 2 MJ de energia elétrica por volta. Tom Kristensen, o maior vencedor da prova, faz parte do plantel de pilotos da montadora alemã e compartilha o #1 com Lucas Di Grassi — que tenta se tornar o primeiro brasileiro a vencer na classificação geral — e Loïc Duval. Os outros trios são formados por André Lotterer, Marcel Fässler e Benoît Tréluyer, e Filipe Albuquerque, Oliver Jarvis e Marco Bonanomi.

A outra candidata sai de dentro do grupo Volkswagen: é a coirmã Porsche. De volta à LMP1 para tentar evitar que a Audi a supere como a maior vencedora das 24 Horas, a montadora terá dois carros no grid no próximo sábado: um conduzido por Mark Webber, Timo Bernhard e Brendon Hartley, e outro por Romain Dumas, Neel Jani e Marc Lieb.

“A Porsche está se desenvolvendo muito rápido, o protótipo já é rápido e sabemos que vão ficar cada vez melhores, e você nunca pode subestimar a Audi. Seus resultados falam por si só, sua história não só em Le Mans, nas no endurance mundial também”, elogiou Davidson.

Webber, Kristensen e Davidson: na pista, o relacionamento não vai ser tão amistoso assim (Foto: Facebook/Toyota)

O calcanhar de Aquiles da Porsche deve ser a confiabilidade. O 919, embora veloz, teve problemas nas corridas já disputadas no WEC e também nos testes mais longos realizados em Aragão e em Paul Ricard. E como o próprio Davidson ressaltou, em Le Mans, sempre se descobre um defeito novo. A experiência conta muito para fugir dessas falhas.

No âmbito das estratégias, o consumo de combustível vai ser chave. Como o regulamento privilegia o uso dos sistemas híbridos, a Audi, que compete na sub-categoria de 2 MJ de potência vinda dos motores elétricos, vai contar com menos combustível — aproximadamente seis litros a cada 100 km, o que pode resultar em uma desvantagem de 300 litros em 24 horas. Pelos cálculos dos órgãos reguladores, que acreditam que a diferença consistirá mesmo é na energia recuperada por cada protótipo, a Audi será capaz de dar 13,2 voltas em Le Mans com um tanque, enquanto Toyota e Porsche, na sub-categoria de 6 MJ, 13,9. Pesará nessa conta o quanto de tempo será perdido pelas duas economizando para fazer stints de 14 voltas enquanto os R18 e-tron quattro estarão acelerando o máximo que puderem para fazer valer os stints de 13 giros.

“A Audi possivelmente não enfrentou um desafio tão difícil antes em Le Mans como neste ano”, falou Ulrich Hackenberg, membro do conselho de desenvolvimento técnico da montadora. “A vantagem de eficiência do motor TDI não é mais suficiente para também representar uma vantagem ao longo da corrida. Ainda assim, estamos encarando esse desafio para mostrar nosso expertise técnico. Mais do que nunca, uma apresentação perfeita de um time coeso será crucial”, ressaltou.

O único treino livre da semana acontece nesta quarta-feira (8) às 11h (de Brasília). Mais tarde, às 17h, acontece o primeiro dos três treinos classificatórios. Os outros dois serão às 14h e às 17h da quinta-feira. A largada está marcada para as 10h (de Brasília) de sábado, e o GRANDE PRÊMIO vai publicar parciais ao longo das 24 horas de disputa em Sarthe.

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