Prévia: com estabilidade e atenção, F-E invade território da F1 em evolução irreal

Pela primeira vez, a F-E consegue uma terceira prova seguida com o mesmo grid, sinalizando um aumento no prestígio com os pilotos. Também pela primeira vez, a F-E chega até a Europa e 'invade' o território que é da F1. A atenção e a melhora que a categoria dos bólidos elétricos apresentou nestes primeiros sete meses é muito maior do que se poderia imaginar

Um mês depois, a F-E volta à ação e chega pela primeira vez – e enfim – na Europa. Foram seis corridas em sete meses, começando num eP da China, em Pequim, com pouca gente nas arquibancadas e quase nenhuma emoção na pista. Difícil pensar que chegando a Mônaco, em apenas alguns meses, a história de uma categoria seria tão irrealmente diferente.
 
Três semanas atrás, a F-E divulgou que todos os ingressos disponibilizados ao público se encerraram em algumas horas. Em Mônaco, as arquibancadas estarão abarrotadas; para Berlim, quase não há mais ingressos. Após grandes provas na Malásia, no Uruguai, na Argentina e em Miami, é difícil vislumbrar clarões no público. Desde Punta del Este, ‘sold out’ em todas as provas realizadas.
 
Outro ponto que mostra a evolução franca da categoria é o prestígio com os pilotos. A cada teste de competitividade, a F-E parece se consolidar entre os homens do cockpit. Em Monte Carlo, pela primeira vez a categoria vai ver o mesmo grid por três corridas seguidas. As mudanças feitas às pressas vão se mostrando fixas. Scott Speed na Andretti, por exemplo, gostou do que viu e ficou. Loïc Duval da mesma forma, assim como Vitantonio Liuzzi. Aos poucos, o público pode saber de cor nomes e números. Mostra, também, que os pilotos começam a ficar menos titubeantes e priorizar a categoria em relação a outros compromissos.
 
Mas além de chegar a Europa, há também um outro território em que a F-E se infiltra agora: o da F1. Correr em Mônaco é correr onde a F1 vai desde sua primeira temporada, em 1950, e ininterruptamente desde 1955. Talvez nenhuma outra prova se identifique tanto com a F1. Lá, quase todos os maiores da história deixaram sua marca. Ayrton Senna ganhou seis vezes, Michael Schumacher e Graham Hill ganharam cinco, Alain Prost ganhou quatro vezes, Jackie Stewart e Stirling Moss faturaram três cada. 
 
Se Spa, Monza ou Silverstone significam tanto tecnicamente, Monte Carlo tem uma sensação quase que de zona de conforto da F1, porque o espaço das ruas do Principado não é dado a qualquer uma das maiores categorias do automobilismo. Se a F-E ‘rouba’ a pista monárquica por um fim de semana, as expectativas são maiores que as de Punta del Este ou Buenos Aires.
 
Para a F-E, o circuito é diferente. Os monopostos elétricos não vão cruzar o túnel ou a Loews, mas ainda passam pela St. Devote, o trecho da Piscina e a Rascasse. Mais do que o suficiente para proporcionar bons momentos, ainda mais com a dificuldade de aderência dos carros da categoria.
A bela paisagem monegasca (Foto: Getty Images)
NA BATALHA PELO TÍTULO
 
Após seis etapas e chegando à descida da ladeira da temporada, a briga pelo título começa a ser mais real e as disputas, palpáveis. Dentro da diferença de pontos de uma vitória, por exemplo, 25, estão os cinco primeiros colocados do campeonato. Lucas Di Grassi e Nelsinho Piquet têm 75 e 74, respectivamente, e a melhor fase. Os dois pilotos da e.dams, Nicolas Prost e Sébastien Buemi, chegam com 69 e 55 pontos. Sam Bird tem 52.
 
Analisando o que cada um tem feito, no entanto, fica difícil dizer que Bird vai arrancar. Depois de um segundo lugar e uma vitória nas duas primeiras corridas, o inglês só conseguiu levar a Virgin a um sétimo lugar. Fora isso, um oitavo e dois abandonos.
 
A dupla de e.dams tem um problema claro em comum: a confiabilidade do time parceiro da Renault. Embora tenha o carro mais rápido – e por isso lidera entre as Equipes, são 124 pontos contra 97 da Audi ABT -, passa longe de ter máquinas tão confiáveis de permanecerem intactas quanto a equipe China.
 
Di Grassi não ficou fora do pódio em qualquer uma das provas em que pôde pilotar sem problemas no carro. Quebra na suspensão e superaquecimento das baterias em Buenos Aires e Miami o tiraram de posições de pontuar mais. 
 
O crescimento franco de Piquet, porém, é digno de manchetes. É justo dizer que o brasileiro teve chances de escolher entre algumas equipes após os testes de pré-temporada em Donington Park, e a seleção pela China foi intrigante no começo. Mas com três pódios e um quinto lugar nas quatro últimas provas, ninguém tem o 'momentum' que Piquet tem chegando ao Velho Continente.
 
Quem não está familiarizado com a palavra 'momentum', saiba que se trata de uma expressão da física que designa a força de um objeto na junção entre sua massa e velocidade. Após vencer e dar um show em Long Beach, o 'momentum' de Nelsinho poderia ser a Quarta Lei de Newton. Especialmente se for levado em consideração que o outro carro da China, já guiado por Ho-Pin Tung, Antonio García e Charles Pic, segue sem marcar um ponto sequer.
Nelsinho Piquet vence em Long Beach na F-E (Foto: AP)
PASSADO
 
Para estrear em Mônaco, nada melhor que um vencedor do GP. Foi lá, em 2004, que Jarno Trulli venceu sua única corrida na F1, na época pela Renault. Bruno Senna também já venceu em Mônaco, pela GP2, assim como Jérôme D'Ambrosio. Bird e Pic venceram pela World Series, Duval pela F3 Europeia e Nick Heidfeld e Liuzzi pela F3000.
 
SEIS EM SEIS
 
Tudo o que se falou antes de Long Beach sobre a variação de vencedores permaneceu após o próximo da fila, Piquet, se tornar o sexto vencedor em seis provas. Com o cerco se fechando, a questão agora é saber quem mais pode ganhar. As atuações que Jean-Éric Vergne e Speed mostraram com a Andretti dão a sensação de que é um deles.
 
Vergne chegou a liderar os três primeiros ePs que participou – sendo dois deles tendo largado na pole – e mostrou consistência para ser segundo colocado na Costa Oeste americana. Speed abandonou cedo na Califórnia, mas o segundo lugar em atuação arrojada na Flórida joga a seu favor. 

Prognóstico do GRANDE PRÊMIO:

1 JEAN-ÉRIC VERGNE FRA ANDRETTI
2 SÉBASTIEN BUEMI SUI E.DAMS
3 LUCAS DI GRASSI BRA AUDI ABT
4 NELSINHO PIQUET BRA CHINA
5 NICK HEIDFELD ALE VENTURI

GP RECOMENDA

A partir deste fim de semana, as corridas de F1 voltam a acontecer no seu horário habitual: 9h em Brasília. É o início da temporada europeia, um marco definitivamente importante no campeonato – mais no passado do que atualmente, mas ainda assim importante. E o GRANDE PRÊMIO listou cinco bons motivos para o leitor ficar de olho na quinta etapa da temporada 2015, que tem na liderança o inglês Lewis Hamilton, da Mercedes

DO BRILHO À CHACOTA

25 pontos é a pontuação que o vencedor de um GP de F1 recebe desde a temporada 2010, e foi o que Pastor Maldonado colocou no bolso quando, em 2012, venceu o GP da Espanha pela Williams. Aquele foi um resultado que deixou o mundo da F1 de queixo caído. Ninguém esperava – mesmo. E foi uma história bastante bonita: no fim de semana em que Frank Williams fez sua festa de 70 anos, seu time quebrou um jejum que já durava oito anos. Maldonado largou na pole, brigou de igual para igual com Fernando Alonso e ganhou

DE ROUPA NOVA

A McLaren apresentou a nova pintura do MP4-30. Confirmando rumores, o time de Woking deixou de lado o prateado e coloriu o bólido de Fernando Alonso e Jenson Button com tons de cinza grafite. A mudança marca o fim de uma era. Desde 1997, quando deixou de lado o branco e vermelho utilizado durante as duas décadas de parceria com a Marlboro, a McLaren sempre apresentou layouts com a cor prateada devido especialmente ao vínculo com a Mercedes

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