11 homens (quase isso) e um segredo: Las Vegas se prepara para definir rumos da F1 2024

A Fórmula 1 desembarca em Las Vegas com os bolsos cheios de fichas. São muitas apostas e poucas certezas, como a que coloca Max Verstappen em uma posição privilegiada para já findar o campeonato, sem blefes. Mas há quem queira tomar de assalto a Strip e arriscar tudo nas roletas da Cidade do Pecado — e há aqueles que precisam desesperadamente de um golpe de sorte

Quando decidiu roubar cassinos em Las Vegas, Danny Ocean sabia exatamente o que estava fazendo e acabou por abrir um leque de possibilidades para a icônica cidade do meio do deserto. Não que a Fórmula 1 queira cometer algum delito por lá, mas certamente deseja um impacto tão bem-sucedido quanto aquele dos 11 caras. Só que aqui o segredo é tomar de assalto a famosa Strip e enfim emplacar a etapa em Nevada, não só no imaginário do torcedor e do fã mais recente, mas principalmente dentro dos Estados Unidos — o mercado dos sonhos do Liberty Media. O investimento segue muito alto a ponto de transformar a região, de propriamente promover o evento e criar um novo polo de entretenimento, um marco no calendário. A primeira edição, em 2023, começou luxuosa e cheia de espetáculos, mas com muitos problemas em pista — e para quem tentou assistir in loco. O golpe de sorte foi a corrida, que surpreendentemente se mostrou uma das melhores da temporada passada. Agora, é preciso ir além. E só uma ação bem planejada, com uma dose de ousadia e carisma, fará com que seja possível.

É claro que há uma expectativa em torno de grandes apresentações, shows, luzes e tudo que envolve os negócios, mas há também elementos que devem ajudar a F1 a estabelecer esse patamar de espetáculo que tanto deseja, muito embora seja imperativo fazer um trabalho melhor que o do ano passado, especialmente no que diz respeito ao público e ao cuidado com o circuito em si. Afinal, ninguém quer ficar preso em um bueiro de rua ou isolado sem ver o espetáculo. E existe um fator do qual o Mundial não pode abrir mão: a imprevisibilidade que tomou conta da temporada 2024 — ainda que Max Verstappen já desembarque em Las Vegas com uma mão na taça. É preciso ter um plano.

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De fato, o neerlandês não precisa arriscar nada nas roletas depois da atuação mágica em São Paulo, no início do mês. Ele só tem de chegar à frente do rival Lando Norris. Mas isso não quer dizer que está tudo garantido e é aqui que começam as dificuldades. A questão é entender como a Red Bull vai lidar com uma pista e as condições diferentes daquelas encontradas no Brasil. É bom lembrar que os taurinos ainda têm lá suas fraquezas. Talvez um blefe venha a calhar.

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Max Verstappen está perto de conquistar o tetra na F1 (Foto: Red Bull Content Pool)

De toda a maneira, Max chega fortalecido aos Estados Unidos. A vitória em Interlagos e a considerável vantagem na folha de classificação lhe tiram um peso enorme dos ombros. Nesse cenário, é sempre curioso ver o que tem na manga para desconsertar os adversários, e isso por si só já garante o show. Do outro lado da mesa está a McLaren, que não pode ser descartada. Embora ainda viva a derrota doída na chuva paulistana, a equipe papaia ainda tem muito com que se preocupar e não pode nem sonhar com blefe ou uma jogada mal pensada. O plano aqui precisa ser perfeito.

E nem tanto por conta do Mundial de Pilotos, já que Norris precisaria quebrar a banca, levar tudo do cofre de uma vez. É um pouco tarde agora. Mas há ainda muito em jogo entre as equipes. Neste momento, a esquadra inglesa lidera a tabela, com 36 pontos para a Ferrari e 49 para a Red Bull. Tudo em aberto aí, restando três etapas. E apesar do circuito de Las Vegas não ser exatamente aquilo que o carro laranja mais gosta, a versatilidade do MCL38 é um ponto forte. A velocidade de reta e o equilíbrio nos trechos mais lentos e seletivos devem entregar a Norris e Oscar Piastri o bastante para a briga pela vitória. Uma eventual dobradinha já abre a chance de respirar no Mundial de Construtores, além de salvar o time de Andrea Stella de um vexame.

Também por isso há uma segunda questão da McLaren: a Ferrari. Os italianos foram capazes de controlar os prejuízos no Brasil, mas devem retomar a forma do México, uma vez que o traçado do centro de Las Vegas é caracterizado por longas retas e curvas de baixa velocidade, algo que a SF-24 aprecia demais. É interessante dizer que Charles Leclerc cravou uma assombrosa pole por lá no ano passado e brigou com a Red Bull até a última volta, em um momento em que a escuderia havia enfim sanado os problemas de desgaste de pneus — situação que se tornou uma arma poderosa neste ano. A única ressalva aqui é a temperatura. A previsão fala em muito frio para a noite no deserto. O time de Maranello enfrentou problemas com o aquecimento de pneus em São Paulo, mas espera driblar esses contratempos agora para se colocar como um elemento decisivo no campeonato.

A Ferrari corre por fora e pode ser o elemento surpresa do fim de semana (Foto: Ferrari)

Então, o GP de Las Vegas já ganha ares de decisão não só do tetra de Verstappen, cada vez mais iminente, mas especialmente nessa disputa entre os Construtores, que tende também a definir os rumores das três melhores equipes do grid. Mas há mais um ponto aqui: existe também uma disputa das mais acirradas e inusitadas no pelotão intermediário.

O fato é que a Alpine obteve um ás inacreditável no Brasil ao colocar seus dois pilotos no pódio e agora está na luta contra a RB e a Haas pelo sexto lugar do Mundial — apenas cinco pontos separaram os três times, enquanto Mercedes e Aston Martin parecem mais tranquilas em quarto e quinto, respectivamente. E aqui ainda dá para colocar a Williams no meio dessa disputa, pelo passo técnico à frente que deu nos últimos meses, mesmo um pouco debilitada em termos de peças depois dos acidentes no GP de São Paulo.

E há mais. Assim como na reviravolta vivida pelos homens de Ocean, existe uma novidade de última hora para o fim de semana. A mudança na direção de prova, cercada de mistério, agora coloca o português Rui Marques no centro dos holofotes ao ser chamado para substituir o alemão Niels Wittich. Ele vai assumir o principal cargo da corrida em meio a um racha entre pilotos e a Federação Internacional de Automobilismo (FIA). Será interessante acompanhar não só a postura do novo diretor, mas o relacionamento com os astros do grid em uma corrida que flerta com o caos. Aqui, é mais um rumo que a F1 tentar acertar.

Por fim, o Mundial ainda segue o drama de quem precisa se garantir em 2025. A confirmação do brasileiro Gabriel Bortoleto na Sauber/Audi agora deixa oficialmente Valtteri Bottas e Guanyu Zhou na berlinda em busca de um novo emprego. Mas é pelos lados da Red Bull que o cenário é mais tenso. Sergio Pérez continua na corda bamba, tentando passar ileso pelo salão de jogos, enquanto Liam Lawson e Franco Colapinto trabalham para assinar um acordo que assegure um posto na próxima temporada.

Os dados estão lançados em Las Vegas.

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