Análise: brasileiros Massa e Nasr chamam atenção por solidez e poucos erros em 2015

Em condições normais, não será ainda em 2015 que o Brasil varonil terá um piloto no alto do pódio da F1, mas ainda assim é possível dizer que o país está bem representado na categoria. Nas primeiras quatro corridas do Mundial, Felipe Massa e o xará Nasr fizeram um trabalho bastante satisfatório considerando as limitações dos respectivos equipamentos que têm em mãos

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Levou dois anos para que o Brasil voltasse a ter uma dupla de pilotos no grid do Mundial de F1. Depois da saída do primeiro-sobrinho Bruno Senna, Felipe Massa seguiu o único representante verde e amarelo na categoria nos seus últimos anos representando a Ferrari. Durante todo esse tempo, o jovem Felipe Nasr ganhava experiência na GP2, chegando a lutar pelo título em 2014. Passada a fase de preparação, o brasiliense de 22 anos teve o apoio fundamental do Banco do Brasil para representar o país na F1 correndo pela Sauber, ao lado de Massa, que já defendeu as cores do time suíço e hoje é a voz da experiência na Williams.

Com a disputa do GP do Bahrein no último fim de semana, a F1 encerrou a primeira fase da temporada 2015, composta por corridas realizadas na Oceania e Ásia. Curiosamente, foi na prova de domingo (19) em Sakhir que Massa e Nasr tiveram o desempenho mais discreto do Mundial graças a uma série de problemas. O resultado no Oriente Médio, na verdade, não reflete a realidade de ambos neste início de campeonato. De qualquer forma, Massa pontuou nas quatro provas da temporada até aqui, enquanto Nasr completou todas as corridas e já chegou ao top-10 duas vezes, o que é muito positivo para sua condição de estreante.

Na classificação do campeonato até o momento, os dois brasileiros surgem no rol dos dez primeiros colocados: Massa, cheio de moral com a cúpula da Williams — Rob Smedley acredita que o piloto está na melhor forma desde 2008 — ocupa a quinta colocação do Mundial de Pilotos e soma 31 pontos. O décimo lugar conquistado na bacia das almas no Bahrein acabou sendo o fiel da balança para mantê-lo à frente do seu companheiro de equipe Valtteri Bottas, que tem 30. Nasr ocupa o oitavo posto na tabela e acumula 14, à frente de muito piloto badalado como Romain Grosjean, Nico Hülkenberg, Sergio Pérez e com nove de frente para Marcus Ericsson, com quem divide os boxes da Sauber.

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Nasr e Massa travaram bela disputa no GP do Bahrein no domingo. Brasileiros mostram trabalho sólido neste início de temporada (Foto: Reprodução TV)

O novato com atitude de veterano

GP Largada Chegada
Austrália 10º
Malásia 16º 12º
China
Bahrein 12º 12º

Não há dúvidas de que Felipe Nasr chegou à F1 muito bem preparado. Não apenas pelo que vem mostrando dentro da pista, mas também pela sua postura ao encarar cada passo da sua carreira, toda construída na Europa, as batalhas com Kevin Magnussen na F3 Inglesa, o período de aprendizado, a seca de vitórias e, posteriormente a luta pelo título na GP2 e o processo em que esteve na Williams como terceiro piloto.

E enfim, veio a grande chance da sua vida por meio da Sauber em 2015. E Felipe tem aproveitado cada momento. Primeiro, por ser um piloto que comete poucos erros. Obviamente que ele tem em mãos um carro bom, muito melhor que a Sauber do ano passado, que lhe dá chances de pontuar, como aconteceu já duas vezes neste ano. O C34 é bem-nascido e conta com o ótimo motor Ferrari, que ficará ainda melhor no GP do Canadá, devido ao incremento de até 30 cv, segundo informação da Sky Sports. Seu desempenho vem sendo bastante aceitável desde a pré-temporada. Logo no início do campeonato, em Melbourne, Nasr se impôs com resultados muito aceitáveis levando em conta sua condição de novato. Ele tem mostrado maturidade e por muitas vezes nem parece ser de fato um estreante na F1.

Sétimo lugar no campeonato após quatro corridas e 14 pontos somados é uma realidade muito mais otimista do que talvez o próprio Nasr pudesse prever. É bem verdade que o GP da Austrália foi atípico, com apenas 15 carros largando e 11 completando a corrida, mas isso não apaga a excelente estreia do brasiliense, que sempre esteve entre os sete primeiros. Nem mesmo no fim da prova, quando foi pressionado por Daniel Ricciardo, Felipe não tremeu e fez uma corrida correta para terminar num grande quinto lugar. Foi a melhor estreia de um piloto brasileiro na F1 em todos os tempos. Chegou fazendo história.

Felipe Nasr fez grande estreia na F1 com o quinto posto (Foto: Getty Images)

Curiosamente, a Sauber não conseguiu encontrar o melhor rendimento nas duas corridas mais influenciadas pelo calor até o momento: na Malásia, o C34 proporcionou aos pneus traseiros o melhor rendimento justamente pelo clima extremamente quente de Sepang. Além disso, uma falha no diferencial do carro comprometeu seu fim de semana. Foi também em Sepang que Nasr cometeu erros mais evidentes, como na sua tentativa de volta rápida na classificação e o toque em Kimi Räikkönen na primeira volta, involuntariamente furando o pneu da Ferrari do finlandês. No fim de semana do GP do Bahrein, Felipe ficou longe de ter o desempenho dos sonhos — depois de ter andado muito bem nos treinos livres. A variação na performance dos pneus médios e macios jogou contra o piloto, que também teve de lidar com a perda de potência do motor Ferrari. Mas diante de tantos problemas, até que o 12º não foi um resultado tão ruim.

Ainda que outras equipes do meio do pelotão cresçam na temporada europeia, que começa em três semanas com o GP da Espanha, Nasr tem tudo para seguir estável e figurar aqui e ali na zona de pontuação. Quanto ao seu futuro, muita calma nessa hora. Por mais sólido que seja, é necessário dar tempo ao tempo e vivência a Felipe na F1. Um paralelo: Sergio Pérez apareceu muito bem na Sauber e pintou como grande promessa, mas fracassou na McLaren e hoje é coadjuvante na Force India. Com trabalho e planejamento, Nasr pode, sim, ter um destino diferente do mexicano. Talento e capacidade não lhe faltam.

O melhor Massa desde 2008

GP Largada Chegada
Austrália
Malásia
China
Bahrein 6º (box) 10º

Massa não esconde de ninguém o quanto está à vontade e feliz na Williams: “Eu sinto que sou importante agora”, chegou a dizer no início de abril, talvez querendo apagar da memória os últimos anos na Ferrari. Depois de um período de oito temporadas defendendo o time de Maranello, o brasileiro precisava se reinventar nesta fase final da sua carreira na F1. No ano passado, sua transferência para Grove mostrou que ainda há muita lenha para queimar. É bem verdade que seu desempenho em boa parte do campeonato em 2014 foi bastante irregular, com apenas 40 pontos nas primeiras 12 corridas, o que foi determinante para terminar atrás de Valtteri Bottas no Mundial de Pilotos. Contudo, do GP da Itália em diante, Massa melhorou de forma significativa e faturou três pódios — Monza, Interlagos e Abu Dhabi —, terminando o ano em grande fase, com 94 pontos nas últimas sete corridas.

Apostando na continuidade e no bom trabalho da Williams, Felipe abriu 2015 cercado de expectativa. Afinal, o novo FW37 nasceu como uma evolução do confiável modelo anterior e impulsionado pela ainda melhor unidade de força da Mercedes. Mas o piloto de 33 anos só não contava com a ascensão da Ferrari. O time italiano subiu dois degraus na escala de forças para ocupar o posto da Williams como segunda melhor equipe, ficando só atrás da Mercedes, como ficou evidenciado desde o GP da Austrália.

Embora a Williams seja a terceira força da F1 em 2015, Massa se destaca por trabalho sólido (Foto: AP)

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Diante de todo o contexto, o papel de Massa neste início de temporada tem sido bem honesto. Em Melbourne, por exemplo, largou na segunda fila, mas sucumbiu ao melhor trabalho da Ferrari no pit-stop de Vettel para terminar em quarto lugar, o melhor resultado possível para a Williams em teoria, considerando o melhor momento de Mercedes e Ferrari. Nesta primeira corrida do ano, Felipe não teve como medir forças com Bottas, que não largou devido a uma lesão nas costas.

Com Bottas finalmente de volta ao trabalho, a Williams seguiu completa para a Malásia, talvez a etapa mais difícil do calendário devido à forte influência do fator climático, que é decisivo para o consumo dos pneus. Foi aí que ficou mais claro que o FW37 estava mesmo atrás de Mercedes e Ferrari, a grande vencedora daquele fim de semana em Sepang. No fim das contas, tudo seria mesmo uma batalha com Bottas para conquistar o quinto lugar. Felipe largou à frente do finlandês, mas depois de uma aguerrida e leal disputa em pista, Valtteri levou a melhor para terminar em quinto, seguido por Massa.

Na sequência da temporada, vieram as etapas da China e Bahrein. Xangai representou outro resultado satisfatório para Felipe, que desta vez venceu a disputa com Bottas para terminar em quinto, o melhor do resto. Na semana seguinte, a corrida em Sakhir não foi tão positiva. Massa acabou sendo atrapalhado por uma falha elétrica no seu carro e teve de largar dos boxes. No fim, um problema no motor lhe fez perder duas posições para terminar em décimo.

Ao todo, são 31 pontos conquistados em quatro corridas. Na comparação com o ano passado, os números são muito bons. Em 2014, Massa somou apenas 12 entre os GPs da Austrália e Bahrein. No entanto, mais que a pontuação em si, ficou aparente o apetite de Felipe neste início de Mundial. Outro fator decisivo para o início bem-sucedido no campeonato foi citado pelo diretor de desempenho da Williams, engenheiro de Massa desde os tempos de Ferrari e amigo Rob Smedley. “Uma das maiores mudanças que eu vi no Felipe desde um ano e meio atrás é não apenas o foco, o fato de estar confortável com ele mesmo e com quem está à sua volta, mas tecnicamente, a forma como está lidando com os pneus, é incrível”, elogiou o britânico.

O desgaste dos pneus foi uma espécie de Calcanhar de Aquiles para Massa em boa parte da sua jornada correndo pela Ferrari, e isso acabou por comprometer seu desempenho em muitas corridas. Agora, Felipe ganha muito em confiança e consegue tirar do carro sua melhor performance. A ponto de acreditar estar em fase tão boa quanto em 2008, ano em que teve um grande carro ficou a segundos de conquistar o título mundial.

Visando a sequência da temporada, o desempenho de Massa vai depender do que a Williams vai fazer para tentar se aproximar da Ferrari, embora, segundo Smedley, será muito difícil alcançar os SF15-T de Vettel e Räikkönen. Aí entram as diferenças brutais de orçamento que colocam o time italiano em ampla vantagem. Diante de tal quadro, uma eventual luta por vitória é irreal para Felipe, mas com algumas melhorias no FW37 e um pouco de sorte (nunca é demais) aqui e ali, não é tão difícil que ele possa aproveitar o bom momento e conquistar alguns pódios em 2015.

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