Análise: Ferrari dá igualdade aos pilotos e consegue melhor início desde 2008

Na F1 atual, não adianta mais uma equipe privilegiar um piloto para ser campeã. É preciso se empenhar para levar dois pilotos ao topo em busca do sucesso. A Ferrari está fazendo isso em 2015, o que ajuda a explicar o melhor início da escuderia italiana desde 2008

“A Ferrari é uma equipe novamente”. Essa uma das frases que mais tem sido ouvidas em Maranello nos últimos meses. Foram muitas as mudanças realizadas em Maranello nos últimos meses. Saíram o presidente, o diretor esportivo e o bicampeão que tinha o status de primeiro piloto. Em poucos meses, a equipe voltou a brigar pelas primeiras posições, acabou com um incômodo jejum de vitórias e fez seu melhor início de campeonato desde 2008 — o ano do último título de Construtores.
 
Não, a Ferrari não deve conseguir colocar fim à seca de títulos. A Mercedes está três ou quatro passos à frente. Mas o desempenho após o primeiro quarto da temporada 2015 vai provando cada vez mais que todas as — profundas — mudanças deram à escuderia um novo rumo.
 
Até o GP da Espanha, com o quinto pódio do ano, a Ferrari marcou 132 pontos. Em 2008, fazendo a conversão para o atual sistema de pontuação, a escuderia havia anotado 155 pontos no mesmo ínterim, com direito a quatro vitórias.
 
Uma coincidência entre os dois campeonatos: os pilotos foram tratados com igualdade.
Kimi, Arrivabene e Vettel depois do GP do Bahrein (Foto: Reprodução)
Sim, Sebastian Vettel está levando a melhor com sobras no duelo contra Kimi Räikkönen. 5 a 0 em classificações e 4 a 1 em pódios. Mas o próprio Kimi tem dito com frequência que a atmosfera é diferente dentro da garagem neste ano. O novo comando e a nova dupla de pilotos vem se entendendo muito bem, e isso teve impacto nos resultados.
 
É injusto e até desonesto culpar Fernando Alonso pela falta de títulos dos últimos anos. Na verdade, a Ferrari brigou pelo caneco até a última corrida em 2012 graças esforços do incansável espanhol. Em 2012, o projeto foi um fiasco, andando a mais de 1s dos líderes na Austrália. E mesmo assim Alonso venceu na segunda corrida, na Malásia, e outras duas vezes, em Valência e em Hockenheim. Liderou boa parte da temporada e quase foi campeão no Brasil. Antes, em 2010, o carro era bom, no mesmo nível da Red Bull e da McLaren, e a disputa entre os três times foi equilibrada e emocionante, com Alonso levando os vermelhos com chances até Abu Dhabi.
 
Logo, Alonso, mais do que vilão, foi é um grande herói em Maranello nos cinco anos em que correu por lá. Como um verdadeiro guerreiro, lutou com todas as forças até onde pôde.
 
Todavia, há uma característica de Alonso que já foi apontada por muitos que conviveram com ele: nem sempre é o melhor jogador de equipe. O desempenho da Ferrari neste começo de ano reflete um pouco disso.
 
Entre 2010 e 2013, quando Felipe Massa era o outro piloto, a Ferrari marcou 110, 75, 53 e 117 pontos nas cinco primeiras etapas do ano. Até que, em 2013, chegou-se à conclusão de que era preciso substituir o brasileiro. O rendimento, de fato, não era satisfatório. Massa já reconheceu isso e hoje comemora a mudança para a Williams. Para seu lugar, foi escolhido o último campeão pela Ferrari, Kimi Räikkönen — um piloto que foi superado pelo próprio Massa no confronto interno entre 2007 e 2009, apesar do título do ‘Homem de Gelo’.
 
Räikkönen, vindo de excelentes apresentações em 2012 e 2013 com a Lotus, deveria ser garantia de pontos. Com ele, a Ferrari deveria brigar novamente ao menos pela taça de Construtores. Contudo, ao lado de Alonso, Kimi teve o pior ano de sua carreira. Marcou apenas 55 pontos, menos da metade do pior ano de Massa junto do espanhol (2013, com 112 pontos). Nas cinco primeiras corridas, foram só 66 pontos para o time. Em 2015, Alonso não está mais lá, e o finlandês já tem 52 tentos.
 
Há mais motivos para a melhora de Kimi do que a saída de Alonso. O carro deste ano lhe agrada muito mais, e estava claro que ele não tinha saco — nada define melhor — para guiar a Ferrari de 2014. E trata-se também de um bólido mais forte na relação de forças da F1 — é o segundo melhor.
 
Mas, novamente, o trabalho em equipe vai fazendo a diferença. “É diferente em relação ao ano passado, é muito melhor”, afirmou Kimi na última semana.
 
“No fim das contas, há dois carros na equipe, e sim, nós lutamos pelo Mundial de Pilotos como pilotos, mas a equipe quer vencer o Mundial de Construtores e você precisa ter dois carros para isso. E no fim das contas a Ferrari quer que a Ferrari vença, e eles vão nos dar as mesmas chances e tratamento justo. Portanto, cabe a nós. Tentamos fazer o que for possível um contra o outro, se temos de competir, tentar vencer um ao outro, mas em uma boa forma e sempre respeitando o interesse da equipe”, explicou.
Kimi Räikkönen conquista o primeiro pódio com a Ferrari no retorno à equipe no GP do Bahrein (Foto: AP)
Fazendo uma comparação com o chamado “futebol moderno”: escuta-se o tempo todo que todos os 11 jogadores precisam marcar e se doar taticamente para o time ter sucesso. Na “F1 moderna”, a mesma regra vale. Será cada vez mais difícil ver uma equipe campeã investindo apenas em um de seus pilotos. Nem a Red Bull fazia isso. Vettel batia Mark Webber com sobras na maioria das provas, mas porque era melhor. E lembrem-se que, no primeiro título rubro-taurino, Webber entrou na corrida decisiva com sete pontos a mais que Vettel.
 
Uma coisa é, a partir de certo ponto, favorecer um piloto em detrimento ao outro porque a luta é contra outra equipe e há o risco de o campeonato ser perdido por causa disso. Mas não adianta mais definir desde o começo quem é o primeiro piloto.
 
Dentro de uma categoria tão profissional, para alcançar o mais alto nível de performance, é preciso ter dois pilotos com permissão para atacar e buscar tal patamar.
A MAIS EQUILIBRADA

A temporada 2015 do Mundial de Motovelocidade é um verdadeiro presente aos fãs do esporte a motor. 12 dos 25 pilotos do grid da MotoGP são donos de títulos mundiais — o que representa o maior número de campeões já reunidos em um grid do certame. Além disso, sete desses pilotos já venceram corridas na divisão principal, somando entre eles um total de 169 triunfos, o que representa o maior número de vitórias acumuladas na classe rainha em um único grid

BAITA SUSTO

Helio Castroneves sofreu um forte acidente durante a quarta-feira (13) de testes da Indy para as 500 Milhas de Indianápolis. Logo na primeira hora do treinamento, o piloto perdeu o controle do carro na curva 1, bateu no muro e voou de forma impressionante aterrissando apenas na curva 2 com bastante força. Apesar da cena chocante, Castroneves conseguiu deixar o carro sozinho. Logo na sequência, o brasileiro encaminhado para o Centro Médico da pista

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