Análise: o que está por trás da investida de Van der Garde na Sauber? A Sauber

A briga de Giedo van der Garde na Justiça suíça e que sobrou para a Corte de Victoria resolver às pressas envolve um interesse por trás de tudo isso: a compra da Sauber. O responsável é Marcel Boekhoorn, dono da McGregor, patrocinadora da carreira de seu genro. A Sauber já tem ciência de que errou juridicamente no caso e vai tentar fazer o impossível para que ele não corra. Mas para isso deve ter de repassar a equipe

Se o acidente de Fernando Alonso parecia reinante neste período anterior ao GP da Austrália, o ‘caso Van der Garde’ tomou todas as atenções para si desde então. O holandês quer correr neste fim de semana em Melbourne amparado pela Justiça local e tem fortes argumentos, resumidos no contrato assinado no início do ano passado com a Sauber. A ele, pouco importaria quem tirasse de cena, Felipe Nasr ou Marcus Ericsson. Mas mesmo se não obtivesse êxito em sua empreitada por qualquer força maior, a ação de Giedo van der Garde tem todo um jogo de bastidores que envolve a aquisição da equipe.
 
Van der Garde está longe de ser um piloto reconhecido por seu talento, e sua carreira já está severamente abalada com mais um caso que leva aos tribunais. Dificilmente, pois, alguma equipe vai se arriscar a fazer um acordo qualquer com alguém cujo currículo é mais destacado pelas pendengas judiciais. A Sauber seria, assim, sua última investida em um plano em que Giedo funciona como um ‘boneco de ventríloquo’.

Giedo van der Garde aguarda momento de ir à pista neste segundo dia de testes (Foto: Sauber)

Foi em novembro do ano passado que, ainda sem a Sauber revelar a dupla de 2015, que Marcel Boekhoorn chegou de helicóptero à sede da Sauber em Hinwil num esquema que lembrou a ida de uma apresentadora a uma nova emissora. Boekhoorn tem uma fortuna avaliada em quase US$ 2 bilhões — mais de R$ 6 bi — e é dono da marca de roupas McGregor, principal apoiadora da carreira de Van der Garde, seu genro. Aquela foi a primeira conversa mais clara de tentativa de compra da equipe suíça, mergulhada em uma crise financeira forte. Mas Boekhoorn voltou a seu veículo aéreo infeliz, sem ter feito negócio.
 
O acordo de Van der Garde/McGregor levava à Sauber € 8 milhões – R$ 24 milhões, aproximadamente. Com Peter Sauber e Monisha Kaltenborn no comando, a equipe conseguiu tirar de Marcus Ericsson e Felipe Nasr € 20 milhões cada – R$ 60 milhões, portanto –, analisando as brechas possíveis e inimagináveis no contrato para que nunca mais tivessem de lidar com o holandês e seu grupo. Só que logo o caso foi parar na Justiça suíça.
 
Desde então, Van der Garde iniciou uma preparação como nunca havia feito na vida. Sem ter um carro ou mesmo um simulador, intensificou sua preparação física nos últimos três meses com a ciência de um carro poderia lhe cair no colo. Bem assessorado e amparado juridicamente, ficou caladinho até que a semana da abertura do Mundial de F1 chegasse. Viajou para a Austrália tal qual um titular. Só que, em vez de visitar o Albert Park, foi lá devidamente engravatado conhecer as dependências da Suprema Corte de Victoria para pedir o que lhe era de direito.

Van der Garde deixa Corte de Victoria (Foto: EFE)

Na segunda-feira, a Corte soube que Van der Garde havia assinado um contrato de dois anos que lhe punha como reserva no primeiro e principal em 2015. A defesa da Sauber veio na sequência e jamais questionou o acordo em si – o que dava a entender, de cara, de que seu jurídico não havia encontrado nada que pudesse melá-lo. A alegação acabou sendo até patética: de que Van der Garde não conhecia o C34, o carro deste ano, e que sua vida estaria em risco se corresse neste fim de semana. Na continuação da audiência nesta quarta, o juiz só não riu durante o anúncio da sentença por ética e deu ganho de causa ao piloto. A Sauber, na sequência, disse que ia pensar no que fazer; depois, decidiu, puxa vida, apelar.

Sabe-se que a Sauber tem até às 16h desta quinta-feira (2h em Brasília) para entregar a FIA o documento que indica quem serão seus pilotos neste fim de semana. Estima-se que a apelação dure até 23h30 (no horário brasileiro) para que a Corte, assim, chegue a um veredito. O time suíço trata a situação como delicadíssima – a ponto de começar a caçar bruxas internamente e já demitir pessoas ligadas a Van der Garde –, e vai fazer o impossível para que o holandês não entre no carro, até porque criaria um problema ou com Nasr ou com Ericsson.

Para tal, um cenário que se lança é um novo acordo com Van der Garde/Boekhoorn: passar pelo menos a maior parte do controle acionário da Sauber, e agora por um nada diante do preço que o empresário ofereceu no fim do ano passado. A Sauber vive decisivos capítulos de sua história.

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