Ao lado de Hunt, Lauda foi um dos astros principais da maior rivalidade da Era Romântica da F1

Dois homens e dois pilotos totalmente distintos, James Hunt e Niki Lauda escreveram, em 1976, um dos mais emocionantes capítulos da história da F1

Nas 63 temporadas já disputadas, a F1 viu campeões serem coroados das mais distintas maneiras. Títulos foram decididos de formas emocionantes, polêmicas, memoráveis e precoces. Cada campeonato tem uma história, como se a categoria fosse um grande livro de contos. Cada Mundial é um capítulo, e alguns personagens aparecem em vários deles. 
 
De todos esses contos, alguns têm um tom mais romântico. A maioria está situada nas décadas de 1960 e 1970, e um, em especial, chama a atenção: o capítulo 27, cuja história se passa no ano de 1976. 
 
Dentro das pistas, o duelo entre o perfeccionista austríaco Niki Lauda e o passional inglês James Hunt pode não ter sido excepcional. Mas o romantismo daquela época não se baseava apenas no que se passava durante as corridas. O ambiente da F1, onde o amadorismo ainda imperava sobre o profissionalismo, assim como os riscos que faziam dos pilotos verdadeiros heróis ao entrar no cockpit sem saber se sairiam com vida acrescentaram, e muito, à história de Hunt e Lauda. 
 
A rivalidade da dupla está prestes a ser contada nos cinemas. Em setembro, acontece a estreia mundial do filme ‘Rush’, do diretor Ron Howard (‘Uma Mente Brilhante’ e ‘Frost/Nixon’). Todo o trabalho de divulgação realizado nos últimos meses deixou a expectativa dos fãs do automobilismo alta, e os trailers empolgam. 
 
Na esteira do longa-metragem, o GRANDE PRÊMIO relembra a saga de Hunt rumo ao único título da carreira na F1 – além da luta de Lauda pela sobrevivência – e também traz uma entrevista exclusiva com o diretor do filme. 
Lauda, à esquerda, defendia em 1976 a coroa de campeão mundial. Hunt, o jovem desafiante, não tinha nada a perder. E levava esse ideal às últimas consequências. (Fotos: Getty Images)

Lauda x Hunt

Andreas Nikolaus Lauda começou 1976 com o objetivo de defender o título conquistado no ano anterior. Em 1975, com a Ferrari, o austríaco derrotou o bicampeão Emerson Fittipaldi e entrou para o seleto grupo dos campeões mundiais de F1. 
 
Com a taça e a mudança de Emerson da McLaren para a Copersucar, Lauda se tornara o principal nome da F1. Para muitos o melhor piloto da categoria naquela época, ele também tinha em mãos o melhor carro, um equipamento que, incontestavelmente, dava-lhe totais condições de emplacar o bi consecutivo. 
 
Assim como no ano anterior, a escuderia que mais chances tinha de derrotar o conjunto vencedor formado pela Ferrari e por Lauda era a McLaren, que contava com um novo primeiro piloto: James Simon Wallis Hunt. 
 
Enquanto Lauda era calculista, cerebral, frio e, principalmente, perfeccionista – não à toa, chamado de “computador” –, Hunt era passional, rápido, errante e, acima de tudo, um playboy. O mais famoso da história da F1. Fora das pistas, colecionava mulheres. Diz a lenda que ele dormiu com mais de 5000 mulheres ao longo de seus 45 anos de vida e não desperdiçava uma boa festa nem um bom álcool ou a oportunidade de consumir drogas. Em outras palavras, Lauda e Hunt eram dois personagens completamente antagônicos.
 
A arrancada de Lauda

O campeonato começou no Brasil, em 25 de janeiro, aniversário da cidade de São Paulo. Em Interlagos, logo na primeira corrida pela McLaren, Hunt cravou a pole-position, a primeira na F1. Um bom cartão de visitas na nova equipe. Mas, na primeira vez em que a largada foi dada por um sistema de luzes, ele vacilou. Terceiro no grid, Clay Regazzoni pulou para a ponta, seguido por Lauda e Hunt. O austríaco passou pelo suíço na nona volta e partiu tranquilo para a oitava vitória da carreira. Hunt acabou abandonando depois de rodar com problemas no acelerador. 
 
Cinco semanas mais tarde, em Kyalami, na África do Sul, Hunt marcou mais uma pole. De novo, perdeu a ponta na largada, desta vez para Lauda. Os dois terminaram nessas posições. 
 
Antes de a F1 partir para Long Beach, para o GP dos EUA, Hunt venceu a Corrida dos Campeões, uma famosa prova extracampeonato da época. Na Califórnia, porém, ele não teve a mesma sorte e abandonou devido a um acidente com Patrick Depailler na terceira volta. Lauda foi o segundo colocado, atrás de Regazzoni, na dobradinha da Ferrari.

A chamada temporada europeia teve início em Jarama, na Espanha. Finalmente, Hunt venceu com a McLaren, mas esse foi o primeiro momento polêmico do campeonato. Largando na pole, o inglês foi ultrapassado por Lauda na largada, como de costume, mas deu o troco no austríaco, que tinha problemas na transmissão da Ferrari, na 32ª passagem. 

 

Só que, depois que a bandeira quadriculada baixou, e o inglês fez a festa, acabou desclassificado. A alegação: o carro estava com uma largura maior que a permitida pelo regulamento. Lauda sorriu e viu a vantagem no campeonato subir para 23 pontos. Essa história, no entanto, estava longe de chegar ao final. 

 
Enquanto a McLaren lutava nos bastidores para reconquistar a vitória na Espanha, a F1 viajou para Zolder, onde Lauda dominou o GP da Bélgica e venceu de ponta a ponta, com Regazzoni em segundo. Hunt abandonou após uma quebra de câmbio. Niki terminou o mês de maio em Monte Carlo, com a terceira vitória em três corridas. Hunt, pela quarta vez em seis corridas, não pontuou. Era preciso reagir. Ele já estava 41 pontos atrás do líder, e o título parecia distante. 
 
No GP da Suécia, os protagonistas foram apenas coadjuvantes. A grande atração do fim de semana foi a Tyrrell, com seu modelo de seis rodas. Jody Scheckter largou na pole e venceu. Depailler completou a dobradinha e Lauda, no pódio, sempre consistente junto da equipe Ferrari. Hunt foi o quinto.

O início da virada

Depois dessa corrida, contudo, a história do campeonato começou a mudar. A vantagem de Lauda só diminuiu na segunda metade da temporada. E Hunt, que estava no meio do nada, com oito pontos em sete GPs, finalmente encontrou um rumo. 
 
Em menos de uma semana, Hunt ganhou dois GPs. Em Paul Ricard, na França, ele fez a pole, mas foi ultrapassado na primeira curva por Lauda. O austríaco liderou até a Ferrari quebrar na 17ª volta e, fora da prova, não pontuou pela primeira vez em 1976. James se manteve na pista até cruzar a linha de chegada na frente. 
 
O seguindo triunfo foi conquistado no tribunal: o apelo da McLaren foi aceito, e a conquista no GP da Espanha, recuperada. Em questão de dias, a diferença que era de 47 pontos despencou para apenas 26.

As polêmicas extrapista recomeçaram na Inglaterra. Hunt, Lauda e Regazzoni se envolveram em um acidente na largada. A prova foi interrompida, e o trio ganhou uma segunda chance. Hunt e Regazzoni, contudo, mudaram para os respectivos carros-reservas. No recomeço, eles escaparam da encrenca, e a disputa pela vitória correu solta entre Lauda e Hunt. O ímpeto do ferrarista foi contido por um problema no câmbio, e o inglês pôde abrir caminho e seguir para uma vitória relativamente tranquila, com o rival em segundo. 

 
Esse foi um dos pontos altos da temporada. Desde Peter Collins, em 1958, um inglês não vencia em casa. A vibração dos torcedores nas arquibancadas de Brands Hatch foi marcante e serviu para impulsionar ainda mais a McLaren rumo à recuperação. Mas a Ferrari não aceitou a derrota e protestou contra Hunt – e também contra si mesma – pelo inglês ter usado o carro-reserva na segunda largada. Estava aberta uma nova batalha que duraria mais alguns meses.

Entre a vida e a morte


“Um piloto não tem tempo para sentir medo. Se corre velozmente, um acidente pode ocorrer subitamente antes que ele se dê conta. Se sobrevive ou se morre, não existe outra possibilidade”. Essa frase foi dita por Niki Lauda semanas antes do primeiro dia de agosto de 1976. 
 
Neste dia, um domingo de tempo instável na região da Renânia, a F1 estava em Nürburgring, até então um circuito com extensão de 22 km, para a décima etapa do Mundial. Hunt era o pole-position e tinha Lauda largando ao lado. Claro que o inglês não terminou a reta dos boxes na liderança, com Regazzoni assumindo a dianteira. 
 
Ao término da volta 1, metade do grid foi aos boxes para tirar os pneus de chuva e colocar slicks. Na segunda passagem, uma aparente falha na suspensão traseira direita da Ferrari fez Lauda perder o controle, deixar o traçado e bater contra o guard-rail. O carro entrou em chamas e voltou para o meio da pista, onde foi atingido por Harald Ertl e Brett Lunger. 
 
Os dois desceram rapidamente para tentar auxiliar no resgate do campeão mundial. Arturo Merzario, que os seguia, fez o mesmo. O circuito foi bloqueado, e o restante do pelotão também estacionou metros antes do local da tragédia. A remoção de Lauda demorou um pouco, e ele sofreu queimaduras no rosto, fraturas e, para piorar, respirou gases prejudiciais à saúde. 
 
O piloto foi levado ao hospital de Adenau e, de lá, transportado para o hospital de Mannheim. A vida do austríaco estava em risco. Nunca antes um campeão mundial havia morrido em decorrência de um acidente durante um GP de F1. O ferrarista chegou até mesmo a receber a extrema unção. A corrida foi reiniciada quase uma hora depois e terminou com vitória de Hunt, que ficou a apenas 14 pontos de Lauda. Mas o noticiário dos dias seguintes não dava tanta importância para o resultado, obviamente. 
 
O primeiro sinal de recuperação foi que Lauda rapidamente recuperou a consciência. O cérebro não foi afetado, e o estado de saúde ficou estável nos dias seguintes, embora os médicos tenham levado quase uma semana para falar em uma melhora significativa e deixar de temer pela sua vida. 
 
Restava uma grande dúvida: era o fim da carreira de um dos melhores pilotos da F1? A resposta seria dada em questão de semanas. Mas quatro dias depois, ele já perguntava aos médicos se poderia voltar a correr. Foi depois do GP da Áustria – vencido por John Watson com a Penske – Hunt ficou em quarto – que Lauda mostrou o rosto, ainda todo enfaixado. Ali, já se planejava o retorno para o GP do Canadá, a antepenúltima etapa. 
 
Nesse meio tempo, muita coisa aconteceu. A Ferrari anunciou que estava fora da temporada 1976 e não mandou Regazzoni à Áustria. Os italianos estavam insatisfeitos com os recursos rejeitados pela FIA referentes a duas vitórias de Hunt: na Espanha e na Inglaterra. A decisão, porém, foi revogada assim que Lauda começou a dar indícios de recuperação. 
 
A FIA ainda marcou a data para que um novo julgamento do caso de Hunt na Inglaterra fosse realizado – 8 de setembro, antes do GP da Itália. Além disso, a Ferrari foi atrás de Carlos Reutemann para substituir o austríaco. Regazzoni foi sozinho para a Holanda – onde Hunt venceu e reduziu a diferença para dois pontos – e ganhou a companhia do argentino na Itália. Mas não só do sul-americano.
Lauda literalmente voando baixo em Nürburgring. Algumas voltas depois, sofreria um acidente que marcaria sua vida para sempre. (Foto: Getty Images)

O retorno


41 dias: esse foi o tempo entre o acidente de Niki Lauda em Nürburgring e o primeiro treino livre para o GP da Itália, em Monza. Na casa da Ferrari, seis semanas depois da tragédia vivida na Alemanha, lá estava o campeão vestindo o capacete sobre o rosto todo queimado para entrar novamente no cockpit. 41 dias antes, o que não faltavam eram motivos para acreditar que o piloto do carro número 1 nunca mais veria aquele chassi vermelho novamente. 
 
Ao voltar à F1 tão pouco tempo depois de quase perder a vida, Lauda mostrou toda a gana, a obstinação e a necessidade que tinha de ganhar. De subir ao alto do pódio. De chegar em primeiro. Ver, do hospital, James Hunt vencendo e se aproximando na tabela, tendo chances reais de roubar-lhe o título, fez o austríaco se esforçar ainda mais para voltar às pistas. 
 
“Encontro-me bem e me sinto capaz de dirigir, mas devo me readaptar à competição. De qualquer maneira, a saúde em primeiro lugar, depois, o campeonato do mundo”, declarou o austríaco na sexta-feira anterior à corrida. 
 
O fim de semana de Monza foi ótimo para Lauda, que garantiu a quinta posição no grid. Hunt ficou em nono, mas McLaren e Penske foram pegas com uma gasolina irregular e acabaram desclassificadas da tomada de tempos. Na corrida, Lauda chegou em quarto e viu o rival ficar fora da zona de pontuação. A vantagem voltava a crescer. 
 
E aumentou ainda mais nos dias seguintes: a FIA confirmou a desclassificação de Hunt do GP da Inglaterra. Após toda a polêmica e a ameaça de boicote da Ferrari, a entidade puniu o inglês, que perdeu nove pontos. Isso significou que a temporada europeia chegou ao fim com 17 pontos separando os dois rivais na luta pelo título. A matemática não ajudava Hunt. 27 pontos estavam em jogo com três corridas.

Só que Lauda, debilitado, não conseguiu obter os mesmos resultados que deixaram o bicampeonato encaminhado até o mês de julho. Abandonou em Mosport com problemas no carro e apenas observou, dos boxes, a quinta vitória de Hunt na temporada. Os 17 pontos viraram oito. 

 
Em Watkins Glen, no GP do Leste dos Estados Unidos, o inglês, novamente, estava andando na frente. A vida, dessa vez, foi mais complicada, e ele precisou levar a melhor em um grande duelo com Scheckter. Lauda foi ao pódio em terceiro. Separados por somente três pontos, o austríaco e o inglês embarcaram para o Japão. Hunt precisava vencer e o adversário só garantiria a taça chegando à frente – se fosse o segundo colocado, atrás do inglês, perderia por ter uma vitória a menos.

A decisão


O GP do Japão nasceu já se acostumando a receber grandes decisões. A F1 viajou para o Extremo Oriente pela primeira vez em 1976 para correr aos pés do Monte Fuji. O circuito contava com curvas de alta velocidade e uma longa reta de aproximadamente 1,5 km. E chuva, muita chuva. 
 
Naquele fim de semana, James Hunt fez jus à fama de mulherengo. Em grande estilo. Desde as categorias de base, o inglês tinha o apelido de ‘Hunt the Shunt’, pois sempre se envolvia em acidentes. Mas há quem acredita que a alcunha se referia, na verdade, às atividades noturnas do britânico. 
 
Em 2010, a emissora inglesa ITV produziu o documentário ‘When Playboys Ruled The World’ (Quando os playboys dominavam o mundo’), que tinha Hunt e Barry Sheene, campeão mundial de motovelocidade no mesmo ano de 1976, como protagonistas. Os dois organizaram uma orgia com 33 funcionárias da companhia aérea British Airways que varou a madrugada do dia 23 para o dia 24 de outubro. Horas depois, a McLaren de Hunt alinhava na segunda posição, atrás do pole-position Mario Andretti, da Lotus, e à frente da Ferrari de Niki Lauda. 
 
Entre a festinha e a largada, uma acalorada discussão tomou conta dos boxes de Fuji: correr ou não correr? Um dilúvio desabava sobre o autódromo, e as condições eram dramáticas. Os pilotos votaram, e a maioria, liderada por Hunt, decidiu disputar a prova. Lauda não queria. Já havia passado perto demais da morte para se arriscar daquele jeito. Mesmo assim, largou. 
 
A luz verde foi seguida de um imenso spray levantado pelos 25 carros. Incrivelmente, Hunt contrariou o que havia acontecido na temporada, não perdeu posições na largada e ainda chegou à primeira curva na liderança, deixando Andretti, Lauda e a cortina de água para trás. Na segunda volta, o austríaco entrou nos boxes e desceu da Ferrari. Dali em diante, ele apenas torcia contra Hunt, que puxava a fila. Já tivera o bastante. Emerson Fittipaldi, José Carlos Pace e Larry Perkins também desistiram. 
 
A prova seguiu, e Hunt foi ultrapassado por Depailler e Andretti. Ainda precisou parar nos boxes a dez voltas do fim para uma troca de pneus e voltou à pista em quinto. Lauda sorriu. A duas voltas do fim, o carro de número 11 conseguiu superar Alan Jones e Regazzoni para recuperar a terceira colocação. Aqueles quatro pontos o deixaram com um a mais que Niki. A F1 conhecia um novo campeão. 
 
“Eu sinto muito por Niki, sinto muito por todos que correram nessas circunstâncias ridículas, pois as condições estavam perigosas, e eu aprecio completamente a decisão de Niki. Depois de tudo o que ele enfrentou, o que mais poderia fazer? Eu senti que merecia vencer o campeonato. Também senti que Niki merecia vencer o campeonato e gostaria que pudéssemos dividi-lo”, declarou Hunt pouco depois da temporada 1976 chegar ao fim. Ele somou 69 pontos – não poderia haver uma pontuação mais apropriada para o grande ano da carreira dele – em 16 corridas. Lauda ficou com 68.

“Dois tipos muito diferentes. É nisso que se baseiam grandes histórias”

Desde que começou a trabalhar no filme ‘Rush’, Ron Howard tem sido figura constante no paddock da F1. O norte-americano, que ganhou o Oscar de melhor diretor com o longa “Uma Mente Brilhante”, sempre caminha junto de Niki Lauda. O austríaco, interpretado por Daniel Bruhl na obra, contribuiu bastante com o cineasta na reconstrução da história. 

 
Em entrevista exclusiva à REVISTA WARM UP, Howard destaca como Niki, junto de Hunt, resultam em dois grandes personagens para uma obra Hollywoodiana. As muitas diferenças entre os dois, a rivalidade e o respeito que um nutria pelo outro são ingredientes perfeitos para a construção de uma grande história. 
 
REVISTA WARM UP: A estreia de 'Rush' está chegando. O que você tem para dizer sobre o filme? 
 
RON HOWARD: Exibimos para algumas pessoas da comunidade da F1, e isso foi muito empolgante para mim, pois eles foram bastante positivos. Isso fez eu me sentir ótimo. 
 
RWUp: Você está comparecendo a várias corridas. Costumava acompanhar tanto assim antes? 
 
RH: Não, eu não conseguia acompanhar tanto as corridas, mas seguia pela TV, pelas notícias. Comecei a procurar por filmagens antigas e, é claro, o filme 'Senna' me influenciou muito, pois eu percebi que as pessoas não precisam entender a F1 para encontrar uma história emocionante. A maneira como as pessoas se envolveram com o documentário 'Senna' foi uma inspiração para mim. 
Ron Howard, o autor de 'Rush' (Foto: Divulgação)

RWUp: Dirigir esse filme mudou a sua relação com a F1? 

 
RH: Sim, definitivamente. Eu amo o esporte agora, acho muito legal. Eu gosto da busca por romper barreiras, a competitividade, o atleticismo, é muito intenso e, agora, quando assisto a uma corrida, nem vou ao banheiro! São duas horas que eu passo lá assistindo. 
 
RWUp: Qual será o ponto alto do filme? 
 
RH: Há muitas reviravoltas, algumas bem emocionantes, algumas bem empolgantes. Acho que públicos diferentes vão encontrar coisas que vão gostar no filme. 
 
RWUp: Foi muito difícil mostrar como as corridas aconteceram? 
 
RH: Para recriá-las, mesmo que os carros não estivessem rápidos como na F1, eles já estavam duas vezes mais rápidos do que qualquer outro carro em Hollywood. A precisão e o que eles estavam fazendo assustavam um pouco e, felizmente, ninguém se machucou. 
 
RWUp: Recriar as corridas foi a parte mais difícil do filme? 
 
RH: Acho que a parte mais difícil foi a corrida na chuva, por causa da aquaplanagem. Era muito difícil controlar os carros e foi uma corrida maluca — na realidade –, então os carros tinham que se comportar de uma maneira errática e intensa. 
 
RWUp: Onde vocês filmaram essas cenas? 
 
RH: Filmamos em Nürburgring, em Brands Hatch e depois em outras pistas no Reino Unido: Snetterton, Donington e Caldwell Park. Também filmamos em um estúdio onde tínhamos total controle dos carros rodando e fazendo aquelas coisas loucas. 
 
RWUp: E quanto aos dois personagens principais, Niki Lauda e James Hunt? 
 
RH: Duas pessoas muito diferentes, muito divertidas, dinâmicas de um jeito próprio. E é uma história bem verdadeira, então há muitas emoções e também um pouco de humor. 
 
RWUp: Como foi capturar as características da personalidade de cada um deles para apresentar no filme? 
 
RH: Muito empolgante. É o tipo de conflito e contraste que gera grandes cenas. Dois tipos muito diferentes de personalidades se confrontando na mesma cena. É nisso que se baseiam grandes histórias. É por isso que escolhemos essa. 
 
RWUp: Você tem andado bastante com Niki Lauda. O quanto ele te ajudou no filme? 
 
RH: Ele deu um grande suporte respondendo perguntas, dando vários insights da F1. Mas ele não foi o único da década de 1970. Recebemos conselhos técnicos e fizemos muitas e muitas entrevistas para tentar ser o mais autênticos que pudermos ser. 
 
RWUp: Observando as redes sociais, vejo que os fãs brasileiros estão bastante empolgados com o filme. O que você tem para dizer a eles? 
 
RH: Foi muito divertido recriar a corrida brasileira. As mulheres eram lindas, a música era ótima, e mesmo os fãs, todos os extras que realmente criavam um espírito especial. Niki sempre diz que Interlagos e Monza são lugares incríveis para corridas de F1. Ele diz que, se você ama o esporte, não o conhece inteiro até ver corridas em Interlagos e em Monza.

Matéria originalmente publicada na REVISTA WARM UP

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