Ao triunfar no GP do Japão, Hamilton finalmente iguala ídolo Senna em vitórias e cementa lugar no Olimpo da F1

Lewis Hamilton é o dono da F1 atual, e isso não é a menor novidade. Mas ao igualar Ayrton Senna em vitórias, e no caminho do terceiro título mundial, Lewis coloca seu nome bem ao lado do ídolo, cravando o lugar entre os maiores de todos os tempos

Que criança apaixonada por esportes não sonha em emular seu ídolo? Na maioria das vezes, este sonho em particular acaba deixado de lado com o passar dos anos e com a realidade levando os pequenos sonhadores a adultos com outras aspirações na vida. Mas algumas vezes, algumas poucas, o sonho se torna realidade. Foi o que aconteceu para Lewis Hamilton neste domingo (27), seguindo a vitória no GP do Japão.
 
Ao vencer em Suzuka, Hamilton definitivamente pavimentou seu caminho rumo ao tricampeonato, ainda mais depois de mais uma pobre performance da parte de Nico Rosberg, que disse dias antes da corrida que precisava vencer no circuito japonês, mas fracassou de forma retumbante em sua missão. Assim, Lewis teve a estrada aberta para, finalmente, alcançar sua 41ª vitória na F1, igualando seu ídolo, Senna.  
 
Hamilton nunca escondeu que idolatra Ayrton desde menino. É, de fato, uma idolatria que escolheu ter pelo que viu em recuperação, porque tinha apenas oito anos de idade quando Senna morreu. Com todas as informações e imagens que viu dali por diante, solidificou o sentimento de que aquele foi o seu norte na carreira profissional. 
 
Nunca escondeu, também, que tenta ter o mesmo estilo que Ayrton e até o capacete é em homenagem. Mesmo em tempos de problemas graves, como após a classificação para o GP de Mônaco em 2014, quando acreditou ter sido deliberadamente prejudicado por Nico Rosberg, afirmou que agiria como Senna quando o brasileiro teve de lidar com os problemas com Alain Prost na McLaren.
 
Na semana que antecedeu o GP de Cingapura, na premiação anual organizada pela revista 'GQ', onde foi eleito o esportista do ano, Hamilton falou de Ayrton. Disse que queria ser como ele nas pistas e "inspirar um povo como ele". Lembrou, também, os números que está prestes a igualar. Humildemente, evitou dizer o óbvio: é do tamanho do ídolo.

Mas toda sua expectativa era por uma performance estrondosa nas ruas de Marina Bay, mas a Mercedes fracasssou miseravelmente e teve sua pior jornada na temporada. Assim, Hamilton adiou para Suzuka, palco dos maiores triunfos de Senna, a conquista da sonhada 41ª vitória na F1. 

Nos primeiros anos de McLaren, Lewis Hamilton já dizia querer seguir os passos do ídolo Ayrton Senna (Foto: Getty Images)
É claro que afirmar que é do mesmo tamanho do seu ídolo é algo complicado de se fazer, porque Ayrton ainda hoje é amado de forma abismal e porque sua personalidade e feitos cativaram tanta gente nos dez anos que ficou no Mundial. Mas olhando de forma fria para números e conquistas alcançadas, não é tão complicado enfrentar a música. Lewis é incrivelmente habilidoso e agressivo com o volante nas mãos, energético fora das pistas e um bandeirante de certa forma. Se Ayrton teve, em seus tempos, um papel de líder — coisa que Lewis nunca mostrou vocação para ter — Hamilton é, também, histórico por ser o primeiro homem negro campeão mundial.
 
A porcentagem de vitórias é idêntica, o domínio dentro de uma mesma temporada, pelo segundo ano seguido bate o melhor de Ayrton em 1988, o número de títulos está no limite de ser alcançado – é questão de tempo. A decisão de considerar Senna melhor que Hamilton é individual, mas que quando tudo estiver dito e feito o tamanho de ambos para a história será semelhante, quanto a isso não há dúvidas.
Alain Prost e Ayrton Senna no pódio de Adelaide: a aposentadoria do francês e a última vitória do brasileiro (Foto: Getty Images)
Na categoria de porcentagem na equação aritmética entre GPs e vitórias, Lewis agora é o sétimo – contando apenas pilotos com ao menos 30 GPs disputados -, ainda atrás de dois britânicos – ambos escoceses, Jackie Stewart e Jim Clark. Mas na quantidade total de vitórias, se torna apenas o terceiro piloto desde 1993 a alcançar Ayrton – Michael Schumacher e Sebastian Vettel foram os outros. Na realidade, Hamilton ficará empatado com Senna e Vettel como o terceiro maior vencedor da história, ainda a dez provas de alcançar o tetracampeão Alain Prost e a distantes 40 de se equiparar ao heptacampeão Schumacher.
 
Só que aos 30 anos e numa Mercedes que não parece próxima de perder a majestade, Lewis ainda tem muito o que aumentar em seus números. Não dá para saber exatamente onde vai parar na tabela estatística da F1 ao fim de sua carreira, mas a certeza é que seu nome vai ser lembrado sempre ao lado dos maiores. 
 
Ao igualar Senna, Hamilton não desmerece em nada a carreira brilhante de Ayrton. O que o inglês faz é marcar seu território, caso alguém duvidava, no Olimpo do esporte.
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