Depois a frustrada tentativa de dar início à temporada 2020 na Austrália – o evento todo precisou ser cancelado de última hora, após a McLaren ter um funcionário diagnosticado com o novo coronavírus –, a Fórmula 1 não esperou muito também para anunciar que os GPs do Bahrein e do Vietnã estão adiados, por conta do avanço do Covid-19. As duas provas estavam marcadas para as próximas semanas, sendo que a etapa vietnamita faria a estreia no campeonato.
Ainda no comunicado desta sexta-feira (13), a F1 e a FIA (Federação Internacional de Automobilismo) afirmaram que existe a intenção de iniciar a disputa deste ano do Mundial no fim do mês de maio, o que coloca em dúvida as provas da Holanda e da Espanha. "Mas, devido ao forte aumento nos casos de Covid-19 na Europa nos últimos dias, isso será revisado regularmente", advertiu a nota.
Antes mesmo de a F1 viajar para a Melbourne, o Bahrein já havia decidido realizar a corrida com portões fechados, para evitar as aglomerações e evitar uma possível a propagação do vírus. O país também havia imposto restrições de viagem, assim como o Vietnã.
"A situação global com relação à Covid-19 é incerta e muito difícil de prever, então é correto que tomemos tempo para avaliar a situação e tomar as decisões corretas. Estamos tomando essa decisão com a FIA e nossos promotores para garantir a segurança de todos os envolvidos na F1 e nossos fãs", afirmou Chase Carey, presidente do Liberty Media, grupo que detém a F1.
“O GP do Bahrein é uma corrida divertida em nosso calendário e estamos ansiosos para voltarmos lá assim que possível. Também estamos ansiosos para a corrida inaugural no Vietnã e em levar o espetáculo da F1 a uma das cidades mais animadas do mundo", completou o dirigente.
Hanói faria a estreia na F1 (Foto: GP do Vietnã)
"Proteger as pessoas está em primeiro lugar. Juntamente com a F1, a Federação de Esporte a Motor do Bahrein, a Associação de Esporte a Motor do Vietnã e os promotores locais, adiar os GPs do Bahrein e do Vietnã, assim como o GP da Austrália, era a única decisão possível dada todas as informações atualmente disponíveis. Continuamos a nos guiar pelas informações e conselhos que recebemos da Organização Mundial da Saúde e dos governos locais para trabalhar com eles durante esse período imprevisível com o intuito de proteger os fãs, competidores e toda a comunidade do esporte a motor", acrescentou Jean Todt, presidente da FIA.
A verdade é que o
resultado positivo do membro da McLaren e o consequente isolamento dele e de mais 14 pessoas da equipe acabaram sendo fundamentais para a decisão da cúpula da F1 em cancelar a etapa australiana. Mais tarde, Mercedes e Ferrari também endossaram a opção da direção do esporte. A equipe alemã chegou a enviar uma carta à chefia do Mundial, pedindo o fim das atividades. e mental e o bem-estar dos membros da nossa equipe e de toda a comunidade da F1 são nossa prioridade absoluta. A equipe começará os preparativos para desmontagem nesta manhã", disse a hexcampeã.
A maior das categorias do esporte a motor já vinha sofrendo críticas pela opção de disputar a prova, mesmo diante do aumento exponencial do número de casos pelo mundo, especialmente na Europa, onde diversos países impuseram restrições severas de viagem. A Itália, por exemplo, país com maior número de caso do continente europeu, fechou as fronteiras. Durante a quinta-feira de entrevistas em Melbourne, nomes como Lewis Hamilton, Sebastian Vettel e Kimi Räikkönen também levantaram questões sobre a decisão da F1 em correr na Austrália.
A quinta-feira também foi marcada, desde seu início, pela tensão provocada pelo avanço do coronavírus na Austrália. Após as declarações de
Brett Sutton, diretor de saúde do estado de Victoria, o ator Tom Hanks informou que contraiu Covid-19 no país enquanto trabalhava no filme sobre Elvis Presley.
GP da Austrália é cancelado em virtude do coronavírus. Mas decisão da F1 demorou à beça (Foto: Reprodução)
No período da tarde, Hamilton não poupou palavras para criticar a F1 por manter a programação para o fim de semana em Albert Park. “Estou muito, muito surpreso por estarmos aqui. É ótimo termos corridas, mas, para mim, é chocante estarmos todos sentados nesta sala e que haja tantos fãs na pista. Parece que o restante do mundo está reagindo, provavelmente um pouco tarde. A NBA foi suspensa, mas a F1 continua trabalhando”, declarou.
Quando questionado sobre o fato de a F1 insistir em correr neste fim de semana, Hamilton disparou. “O dinheiro é rei, mas, sinceramente, não sei. Não tenho muito mais a acrescentar”.
A última quarta-feira registrou mais uma série de anúncios sobre eventos esportivos cancelados ou adiados. A NBA, por exemplo, decidiu suspender, até segunda ordem, a temporada em razão do diagnóstico positivo do pivô francês Rudy Gobert, do Utah Jazz, para coronavírus.