Aston Martin confia em volta ao normal de Vettel. Que parece preso em loop temporal

O discurso é alinhado: tanto piloto, quanto equipe, confiam na volta ao que um dia foi normal. Mas é válido questionar: Sebastian Vettel ainda pode retornar aos bons tempos e entregar qualidade para a Aston Martin na Fórmula 1 em 2021?

Em algum momento, a chave de Sebastian Vettel virou, e nunca mais voltou ao normal. Quando foi? A ideia mais óbvia é o dia 22 de julho de 2018: naquela tarde em Hockenheim, o alemão liderava com a Ferrari quando errou sozinho na chuva, bateu e abandonou. Lewis Hamilton venceu o GP, ultrapassou o rival no Mundial e, de lá, não mais saiu – aliás, até a atualidade, afinal, foi campeão de todas as temporadas desde então.

Vettel liderava o Mundial até aquele dia, e no anterior havia batido o recorde da pista alemã para ser pole. É como se aquele instante que errou o perseguisse até hoje, como se ele fosse incapaz de superá-lo.

Em meio à pandemia, no meio de 2020, o filme ‘Palm Springs’ foi lançado pelo Hulu. Nele, o personagem de Andy Samberg (conhecido no Brasil por ‘Brooklyn 99’, principalmente) fica preso em um loop temporal, ou laço temporal, como alguns traduzem. O que isso significa? Que ele fica preso em repetições infinitas do mesmo evento: enquanto ficar acordado, pode tentar reconstruir sua história, mas assim que dorme, tudo volta ao momento em que o loop começou. Não adianta fugir, trocar atitudes, causar mudanças: ao fim, ele volta ao mesmo lugar.

Parece que Vettel está preso em um loop que o leva de volta a Hockenheim-2018: espera a Ferrari melhorar, encara um novo companheiro, muda de equipe, briga, perde, desaba no grid, pede demissão, assina um novo contrato… E nada melhora. É como se, ao acordar, Vettel se enxergasse na pista alemã e tudo desse errado em todas as tentativas de fuga.

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Pôster de Palm Springs: é um bom filme (Imagem: Divulgação)

O que pode ser feito, então? O primeiro passo é o discurso: se alguém te contar que está preso em um loop temporal, você vai acreditar? Não, não vai. Então, Vettel fala que está bem, que é questão de tempo para se recuperar, voltar ao suposto normal. Desde que anunciou a ida para a Aston Martin, tem repetido este esquema.

Durante os treinos livres para o Bahrein, por exemplo, avisou que “ainda tinha muito a aprender”. No GP em Sakhir, o tom já foi para “não me sinto confortável com o carro”. A culpa? Dos desgastes dos pneus, da tática… Dele, não. Parece alguém que sabe que não tem como solucionar seu problema, então joga nos outros e a vida segue.

Do lado da Aston Martin, o discurso é de confiança. Otmar Szafnauer, o chefe, lembrou que a temporada mal começou, só foi uma corrida, então não há motivos para julgamentos negativos. Também afirmou que Vettel está chegando lá”.

Mas qual o “lá”? Veja, o próprio tetracampeão parece não esquecer o acidente de 2018. Como quando, um ano depois, comentou que “precisava compensar” o que havia feito. A compensação, claro, jamais veio. É como se todo pensamento de melhora fosse travado pela triste realidade que só quem vive sabe: ao final, aquele momento em que tudo mudou retorna.

SEBASTIAN VETTEL; ASTON MARTIN; BAHREIN; PRÉ-TEMPORADA; DIA 2; FÓRMULA 1; F1
Sebastian Vettel (Foto: Aston Martin F1)

ALERTA DE SPOILER: ao final de ‘Palm Springs’, o personagem de Samberg consegue solucionar o loop com a ajuda da personagem de Cristin Millioti (a ‘Mother’ de ‘How I Met Your Mother’), que passa anos estudando teorias científicas e descobre que, veja só, uma explosão no exato momento, no mesmo palco em que o loop começa, significaria o fim do ciclo eterno.

Talvez, para Vettel, uma explosão não seja necessária. Mas arrancar aquele dia em Hockenheim da mente, sim. Urgentemente. Enquanto remoer e reviver tal acidente, nem ele, nem a Aston Martin poderão ser felizes no presente.

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