Aston Martin sofre em ano de transição, mas já começa a achar melhor versão de Vettel

A Aston Martin regrediu em relação aos últimos anos e, ao tentar novamente copiar uma receita da Mercedes, falhou na mudança de regulamento que parecia mais sutil do que realmente é. No entanto, o copo meio cheio é ter em Sebastian Vettel alguém motivado e reencontrando a melhor forma

Takamoto Katsuta, da Toyota, sofreu forte acidente no sábado no Rali da Bélgica (Vídeo: WRC)

A Aston Martin encerrou a primeira metade da temporada 2021 com um amarguíssimo GP da Hungria. A equipe começou a prova envolvida no enorme acidente da volta inicial, quando Lance Stroll passeou pela grama e bateu em Charles Leclerc. Como se isso não fosse suficiente, depois de uma grande exibição, Sebastian Vettel, que cruzou a linha de chegada em segundo, sofreu uma falha no sistema de combustível que o fez ser desclassificado, já que não tinha quantidade suficiente para tirar de amostra técnica exigida pela FIA (Federação Internacional de Automobilismo).

Aquele fim de semana foi uma enorme oportunidade perdida para alguém que luta muito para se encontrar. A Aston Martin está passando por uma espécie de temporada de transição, e as chances do pódio são raríssimas, diferente do que foi com sua antecessora, a Racing Point. Definitivamente, não é a performance que o magnata Lawrence Stroll imaginava ter no primeiro ano de parceria com a lendária marca britânica.

Para entender o rendimento atual da estreante Aston Martin, é preciso voltar ao ano passado, quando os novos regulamentos técnicos foram impostos para a temporada 2021. Aquela mudança, que geraria um novo desenho da traseira do carro e, principalmente, um corte no assoalho, acabou pegando a Mercedes no contrapé. Só que mais ainda para a então Racing Point, que tinha em 2020 uma ‘Mercedes Rosa’, como um clone do bólido da parceira de 2019, e uma ‘Mercedes Verde’ em 2021, já como Aston Martin, mas novamente bastante inspirada no carro anterior dos alemães.

A ‘Mercedes Verde’ ainda não brilhou (Foto: Aston Martin)

E essa mudança de regras foi uma dor de cabeça evidente nos testes da pré-temporada, no Bahrein, para a agora Aston Martin. A equipe foi reforçada pela chegada do tetracampeão Vettel, que havia terminado seu contrato com a Ferrari, como novo parceiro de Stroll e substituto de Sergio Pérez.

No entanto, tanto o time quanto o piloto lutaram para se adaptar, e o alemão foi quem deu menos voltas, com 117, 120 a menos do que o piloto que mais andou: Pierre Gasly, com 237. Stroll, por sua vez, conseguiu fazer um pouco mais, com 197, mas sempre com a performance também bem esquisita.

“Certamente tivemos grandes expectativas depois da temporada muito boa que a equipe [Racing Point] teve no ano passado. É claro que a mudança do regulamento afetou a gente e a Mercedes. A grande vantagem que tínhamos no ano passado se foi. Isso nos machuca um pouco mais”, disse Vettel, então, sobre a mudança.

Seb tinha toda razão: machucou mesmo.

O início do campeonato foi sofrível, e o time passou do bom nível do ano passado para apenas cinco pontos nas quatro primeiras corridas, após um décimo lugar no Bahrein e um oitavo na Emília-Romanha, ambos com Stroll. O alemão, por sua vez, terminou bem fora do top-10, com um 13º lugar no GP da Espanha de melhor desempenho.

Sebastian Vettel tem dado um show fora das pistas (Foto: Aston Martin)

No entanto, uma grande transformação, com ares de surpresa, aconteceu na quinta rodada, no GP de Mônaco. Um bom acerto do AMR 21 levou Vettel ao quinto lugar na corrida, com direito a bater, por exemplo, Lewis Hamilton, que sofreu com mais um etapa de falta de ritmo da Mercedes.

E a grande forma nas ruas foi corroborada pelo segundo lugar do alemão em Baku, até aqui o único pódio da temporada da Aston Martin, após a desclassificação na Hungria. Foi uma prova que poderia ter sido ainda melhor para o time, já que Stroll teve um furo de pneu e foi para o muro, mas revelava oficialmente que o carro, ainda que não fosse dos mais rápidos, ao menos ia muito bem no gerenciamento de pneus, aguentando stints enormes.

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A partir da corrida seguinte, a Aston Martin voltou para o meio do pelotão, com Stroll nunca terminando acima do oitavo lugar, e Vettel ganhando mais notoriedade fora do que dentro das pistas. Em Silverstone, o alemão ficou nas arquibancadas após a corrida para recolher o lixo deixado pelo público britânico, enquanto na Hungria tomou forte posição a favor dos direitos LGBTQIA+ em protesto contra a falta de direitos impostos pelo governo de direita de Viktor Orbán. Na pista, em Hungaroring, Seb deu show também, mas acabou desclassificado sem culpa alguma. Definitivamente, o alemão vai recuperando a confiança que perdeu na saída traumática da Ferrari.

Ainda assim, apesar dos pesares, a Aston Martin deve surpreender novamente de alguma forma no segundo semestre de seu ano de transição. Tom McCullough passou de engenheiro de pista para diretor de desempenho, o que lhe dará mais responsabilidade pelo trabalho de pista e fábrica. Andrew Green foi nomeado diretor técnico da equipe, e sob seu comando foi contratado Dan Fallows, que por anos atuou como chefe de aerodinâmica da Red Bull.

Diante de todo este movimento, e ainda sob o ótimo comando de Otmar Szafnauer, a Aston Martin tem as bases para sonhr com um pouco mais do que atual sétimo lugar no Mundial de Construtores. O time vem com 48 pontos, dos quais 30 foram marcados por Vettel e 18, por Stroll.

Para um futuro que parece brilhante a partir de 2022, com novo regulamento e forte investimento, resta saber se Sebastian será capaz de atingir a mesma qualidade daqueles anos com Fallows na Red Bull e se Stroll vai continuar dando conta do recado, ajudando o time a crescer.

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