Ativistas questionam “duas caras” da F1 sobre direitos humanos no Oriente Médio

A F1 segue alvo de críticas de grupos defensores dos direitos humanos, que apontam incoerência da categoria por cancelar a etapa da Rússia, mas manter as corridas no Oriente Médio, especialmente Bahrein e Arábia Saudita

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A guerra no leste europeu, desencadeada após a invasão da Rússia ao território ucraniano, causou muita repercussão no esporte a motor. Na Fórmula 1, o GP disputado em Sóchi foi cancelado, o russo Nikita Mazepin perdeu a vaga no grid e diversas demonstrações de paz foram dadas por pilotos e pela própria categoria nas redes sociais.

O Instituto por Direitos e Democracia no Bahrein [BIRD] afirma que a Fórmula 1 não dá a mesma atenção aos problemas do Oriente Médio. Em carta endereçada ao chefão Stefano Domenicali, a associação questiona o contrato de 15 anos feito com o país, além de apontar incoerências da categoria.

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O documento afirma que o contrato da F1 com o Bahrein “diretamente contraria as afirmações do ano passado [feitas por Domenicali] de que a categoria leva violência e abusos dos direitos humanos a sério”.

Bahrein recebeu testes e vai abrigar a abertura da F1 2022 (Foto: Williams)

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O texto, feito por Sayed Ahmed Alwadaei, diretor do BIRD, diz que a corrida “contribui para o abuso e sofrimento de individuais” e que a Fórmula 1 “falhou na possibilidade de adequadamente usar sua plataforma para encerrar o sofrimento dessas vítimas”.

O instituto, porém, ainda apoia a decisão de cancelar o contrato do GP da Rússia por conta da invasão ao território ucraniano, mas pontuou que a categoria é incoerente. “Há claramente um outro lado para os países do Oriente Médio”, afirma. Além do Bahrein, a Fórmula 1 corre na região em mais dois países: Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos. Os dois últimos, aliás, envolvidos em conflitos no Iêmen.

Em 2011, vale lembrar, a F1 cancelou o GP do Bahrein por conta de conflitos. Na época, o país fez parte de uma onda de protestos pró-democracia, assim como outros países da região e também do norte da África.

Procurada pela emissora britânica BBC, a Fórmula 1 se manifestou das acusações do BIRD através de um porta-voz. “Por décadas, a F1 trabalhou duro para ser uma força positiva em todos os lugares que corre, inclusive com benefícios econômicos, sociais e culturais”, frisou.

O governo do Bahrein também respondeu através de comunicando, afirmando que o reinado atual “lidera uma reforma pelos direitos humanos na região” e que a carta “é absurda e sem contexto”.

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