Caixa quase zerado, empréstimo e R$ 454 milhões: os detalhes da venda da Force India à Racing Point

A Force India precisou recorrer a um empréstimo do seu principal patrocinador para pagar os salários dos seus funcionários antes da aquisição pelo consórcio liderado por Lawrence Stroll. Os detalhes da transação foram revelados por documentos recém-divulgados

A Force India foi comprada pela Racing Point, nome usado pelo consórcio liderado por Lawrence Stroll, por £ 90 milhões, ou R$ 454 milhões na cotação atual. É o que diz um relatório divulgado pela empresa nomeada para administrar a equipe antes da venda para a Racing Point, formalizada em agosto, a FRP Advisory. Os documentos recém-divulgados relatam os detalhes de uma transação que é alvo de uma ação legal por parte da empresa russa Urakali, que questiona na justiça o valor da transação, por alegar que o preço oferecido para comprar a empresa foi maior que o lance vencedor, da Racing Point.
 
Segundo o relatório, o caixa da Force India antes da aquisição pelo consórcio, em 27 de julho, era de £ 240 mil, ou R$ 1 milhão. Pode parecer muito, mas tal quantia sequer cobria a folha salarial da equipe, que precisou fazer um empréstimo de emergência junto à sua patrocinadora principal, a empresa austríaca de tratamento hídrico BWT, que repassou £ 5 milhões, ou R$ 25 milhões na cotação atual. A quantia serviu para quitar os salários de julho e outros custos imediatos.
 
A FRP se defende da ação impetrada pela Urakali e diz que buscou uma solução rápida, ressaltando a necessidade urgente de vender a equipe, que tinha pela frente despesas na ordem de £ 9,6 milhões (R$ 48,4 milhões) em agosto e porque “membros-chave da equipe, que concluímos ser um dos ativos mais valiosos, eram objeto das ofertas de emprego de outras equipes”.
R$ 454 milhões foi o preço pago pelo consórcio liderado por Stroll pela Force India (Foto: Racing Point Force India)

A administradora revela também que recebeu mais de 20 manifestações de interesse, que foram reduzidas para cinco propostas formais até o prazo final, 6 de agosto. E dentre as propostas formais, a da Racing Point foi a única que contemplou em resgatar totalmente a equipe em funcionamento, enquanto as outras propostas envolviam apenas a compra dos negócios e ativos da empresa. Por isso, o consórcio liderado por Lawrence Stroll recebeu a prioridade e, mais tarde, foi autorizada a proceder o pagamento pela equipe.

 
Um dos primeiros movimentos do consórcio foi a obtenção de um empréstimo de £ 15 milhões (R$ 75 milhões) para poder quitar outro empréstimo, o feito pela equipe junto à BWT para quitar os pagamentos dos funcionários.
 
Segundo o relatório, a venda das ações para o consórcio dependia da aprovação dos bancos indianos credores de Vijay Mallya, envolvido em uma dívida bilionária no seu país natal. A operação, desta forma, não poderia ser concluída em tempo porque tal aprovação ainda não estava concluída. Então, a FRP optou por um modelo de venda dos ativos da equipe ao preço estabelecido de R$ 454 milhões. 
 
Ainda de acordo com a administradora, a decisão pela venda para o consórcio Racing Point “levou em conta a importância de manter os membros-chave e o fato de que a equipe retornaria em breve das suas férias de verão, com a próxima corrida na Bélgica acontecendo alguns dias após seu retorno”. Assim, a FRP justifica que tomou uma “decisão comercial para evitar o risco de uma perda significativa no valor dos negócios e ativos”.
 
Mas para que a negociação fosse em frente, era necessário que o consórcio quitasse todos os credores da Force India, exigência da FIA para que a equipe mantivesse sua atividade na sequência da temporada, ainda que com os pontos zerados a partir do GP da Bélgica. Assim, foram pagos £ 13,7 milhões à Mercedes (R$ 69,1 milhões), fornecedora oficial de motores, US$ 4 milhões (ou R$ 15,5 milhões) à Brockstone, que representa Sergio Pérez, em meio a um total de dívidas com credores de £ 28,5 milhões (R$ 143,8 milhões).
 
A administradora revela também que rejeitou uma alegação do antigo coproprietário, Vijay Mallya, de ser credor de nada menos que £ 159 milhões (R$ 802 milhões) e reconheceu que a dívida pendente da equipe com o empresário e a Sahara era de apenas £ 4,2 milhões (R$ 21,2 milhões).
 
Por fim, o relatório da FRP diz que ainda há algumas ações judiciais pendentes envolvendo a Force India, sobretudo relacionadas a comissões para a apresentação de patrocinadores. Uma delas, com valor estimado em £ 10 milhões (R$ 50 milhões), vai ser julgada em julho do ano que vem.
 
Na pista, a nova Racing Point Force India vai bem e, com apenas quatro corridas sob nova direção, já somou 35 pontos e ocupa o sétimo lugar no Mundial de Construtores, tendo potencial para, no mínimo, ganhar mais uma posição e ultrapassar a McLaren. Às vésperas do GP do Japão, a diferença entre as duas equipes é de 23 pontos. Restam cinco provas para o desfecho da temporada 2018.

O primeiro treino livre do GP do Japão está marcado para às 22h (de Brasília) desta quinta-feira. O GRANDE PRÊMIO acompanha tudo AO VIVO e em TEMPO REAL.

Chamada Chefão GP Chamada Chefão GP 🏁 O GRANDE PRÊMIO agora está no Comunidades WhatsApp. Clique aqui para participar e receber as notícias da Fórmula 1 direto no seu celular! Acesse as versões em espanhol e português-PT do GRANDE PRÊMIO, além dos parceiros Nosso Palestra e Teleguiado.