Choque? Grid de 2019 na Austrália repete padrão do de 2018. Certeza? Williams é pior do que se pensava

Tanto Mercedes como Ferrari revelaram enorme surpresa com o resultado da tabela de tempos da classificação do GP da Austrália, neste sábado (16). Não é para menos: o pole Lewis Hamilton colocou 0s7 em cima de Sebastian Vettel. Mas isso realmente foi uma surpresa? Talvez diante da expectativa que se formou depois da pré-temporada, mas a disputa pela posição de honra foi bem similar ao que aconteceu em 2018

2018: Lewis Hamilton domina classificação e crava pole-position do GP da Austrália em 1min21s164 – 0s674 de diferença para Sebastian Vettel, que fica em terceiro no grid. Max Verstappen põe a Red Bull em quarto, enquanto a Haas lidera um pelotão intermediário bem compacto, separado entre os que entraram no Q3 por menos de 0s4.
 
2019: Lewis Hamilton domina classificação e crava pole-position do GP da Austrália em 1min20s486 – 0s704 de diferença para Sebastian Vettel, que fica em terceiro no grid. Max Verstappen põe a Red Bull em quarto, enquanto a Haas lidera um pelotão intermediário bem compacto, separado entre os que entraram no Q3 por menos de 0s8.
 
Os cenários acima apenas confirmam que a F1 vê um ciclo se repetir em Melbourne. Mas por que, então, os protagonistas ficaram tão chocados e surpresos com a formação do grid de largada? A explicação mais simples: a grande expectativa em torno da pré-temporada e a consciência de que a Ferrari construíra um ótimo – talvez o melhor – carro para o Mundial que começa neste fim de semana. Então, quer dizer que os italianos perderam a mão? Ou que a Mercedes estava mesmo escondendo o jogo esse tempo todo? Não e não. A verdade é que, por mais que se passe a impressão de que a pré-temporada esteja errada, a Austrália tem uma pista única e não pode ser parâmetro ideal para entender a real diferença de performance entre as protagonistas do campeonato.
 
O Albert Park é um circuito de natureza peculiar. Um lugar muito diferente de Barcelona, que possui traçado mais técnico e tem curvas de todo tipo, descidas e subidas, novo asfalto e, à época dos testes, temperaturas bem mais baixas. Não à toa é a escolha das equipes. A pista australiana, que abre a disputa neste domingo, tem características que caem mais no gosto de Hamilton, principalmente. Na verdade, ao que parece, o campeonato ainda vai precisar de mais corridas antes que se entenda bem a disputa do título.
 
A Ferrari ainda tem um carro consistente e estável. Talvez, como Seb explicou, a equipe tenha perdido desempenho em curvas de baixa e média velocidade, mas a SF90 tem potencial, e isso fica claro na pilotagem limpa e ‘sem briga’ de seus pilotos. A real é que a esquadra italiana andou mais ou menos na mesma performance do ano passado. O único ponto de interrogação aí é entender por que razão a Haas se colocou mais perto da Ferrari do que a equipe italiana da Mercedes…  
Valtteri Bottas e Lewis Hamilton – a dobradinha da Mercedes no grid (Foto: Mercedes)
Talvez por isso a frase de Vettel seja tão emblemática: "Estou surpreso, como todo mundo aqui… Até mesmo eles."
 
A Red Bull – ainda a terceira força do grid – também teve performance semelhante. Em que pese o erro tático com Pierre Gasly na primeira fase da classificação, Max Verstappen apresentou a insolência de sempre para colocar a equipe na segunda fila – o que representou também a melhor classificação da Honda desde o retorno à F1. Ou seja, foi o mesmo padrão.
 
A Mercedes encontrou algo a mais, sem dúvida. Os alemães trabalharam muito entre a pré-temporada e o início deste fim de semana. O carro tem algumas partes novas, algumas peças aerodinâmicas que já foram testadas na Catalunha. Mas a questão é que Hamilton tem grande histórico nesse circuito, e os números são uma prova: seis poles consecutivas e oito na carreira – ninguém tem mais posições de honra em Melbourne do que ele. Além disso, em certas condições, Lewis é realmente imbatível e brinda os fãs com voltas como essa que lhe deu a garantia de comandar o pelotão neste domingo. 
 
Agora a corrida parece ser uma história diferente, especialmente diante desse padrão visto até aqui. Em 2018, o pentacampeão também obteve uma vantagem grande na classificação, mas acabou vendo Vettel vencer depois de uma manobra estratégica da Ferrari nos boxes. Uma vez atrás de Seb, Lewis não teve como recuperar a vantagem. Então, o senso de que estamos vendo mais do mesmo se dá nas palavras do chefe da esquadra, Toto Wolff. "Eu gostaria de seguir assim, mas não acho que isso seja algo que podemos esperar. Acredito que o campeonato será igualmente disputado como no ano passado. Só porque tivemos uma sexta-feira muito boa e um sábado excelente, isso não significa que será uma corrida fácil. Pelo contrário, vamos ter de nos esforçar ao máximo e não deixar pedra sob pedra."
 
A grande carta na manga dos prateados agora, na comparação com o ano passado, é que a equipe tem os dois carros na primeira fila e um Verstappen entre Vettel e Charles Leclerc.
Jogos de pneus de cada piloto para o GP da Austrália (Foto: Pirelli)
De fato, a Mercedes apresentou um desempenho muito melhor com os pneus vermelhos – os macios C4. Em ritmo de corrida, Hamilton foi até 1s mais veloz que Vettel. E esses são os pneus da largada – eles foram usados na parte intermediária da classificação. O que muda mesmo é a performance com os compostos médios – os amarelos C3. Nestas condições, a diferença cai para 0s1 em favor do ferrarista. A princípio, vai todo mundo para a mesma estratégia de uma única parada, percorrendo cerca de 27 voltas antes de parar e trocar para o composto amarelo, para ir até o final. A tática, embora justa, é uma tentativa de evitar riscos, uma vez que o Albert Park é um circuito de difícil ultrapassagem. 
 
A Pirelli até cogita um cenário de dois pit-stops, mas nenhum dos nomes do top-4 aparece com jogos de pneus vermelhos novos. Apenas de um set de C3 e um do C2 – o composto duro. Aliás, o único piloto entre as três principais equipes que pode ousar na estratégia é Pierre Gasly. O francês da Red Bull, que acabou fora ainda no Q1, tem na garagem quatro jogos de pneus vermelhos. 
 
O que tem mais? O pelotão intermediário também seguiu um certo padrão. A Haas se destacou tal como no ano passado. Desta vez, no entanto, Romain Grosjean (sexto) sai na frente de Kevin Magnussen (sétimo). Agora, a equipe norte-americana tem a chance de se redimir do ano passado e tenta reescrever sua história. E o enredo está tão similar a 2018 que a McLaren surgiu no top-10. Mas de forma menos aleatória: o estreante Lando Norris cravou o oitavo tempo, depois de passar com valentia pelo Q1 e Q2. O companheiro Carlos Sainz caiu ainda na primeira fase. A pergunta aqui é: será que a equipe inglesa evoluiu de vez? Ou repete o roteiro melancólico do ano passado?
Sebastian Vettel ficou a 0s7 de Hamilton (Foto: Ferrari)
Fecham o top-10: Kimi Räikkönen (Alfa Romeo) e Sergio Pérez (Racing Point). O finlandês deixou um pouco a desejar, especialmente diante do desempenho apresentado nos treinos livres. Já Pérez surpreendeu mesmo ao colocar o carro da nova equipe em uma posição da antiga Force India. Como decepção desta primeira classificação está Renault, de quem se esperava mais, e Toro Rosso, já que ambas sequer chegaram ao Q3. 
 
E a Williams, hein? Essa é a única certeza deste início de campeonato. A equipe inglesa até conseguiu encontrar algum alento em um carro com mais aderência. Mas o fato é que o FW42 nasceu errado e aí não há motor ou bons pilotos que resolvam. O cenário fica ainda pior quando George Russell, o melhor da dupla de Grove, diz que o carro “tem um problema fundamental e que vai levar meses para acertar”. Aliás, a esquadra é a única que piorou em relação a 2018, também mantendo um padrão, mas nada que possa se orgulhar. 

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