Coluna Apex, por Andre Jung: Dúvidas e Certezas

O GP da Bélgica quebrou o jejum de verão e trouxe consigo uma fornada de especulações. Nesse sentido, essa temporada, que encerra uma era, fornece elementos de sobra para que se criem cenários para 2014. Com as profundas transformações técnicas que a categoria irá sofrer, somadas aos diversos contratos que terminam nesse ano, o ambiente está propício para mudanças.

 

A vaga disponível da Red Bull é a cadeira que abriu a dança e, embora a equipe não tenha declarado quem irá ocupá-la, o clima que aproximava Kimi Räikkönen dos carros de Newey nitidamente esfriou. Ao que parece, a equipe não ofereceu a recompensa que o finlandês está pedindo para levar seu talento para lá.

 

A partir daí, as lentes se voltaram para Daniel Ricciardo, esse jovem australiano, que tem tido resultados razoáveis no time B do império dos energéticos; como a Austrália tem cadeira cativa na tabela do campeonato, faz sentido preservar um lugar importante para um representante da terra dos cangurus.

 

Mas se a equipe despediu o talentoso Alguersuari, apostar em Ricciardo não é lá muito coerente. Outra vaga que está em foco é o lugar de Felipe Massa. Paul Di Resta, Hülkenberg, Jules Bianchi e até o outrora defenestrado Kimi Raikkonen já entraram na roda, com maior ou menor destaque no noticiário premonitório.

 

Fato é que a McLaren, ao surpreender contratando o novato Sergio Pérez, deve servir de alerta para as outras equipes grandes. Poucos novatos conseguem pilotar para os times de ponta sem sentir o peso da camisa, e ‘Checo’, tão impressionante na Sauber, hoje vive um momento apagado e decepcionante.

Assim, Ricciardo na Red Bull e Bianchi ou Di Resta na Ferrari têm grande chance de vir a ser um tiro n’água. Esse é o principal fator a favor da permanência de Felipe Massa. Embora seu desempenho continue abaixo do que se espera, dele já se conhece bem a lealdade e o compromisso com a ‘Famiglia Ferrari’.

 

A corrida teve os bons momentos que um traçado de primeira proporciona. Mas o amplo domínio de Vettel jogou uma ducha fria em todos que esperavam ver o título de 2013 nas mãos de outro piloto e equipe; não há como contestar o favoritismo total do alemão.

 

No ponto em que estamos, só com um investimento de grande proporção Lotus, Ferrari e Mercedes (a McLaren, nem com esse investimento) podem vir a alcançar o desempenho atual do RB9, e a essa altura, com Vettel nadando de braçada, o mais importante é garantir um carro decente para 2014.

 

Räikkönen chegou na Bélgica no centro das atenções. Ora na Ferrari, ora na Lotus, McLaren e até mesmo ainda na Red Bull, o finlandês é a bola da vez,  está guiando o fino e tem total liberdade para negociar. Na véspera da prova, chegou a reclamar que a equipe está em dívida com ele. Seu cacife é alto, mas o tempo passa rápido. Enquanto isso, seu destino ainda vai render um bom suspense. Spa acabou com a incrível sequência de corridas na zona dos pontos do piloto da Lotus, um tipo de recorde que não sacia a ambição do finlandês.

 

Alonso foi o melhor piloto da prova, voltando a mostrar que vale cada centavo que a Ferrari gasta com ele. Fez uma primeira volta perfeita e depois foi superando um a um, menos Vettel. Como ele disse depois da prova, o segundo mais rápido chegou em segundo lugar.

 

Um carro que freia bem, traciona bem, tem ótimo downforce e velocidade de ponta, anda bem em circuito veloz, travado, de rua, técnico, pirotécnico ou o que for. Vettel está no melhor dos mundos. Só resta torcer para que as novas regras não sejam uma oportunidade para Adrian Newey ampliar ainda mais sua superioridade.

 

Enquanto isso…

 

… Van Der Garde teve seu momento de glória, foi ao Q2, classificou em 14º e teve o melhor desempenho entre os nanicos…

 

… O inverso do companheiro Charles Pic, que não teve jeito de fazer seu carro andar…

 

… A paciência da McLaren com Sergio Pérez parece que subiu no telhado.