Coluna Apex, por Andre Jung: Leituras e impressões

 

Celebração que não incluía o piloto da Red Bull, desolado com a segunda posição a que foi relegado pela própria equipe. A efusiva festa do inglês, que depois de um hiato de oito corridas fez as pazes com a vitória, contrastava com a ira contida do australiano. Nem a felicidade de Sergio Pérez, que viria a ser eleito Piloto do Dia, equilibrou a balança a favor da alegria. O desgosto de Daniel Ricciardo tinha o peso de um zepelim de chumbo.

 

Desde os treinos, quando a Red Bull mostrou que tinha carro pra vencer e a Ferrari de Sebastian Vettel acompanhava a briga, já se desenhava uma corrida emocionante. Com a chuva vindo de lambuja virou covardia.

 

Mônaco viu uma enxurrada de dramas. Daniil Kvyat, que ameaçou fazer uma grande corrida, já engasgou na volta de apresentação. Jolyon Palmer escorregou na faixa e estampou o guard-rail. Tiveram os enroscos também: Kvyat, desesperado para avançar depois de conseguir resolver o problema que o colocou no fundo do pelotão, encontrou Kevin Magnussen pela frente, outro que estava obcecado em avançar. Max Verstappen, assim como no ano passado, vinha fazendo uma prova espetacular, conseguindo diversas ultrapassagens improváveis e enchendo os olhos do público até que, como em 2015, vacilou e deixou a prova com um acidente, o terceiro dele no mesmo final de semana.

 

Sobrou até para a Sauber. Desesperada por dinheiro, a equipe agora enfrenta uma luta encarniçada dos seus pilotos para ver quem é o melhor do pior carro da temporada. Até aqui, o sueco tem levado clara vantagem, e, desse episódio, a parte mais amarga vai ficar com Felipe Nasr.

 

As escolhas dos boxes foram determinantes. Pilotos como Carlos Sainz, Valtteri Bottas e Vettel estiveram em posição para chegar bem mais à frente, entretanto não tiveram pista livre quando seus carros tinham melhores pneus. Do outro lado, Checo Pérez e Fernando Alonso foram perfeitos em aproveitar as oportunidades que seus colegas  deixaram.

 

Antes da prova, a McLaren chegou a anunciar que andaria muito bem no apertado traçado do principado, mas os treinos foram decepcionantes e, desde o primeiro momento, a equipe trabalhou pesado para atenuar os desequilíbrios que o carro apresentou. Com isso, Alonso conseguiu a façanha de ir ao Q3 e a equipe pôs os dois carros novamente na zona de pontuação. É pouco para uma Mclaren, mas pra chegar ao cume não tem atalho.

 

Não entendo que a atitude de Rosberg ao atender a determinação da equipe vá ter grandes consequências psicológicas. Um cara que venceu sete provas seguidas sabe como se faz para chegar na frente e não vai ser por conta disso que vai esquecer. Ele realmente estava num dia ruim e, quando é assim, paciência.

De volta a Ricciardo, a meu ver o melhor dos novos pilotos. Desde o início do ano vem andando muito forte e já foi tirado da liderança por furo de pneu, estratégia e erros primários. Em meio a esse conflito entre a sua performance e os resultados, desembarca no carro ao lado a mais jovem e fulgurante estrela dos últimos tempos. Aí, logo na primeira prova do rapaz, acontece a primeira vitória da Red Bull na temporada. E não é Daniel quem vence, é o garoto! E o garoto venceu porque escolheram a estratégia perdedora para o carro do australiano!

 

Então chegamos a Mônaco. Confiante e precisando valorizar seu taco, Ricciardo deixou claro no sábado que só a vitória o contentaria. No seco, largaria com a grande vantagem de ter pneus para um longo primeiro stint, mas a chuva veio para anular o bem engendrado plano de sábado. Ok, chuva? Disparou tranquilo até ser detido pelo safety-car. Sem problema, desde que ninguém vacilasse (e ele decididamente não iria vacilar), a corrida estava no bolso, desde que…

 

Acredito que a Red Bull voltou ao páreo. Nas últimas corridas demonstraram que vão andar na frente o ano todo. Se trabalharem para Verstappen ajudar o australiano, existe uma boa chance de levarem esse caneco. Acho que o maior recado desse GP de Mônaco não foi de Hamilton para Rosberg e, sim, de Ricciardo para os dois.

 

Enquanto isso…

 

…ainda que tenham lenha pra queimar, parece que Button e Räikkönen já estão em tempo de arrumar as malas…

 

…Vandoorne está tinindo para entrar e a Ferrari precisa se renovar…

 

…assim como Grosjean, Pérez também deu a volta por cima.